Tem quem diga que os Rolling Stones são hoje covers de si mesmos. Que seus shows, baseados em canções dos anos 1960 e 1970, emanam bolor. Que Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ron Wood formam uma empresa multinacional com turnês caça-níqueis – em 2013, faturaram US$ 126 milhões com apenas 23 shows.

Mas até os que torcem o nariz para os vovôs roqueiros são obrigados a reconhecer que os Stones ainda comandam os melhores espetáculos de rock do planeta, tocando exatamente o que seus milhões de fãs de diferentes gerações querem e do jeito que esperam ouvir. Que, em cima do palco, fazem qualquer um se sentir um moleque com hormônios em ebulição e cheio de energia para queimar. E que, apesar de não fazerem discos tão brilhantes como no passado, seguem gravando discos dignos.

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Quem tem acompanhado os Stones ao vivo desde 2012, quando voltaram à estrada para celebrar os 50 anos da banda e apresentar a coletânea GRRR!, com 50 hits e as inéditas Doom and Gloom e One More Shot, sabe que eles estão fazendo shows antológicos, que se colocam entre os melhores de sua longeva trajetória – como a antológica performance no Festival de Glastonbury, na Inglaterra, em 2013, fascinando a jovem plateia o ofuscando os mais estrelados ídolos da música pop.

Após meses de especulação e anos de espera, Stones confirmam shows no Brasil

A vinda dos Stones a Porto Alegre, no dia 2 de março, no Beira-Rio, integra a Olé Tour 2016, desdobramento para a América Latina da excursão interrompida no dia 15 de julho em Quebec. Eles já passaram por Estados Unidos, Europa e Oriente Médio, com shows em estádios lotados e festivais que reuniram mais de 700 mil pessoas.

No meio disso, Mick Jagger e Keith Richards, a tensão explosiva da qual se alimenta a banda, completaram 70 anos. Jagger encarou a traumática morte da namorada, a estilista americana L’Wren Scott, 49 anos – o suicídio dela, por enforcamento, em março deste ano, fez a banda cancelar as apresentações na Ásia e na Oceania. Richards lançou em 2015 seu elogiado novo disco solo, Crosseyed Heart, e ganhou um bom documentário disponível na Netflix.

Antes de começar o giro pelo Brasil – com shows também no Rio, dia 20 de fevereiro, e em São Paulo, 24 e 27 –, passam por Chile, Argentina e Uruguai. E, depois da Capital, embarcam para Peru, Colômbia e México. Segundo o site da banda, as vendas de ingressos começam no dia 9 de novembro, próxima segunda-feira.

O anúncio no site oficial da banda que confirmou a muito esperada turnê brasileira foi acompanhado por um vídeo com imagens da América Latina e depoimentos dos membros da banda. Jagger lembra: “Faz uns 10 anos que tocamos na América Latina. Mal posso esperar para voltar”.

Richards destaca: “Os fãs da América Latina são alguns dos melhores que existem, o ambiente é elétrico. As pessoas diziam há 30 anos que faríamos nossa última turnê. Não acreditamos que algum dia iremos parar”. A mais recente vinda dos Rolling Stones ao Brasil foi em 2006, quando lotaram a praia de Copacabana com mais de 1,5 milhão de pessoas.

Os Stones têm apresentado nos shows entre 18 e 20 músicas, em um repertório que privilegia a melhor fase de seu cancioneiro. Além dos clássicos dos anos 1960 e 1970, como Gimme Shelter, Honky Tonk Women, o hino (I Can’t Get No) Satisfaction, Brown Sugar e Jumpin’ Jack Flash, aparecem no set list faixas como Start Me Up (1981) e Out of Control (1998).

Dos anos 2000, tem sido incluída somente Doom and Gloom, o single da coletânea GRRR!. Reforçando a conexão com seus fãs, a banda tem feito votações online para o público escolher uma música do repertório. O público gaúcho terá, assim, a chance de montar um repertório que poderá incluir canções exclusivas. Façam suas listas.

Este foi o repertório do show do dia 15 de julho em Quebéc, no Canadá, que encerrou a turnê da banda na América do Norte:

Start Me Up
It’s Only Rock ‘n’ Roll (But I Like It)
All Down the Line
Tumbling Dice
Street Fighting Man
Wild Horses
Bitch
Honky Tonk Women
Before They Make Me Run
Happy
Midnight Rambler
Miss You
Gimme Shelter
Jumpin’ Jack Flash
Sympathy for the Devil
Brown Sugar

Bis:
You Can’t Always Get What You Want
(I Can’t Get No) Satisfaction

Em outras apresentações, houve troca de canções por faixas como All Down the Line, You Got Me Rocking, Out of Control, Can’t You Hear Me Knocking e Let’s Spend the Night Together.