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Itapema FM  | 03/12/2015 04h08min

Gustavo Brigatti: o sabor rançoso de "Fallout 4"

Título da Bethesda impressiona pelo tamanho e imersão, mas apresenta motor gráfico incompatível com a atual geração

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Não deve ser coincidência que Fallout 4 se passe no futuro do passado. Porque bastam algumas poucas horas de jogo para sacar que estamos diante de um produto velho – com tudo o que isso pode ter de bom e de ruim.

Criada no final dos anos 1990, Fallout foi das franquias que melhor souberam trabalhar o conceito de mundo aberto em um RPG. Focado em um cenário pós-apocalíptico que misturava Mad Max com o desastre da usina atômica russa de Chernobyl, o jogo oferecia ao jogador imensa e variada área a ser explorada e repleta de figuras bizarras e lacônicas. Sem contar um inédito sistema de progressão de personagem e liberdade de escolha que tinha alguma influência real no desenvolver do jogo. Fez sucesso, criou uma legião de fãs e teve duas continuações canônicas (1998 e 2008) e um elogiado derivado (New Vegas, 2010), além de spin-offs.

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Depois de muita especulação e alguns problemas internos, a Bethesda anunciou Fallout 4 e investiu em uma gigantesca campanha de marketing viral – incluindo um divertido joguinho de celular. Lançado, o jogo recebeu resenhas positivas, especialmente por manter o que tinha de melhor em sua origem: liberdade para o jogador, tonelada de conteúdo extra e boa dose desafio. Além de tornar o combate mais divertido e esperto, acrescentando um interessante sistema de mira em câmera lenta.

O problema é que a desenvolvedora também não evoluiu seu motor gráfico para ficar à altura da atual geração de consoles e PCs. Como resultado, Fallout 4 parece – tal qual seu universo fictício – saído do passado. Seus personagens exibem expressões toscas, movimentação grosseira e texturas pobres. Falta definição para o cenário também. A primeira impressão é de falta de polimento, mas a quantidade de glitchs entrega que faltou mesmo foi cuidado. Parece um lançamento às pressas de algo que estava há muito tempo guardado ou em desenvolvimento e por isso perdeu o timing – tipo o The Endless River, do Pink Floyd, sabe?

Quem consegue superar esses problemas vai encontrar horas – muitas horas – de entretenimento. Pode botar aí umas boas cinco ou seis só para pegar o jeito de customizar equipamentos e armas e construir assentamentos. É possível ficar de bobeira, explorando o cenário, conversando com a rica fauna de habitantes das terras devastadas, cumprindo missões paralelas ou cozinhando ensopados de bichos mutantes – se é isso que você espera de um jogo, claro.

Porém, término de algumas horas, fica aquele gosto meio rançoso na ponta dos dedos. Se Fallout 4 tivesse sido lançado logo na sequência do terceiro, por 2009, 2010, seria fácil um dos jogos do ano. Mas, agora, ele bate de frente com títulos como Metal Gear Solid 5 – The Phantom Pain, The Witcher 3 e até Just Cause 3. Jogos que podem não oferecer tanto conteúdo quanto Fallout 4, mas são bem mais refinados e, por assim dizer, saborosos.

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