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Itapema FM  | 11/01/2016 08h04min

Exposição em São Paulo dimensionou trajetória de David Bowie como ícone da cultura pop

Mostra que veio ao Brasil em 2014 circulou pelo mundo mostrando objetos pessoais e ilustrando trânsito do artista por música, cinema, teatro e artes visuais

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

Era o espaço apropriado para abrigar uma exposição dedicada a David Bowie: Museu da Imagem e do Som. Porque nenhum outro artista na cultura pop representa como ele, em criação, longevidade, influência e reconhecimento, a harmonia entre as artes visual e musical.

>> Confira galeria de imagens da exposição David Bowie, em São Paulo
>> Assista trechos de vídeos que estão na exposição sobre David Bowie

A mostra apresentou 300 peças que dimensionam a trajetória de Bowie para além de sua carreira como cantor e compositor.

Primeira grande retrospectiva dedicada ao artista, a exposição David Bowie chegou à capital paulista, em 2014, logo após a temporada de estreia no Victoria and Albert Museum, em Londres, onde ficou em cartaz entre março e agosto de 2013. Os curadores Victoria Broackes e Geoffrey Marsh tiveram livre acesso ao The David Bowie Archive e de lá pinçaram uma memorabilia de arrancar lágrimas dos fãs – mas que também permite aos não iniciados no universo Bowie ter noção da sua estatura.

A exposição é organizada de forma temática, e não cronológica. A primeira parada por entre dezenas de salas e corredores do museu, que estava abarrotado de gente e com uma longa fila na entrada durante a visita de Zero Hora, apresenta a fase Space Oddity (1969), segundo disco de Bowie, inspirado na viagem do homem à Lua. Destacam-se nesse espaço um trabalho do artista gráfico húngaro Victor Vasarely, expoente da arte óptica, usado por Bowie na capa do álbum e o minissintetizador Stylophone Dubreq, com o qual foram produzidos efeitos sonoros no estúdio. Na mesma sala, está o icônico macacão bufante e assimétrico de vinil Tokyo Pop, criação do estilista japonês Kansai Yamamoto para Bowie vestir na turnê de Aladdin Sane (1973) – no total, estão espalhados pela exposição 47 figurinos usados pelo músico em diferentes épocas.

A partir daí, a caminhada é guiada por peças que destacam as referências culturais, estéticas e conceituais que moldaram a persona e as criações de Bowie ao longo de décadas, até sua volta à ativa em 2013, após 10 anos de retiro, com o disco The Next Day. Fones de ouvido de alta qualidade são entregues na entrada, pois o deleite visual é complementado com o impacto sonoro – o sistema identifica a posição do visitante e aciona o som correspondente, de uma música ou de um depoimento relacionado ao objeto em análise.

Chama a atenção perceber como Bowie reciclou influências tão diversas, que vão do milenar teatro japonês kabuki aos movimentos de vanguarda dos quais emergiriam o dadaísmo e o surrealismo, da literatura fantástica ao jazz, dos cabarés da Berlim dos anos 1920 ao folk e ao rock'n'roll, para se tornar ele próprio um original semeador de tendências na música, na moda e no comportamento.

Percorrer a exposição, portanto, permite conhecer melhor não apenas Bowie, mas ter contato com um panorama dos momentos mais representativos da arte no século 20.

Veja galeria com imagens da exposição "David Bowie":

A toca do camaleão

Após percorrer as dezenas de espaços que exibem a memorabilia de David Bowie no MIS, em São Paulo, o visitante depara com a grande sala na qual estão expostos alguns dos mais icônicos figurinos usados por ele entre os anos 1960 e 2000. É hora também de ouvir na íntegra, sem os fones de ouvido, em um volume que simula estar à frente de Bowie em um show do começo da década de 1970, versões ao vivo de Rock 'n' Roll Suicide, Sweet Thing e Jean Genie. Veja outros destaques da mostra:

Manuscritos

Bowie tem o costume de anotar tudo o que pode lhe render uma futura inspiração, em folhas avulsas, cadernos e até guardanapos. Além de fragmentos de futuras letras, bilhetes a amigos e músicos e croquis com conceitos visuais de discos, espetáculos e figurinos, a exposição destaca os manuscritos dos versos de Starman, Ziggy Stardust e Heroes, entre outras canções emblemáticas.

Juventude

A última sala da exposição relembra o ambiente em que Bowie nasceu, em 8 de janeiro de 1947: Brixton, região de Londres afetada pelos bombardeios da II Guerra. Estão neste espaço fotos e cartazes das bandas que ele integrou antes da carreira solo, como a The Kon-rads, aos 16 anos, o saxofone que ganhou do pai e o primeiro violão, usado no disco Space Oddity (1969).

Cinema

Um telão destaca a presença de Bowie, desde os anos 1960, em filmes elogiados como O Homem que Caiu na Terra (1976), de Nicolas Roeg, Furyo – Em Nome da Honra (1983), de Nagisa Oshima, e Basquiat – Traços de uma Vida (1996), de Julian Schnabel, no qual ele viveu o artista plástico Andy Warhol. São lembradas ainda aventuras musicais como Labirinto – A Magia do Tempo (1986), de Jim Henson.

Moda

Bowie sempre esteve associado a renomados estilistas. Kansai Yamamoto foi o parceiro das fases Ziggy Stardust e Alladin Sane, com seus principais figurinos – peças icônicas do glam rock, presentes na exposição. Também podem ser vistos o pierrô criado por Natasha Korniloff para o clipe de Ashes to Ashes e trajes assinados por nomes como Freddie Buretti, Thierry Mugler, Alexander McQueen e Hedi Slimane.

Livro

Com a exposição, ganha lançamento no Brasil o livro-catálogo David Bowie (MIS/Cosac Naify, 320 páginas, preço médio de R$ 120). A requintada publicação detalha, com fotografias e manuscritos inéditos, a trajetória completa de Bowie da infância ao lançamento de seu mais recente disco, The Next Day (2013). É anunciado como o primeiro livro produzido com acesso irrestrito ao arquivo pessoal de Bowie.

gil vicente / Divulgação

Videoclipes, cenas de shows, figurinos, manuscritos e objetos pessoais estão entre os 300 itens que destacam a vida, a obra e a influência de David Bowie
Foto:  gil vicente  /  Divulgação


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