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Itapema FM  | 23/11/2015 14h46min

Festival de Fotografia Floripa na Foto começa nesta terça (24)

Quarta edição do evento reúne fotógrafos, curadores, artistas e público em geral para apreciar e discutir o pensar fotográfico

Diorgenes Pandini  |  d.pandini@diariocatarinense.com.br

Não foi à toa que László Moholy-Nagy, um dos representantes do movimento artístico de Bauhaus, disse a célebre frase: "o analfabeto do futuro não será quem não sabe escrever, e sim quem não sabe fotografar". Ele já antevia no modernismo a necessidade de se pensar a imagem. A fotografia é uma das linguagens mais populares da contemporaneidade. Essa forma de expressão, já tão absorvida no nosso cotidiano, é uma constante cada vez mais popular em festivais de todo o mundo. É o quarto ano que ocorre na Capital o Festival Floripa na Foto. O evento começa nesta terça-feira (24), com a abertura de exposições no Museu da Escola Catarinense (MEC) à noite e workshops durante o dia, e termina no sábado (28).

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O encontro reúne fotógrafos, curadores, artistas, produtores, pesquisadores e interessados no mundo da imagem. A produtora do evento, Maria Lucila Horn, explica que o festival é uma forma de oxigenar os pensamentos e mudar o nosso olhar a respeito do fazer fotográfico, o que proporciona uma troca de experiências e intercâmbios com outros fotógrafos e pensamentos.

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O festival é um oásis para aqueles que buscam desenvolver e refletir sobre um pensar fotográfico. A temática principal dessa edição é "Porque acreditamos na criação fotográfica consciente-sensível-cultural-generosa". Uma afirmação que busca clarear as ideias sobre aptidão e criatividade como algo não divino, resultado das discussões, estudos, conexões e todo e qualquer fator que possa influenciar o autor. Nove workshops serão ministrados até sábado com nomes prestigiados na fotografia brasileira, como Marcelo Greco, Avani Stein, Lauro Maeda, Cláudio Brandão, Laura Lavergne, Clício Barroso, Guy Veloso e Claúdio Feijó, este último, autor de um dos workshops mais procurados nos festivais em todo Brasil, o Descondicionamento do Olhar.

O encontro proporciona exercícios, dinâmicas e vivências (como jogos, rodas, dramatizações e técnicas de sensibilização) que resgatam o contato direto com as sensações e emoções, recuperando nossos sentimentos suprimidos e reavendo a nossa humanidade perdida. É uma oficina indicada não só a fotógrafos, mas todos em busca inspiração e mudanças de percepção da vida. Ao total, 80 pessoas estão inscritas nas oficinas e nas leituras de portfólio, mas ainda há vagas. Os valores para cada  oficina variam de R$350 a R$540.

Foto de Jorge Luiz Santos Garcia, um dos convidados do festival


A artista catarinense Liliam Barbon, em parceria com a professora de dança Diana Solari, ministram uma oficina gratuita com a temática Espelho e Memória.

- Este workshop mistura diversas linguagens artísticas: a dança, a poesia, a música e a fotografia em uma ação compartilhada pelos participantes.O objetivo é que eles se envolvam de tal forma com o ato fotográfico que possam capturar com o corpo e com a câmera todo o tempo proposto pelo ato de fotografar _ diz Lílian.

DESENVOLVIMENTO CRÍTICO

A leitura de portfólio, um dos carros chefes de eventos dessa natureza, coloca fotógrafos de todos os níveis em contato direto com grandes nomes da fotografia. Nesta edição, os autores e críticos responsáveis pelas leituras são Clicio Barroso, Guy Veloso, Marcelo Greco e Boris Kossoy, fotógrafo e historiador, responsável por resgatar e registrar a história da fotografia no Brasil, que esse ano comemora cinco décadas de contato com a imagem. Dentre suas reflexões publicadas, podemos destacar o Realidade e Ficções na Trama Fotográfica, um pensar sobre a produção e análise da fotografia em nivel filosófico e o livro Hércules Florence: a descoberta isolada da fotografia no Brasil. 

Ao mesmo tempo em que Joseph Nicéphore Niépce descobriu como fixar imagens em uma superfície sensibilizada na  frança em 1826, o que viria a ser a base para toda a fotografia; em terra tupiniquins, o francês naturalizado no Brasil também descobre um processo próprio de fixação da imagem. São apenas duas dos mais de dez livros que colocam Kossoy como um dos mais importantes historiadores sobre a fotografia no Brasil.

Além das oficinas e leituras de portfólio, o eventro traz palestras gratuitas abertas a toda a comunidade. No dia 26, pela manhã, José Francisco Alves falará sobre o direito autoral na era da apropriação (quase massiva) da imagem fotográfica. À noite, Marcelo Greco discorre sobre Um percurso pessoal: 15 anos de Fotografia de Autor. No dia seguinte, Danny Bitttencourt, autora do livro sobre fotografia fineart, conversa sobre a temática na parte da manhã e a noite  Guy Veloso aborda fotografia e religiosidade popular.

CENTRO HISTÓRICO ABRAÇA O FESTIVAL

_ Escolhemos concentrar os eventos no Centro Histórico de Florianópolis ao encontro das tentativas e ações de revitalização da região como ambiente cultural que os produtores de Florianópolis estão buscando. Por isso, estamos em parceria com a Feira de Artes, a FAF, com a Tralharia, com o Varal da Trajano, com o Museu Escola Catarinense, entre outros _ afirma Maria Lúcia Horn.

Ao concentrar os eventos do festival no Centro da cidade, o palco do festival se aproxima dos grandes Paraty em Foco, no Rio de Janeiro, e do Foto em Pauta, de Tiradentes (MG), cidades tombadas como patrimônio histórico.

Foto de Guy Veloso, que ministra workshop sobre fotografia documental


O Floripa na Foto foi produzido sem patrocínio pela segunda vez consecutiva. Na tentativa de bancar os custos, utilizaram o financiamento coletivo como uma das ferramentas de arrecadar dinheiro.

_ Não houve uma repercussão muito grande, mas ficamos lisongeados ao ver grandes personalidades da fotografia no Brasil, como os organizadores dos dois maiores festivais de fotografia brasileira, falando da importância de festivais como o nosso existir e mobilizando as pessoas para ajudarem. O que reafirma nosso posicionamento sobre o pensar fotográfico. Se fizéssemos festivais focados mais em técnica ou segmentos mais comerciais teríamos mais investimento e dinheiro. Mas a ideia é discutir o pensar fotográfico. Há pessoas que fotografam e não reconhecem sua própria produção. Qual a minha identidade como fotógrafo? Eu fotografo e depois, e daí? _ complementa Maria Lucia.

AGENDE-SE

O quê: 4ª Edição do Festival de Fotografia Floripa na Foto
Quando: 24 a 28 de novembro
Onde: Museu da Escola Catarinense (Rua Saldanha Marinho, 196, Centro, Florianópolis)
Quanto: gratuito para palestras, exposições e encontro com livros de autor. Workshops a partir de R$ 350 e Leitura de Portfólio a partir de R$250
Informações e programação: http://floripanafoto.com/

DIÁRIO CATARINENSE
Lauro Maeda / Divulgação

Autor da foto Lauro Maeda realiza o workshop Uma expedição a luz natural a partir de terça (24)
Foto:  Lauro Maeda  /  Divulgação


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