Notícias

Itapema FM  | 19/01/2016 15h23min

Disco novo de Lobão desce mais fácil com misericórdia do que com rigor

Cantor deixa o palanque para revisitar sonoridade dos anos 70 em álbum gravado via financiamento coletivo

Atualizada às 15h28min Emerson Gasperin  |  emerson.gasperir@diario.com.br

Nos últimos anos, Lobão só foi notícia por conta de suas posições políticas. Os poucos singles que gravou reforçavam a obsessão com o tema, rebatendo alguma crítica aqui, provocando algum desafeto ali. No apagar das luzes de 2015, o artista enfim lançou um álbum de inéditas, algo que não fazia desde 2005. Como é de praxe em tudo o que o envolve, O Rigor e a Misericórdia foi precedido de toda uma retórica promocional. “Meu primeiro disco sem maneirismo algum, sem procurar nada externo, sem medo de ir buscar nas minhas profundezas a minha verdadeira essência”, escreveu sobre o processo solitário de criação e gravação.



Na campanha de financiamento coletivo na internet para viabilizar o trabalho, Lobão anunciou que seria sua resposta aos artistas que duvidam de sua capacidade e de sua indignação, “uma prova categórica de pertencimento a este país, sua história e sua cultura”. Uma das recompensas a quem contribuísse com no mínimo R$ 20 era o convite para um grupo fechado em uma rede social formado por “pessoas renomadas falando sobre política, música e o momento que o Brasil vive”. O nome surgiu de um ensaio do filósofo Olavo de Carvalho, um dos neoamigos cultivados em sua guinada à direita.

Mesmo assim, Lobão quer que seu 17º trabalho seja avaliado pela música, não pela postura ideológica. De fato, apenas duas faixas – A Marcha dos Infames e A Posse dos Impostores – atacam diretamente o governo. As demais filosofam sobre a morte (do pai em Ação Fantasmagórica; da cunhada em A Esperança É a Praia de um Outro Mar), a vida, o universo e tudo o mais. A rigor, é um disco que revisita sonoridades da década de 1970 e as traduz de um jeito muito peculiar. Tendo misericórdia, o melhor que se pode dizer é que, com seu histrionismo, Lobão lembra um Rogério Skylab sem senso de humor.



3 discos que você não ouviu em 2015

Astronauts, etc., Mind Out Wandering
| Como o patrão Toro Y Moi, em seu projeto solo o tecladista Anthony Ferraro apresenta cadências e timbres influenciados pelo soft rock e soul branco setentista – pense em Steely Dan ou, para citar um colega contemporâneo, Mayer Hawthorne. Embarque na espaçonave com I Know, Shake It Loose ou If I Run.



Frevotron | DJ Dolores, Maestro Spok e Yuri Queiroga encaram o desafio de trazer o ritmo de seu Pernambuco natal – o centenário frevo – para a atualidade. Para ajudá-los na missão, convocam Otto, Jorge do Peixe, Lira e MC sombra, entre outros. Nem sempre dá resultado, mas quando funciona é uma beleza. Disponível para download gratuito aqui.



Frabin, Real | Em paralelo ao Rascal Experience (uma das boas novidades da cena catarinense), o guitarrista e vocalista Victor Fari investe em um indie pop caprichado, no qual há lugar até para duas canções em português, Em Vão e Desabrigo. Embora peque por uma certa falta de originalidade, isso é a última coisa que incomoda os fãs do estilo.

Facebook / Reprodução

Artista dá um tempo na política para lançar seu 17º trabalho, em que toca todos os intrumentos
Foto:  Facebook  /  Reprodução


Comente esta matéria
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

Grupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009
clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.