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Itapema FM  | 05/11/2015 14h02min

Especial 007: Andrey Lehnemann destaca melhores e piores momentos da franquia do espião James Bond

Crítico de cinema do DC entra no clima do grande lançamento da semana: '007 contra Spectre'

Andrey Lehnemann*  |  clickfilmes@yahoo.com.br

Com 24 filmes oficiais lançados (26, caso contemos o alternativo de Sean Connery e o primeiro com Peter Sellers), uma das franquias mais longas da história do cinema nos apresenta outra vez James Bond em conflito direto com seu nêmeses, o líder da organização terrorista Spectre. O papel que já foi eternizado por Anthony Dawson ficou nas mãos de outro ator com um overacting inconfundível, Christoph Waltz. No novo capítulo, 007 contra Spectre, estreia da semana em circuito nacional, o agente é suspenso por M, após entrar numa missão sem conhecimento da coroa. Fugindo da própria agência, ele continua a investigação pessoal sobre a Spectre, a fim de encontrar seu líder.

Leia a primeira coluna de Andrey Lehnemann

A metáfora

Apesar de defender as cores inglesas, James Bond representa o sonho do homem americano de 60: bem arrumado, galanteador, vive em meio de jogos, cigarros, mulheres, bebidas e defende bravamente seu país. A época da Guerra Fria foi certamente um momento em que os americanos e seus aliados tinham de ser vistos combatendo seus inimigos com destreza e inteligência — seja nos quadrinhos (como esquecer a popular publicação que colocou o Superman defendendo a América contra os soviéticos?), na televisão ou no cinema. Nos primeiros longas, não à toa, somos apresentados a um agente britânico leal à sua pátria, desconfiado de tudo ao redor e que luta contra homens "descontrolados" que tentam terminar um período de paz com o poderoso armamento que envolve bombas, foguetes e planos de dominação mundial.

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Os atores

Não é de hoje que estúdios enfrentam problemas com atores e suas declarações, como o que vem ocorrendo com Daniel Craig, que afirmou não querer mais contato algum com o papel. O contrato com George Lazenby, por exemplo, era de pelo menos dois filmes. Mas devido aos problemas de insubordinação e bebida, bem "bondianos", as relações com o australiano foram cortadas antes da hora. Hoje, poucos fãs do agente lembram do período vivido por ele. Apagado da memória, igualmente, foi Timothy Dalton, que ficou por dois longas, nos quais Bond lida com a morte do melhor amigo e entra numa jornada intimista sobre a sua liberdade para matar. A proposta era até interessante, mas nunca bem executada.

Abaixo, os três melhores atores a interpretar 007:

3. Pierce Brosnan

Embora sabotado por roteiros cada vez mais alegóricos, a estreia de Pierce Brosnan na pele do agente da coroa deu o que falar. Foi evidente o tato do ator com o espião, expondo-nos uma união entre a arrogância masculina de Connery e o charme malicioso de Moore. Os melhores: GoldenEye e O Amanhã Nunca Morre.

2. Roger Moore

Dono de um timing impecável e acrescentando ao agente um sarcasmo que era pouco visto até então, o ator inglês aplicou uma curiosidade e um magnetismo sexual que caiu como uma luva numa era bem mais espirituosa das aventuras de James Bond. Os melhores: O Espião que me Amava e Somente para seus Olhos.

1. Sean Connery

É o suprassumo da masculinidade arrogante, imponente, quase misógina. Mantendo uma aparência imaculável desde a sua primeira aparição em Dr. No, onde surge com as unhas perfeitas e uma elegância ímpar na condução do jogo de cartas, Connery definiu a frieza e a precisão cirúrgica de James Bond, além de conferir simpatia a um homem que não merecia nenhuma. Os melhores: Moscou contra 007 e 007 contra o Satânico Dr. No.

Os melhores filmes

Embora o fracasso de George Lazenby como Bond seja evidente, e o filme tenha falhado na bilheteria, 007 – A Serviço de sua Majestade é um dos melhores longas do agente com licença para matar. Da mesma forma que Cassino Royale, no qual a relação entre Craig e Eva Green parece amolecer um homem que está sempre fugindo de si mesmo e seus sentimentos, Lazenby encontrou em Diana Rigg uma parceira inesquecível – fazendo com que aceitássemos um casamento entre os dois. E se o tom emocional é o que mais cativa na obra de 69, na era de Connery é a ação contínua que enche os olhos, fazendo com que Moscou contra 007 seja o melhor de sua filmografia. Moore é lembrado, ao seu tempo, por O Espião que me Amava, outro que retorna com uma mulher forte na pele da agente interpretada por Barbara Bach. E se Brosnan teve um grande começo com GoldenEye e o Amanhã Nunca Morre, Craig foi beneficiado pela crueza de seus exemplares. Cassino Royale e Skyfall certamente entram na lista dos cinco melhores da franquia, que seguem abaixo:

5. Cassino Royale

Não há charme ou bondade na primeira aparição do James Bond de Daniel Craig. É apenas a brutalidade escancarada nos socos, na perseguição a pé, na luta no banheiro. O grito de socorro dos fãs, após a era circense de Brosnan, havia sido atendido.

4. O Espião que me Amava

Com o fim da rigidez e frieza perpetuadas por Connery, o brilhante Roger Moore encontrava definitivamente o tom do personagem na peculiaridade com que encarava a vida e as missões, quase como um bon vivant, algo que torna seu interesse e prazer pela companhia da agente de Barbara Bach muito mais genuínos.

3. 007 – A Serviço de sua Majestade

O filme em que James Bond decide se casar. Se isso não fosse o bastante, um dos primeiros filmes da franquia que é categórico com o sofrimento do agente, o qual está sempre precisando seguir em frente, pois, se parar, algo será tirado dele.

2. Moscou contra 007

O nome é Bond. James Bond. Ainda que a concepção inicial seja interessante, com os espectadores sendo cúmplices de um treinamento para matar James Bond, é o filme que definitivamente apresenta os clichês que seriam tão reverenciados ao decorrer da franquia – os carros, as mulheres, as explosões, a lealdade, a busca por controle e poder.

1. Skyfall

Introduzindo uma visão mais autoral para a franquia, Sam Mendes (Beleza Americana, Estrada para Perdição) humaniza ao máximo seu personagem para poder trabalhar com sua autodestruição no decorrer da narrativa. Claro que as grandes explosões, ação desenfreada (o início com a perseguição sobre um trem é excepcional), perseguições de carro e mulheres deslumbrantes também estão presentes, mas o mais importante para Mendes é adaptar o agente à sua própria visão. Assim, aliado com a fotografia brilhante de Roger Deakins (que produz cenas lindíssimas em contraluz), o diretor executa tomadas que apresentam 007 de uma maneira bem mais próxima à realidade: alguém que tem o instinto patriótico acima da própria sobrevivência.

Para esquecer

Os castelos de gelo, carros invisíveis, vilões que não sentem dor e James Bond surfando em CGI nos filmes da Era Brosnan.

As canções-temas

Se a canção de Sam Smith, Writing's On The Wall, não agradou o público (ainda que instrumentalmente seja uma continuação lógica e bela de Skyfall), não são poucas as músicas que foram instrumentos importantes nas narrativas do agente, ao dar o tom do filme já nos créditos. A seguir, as que considero as cinco melhores da franquia:

5. GoldenEye, de Tina Turner

Iniciando a era Brosnan com sua sofisticação, charme e virilidade, a essência da canção composta por Bono Vox e The Edge apresentava exatamente a mudança do mundo perverso e complexo de Dalton para tons mais pops, ainda que, ao mesmo tempo, eficazes, nos trechos: "Não há tempo para doçura, mas um amargo beijo pode o fazer ficar de joelhos / o meu tempo chegou".

4. Skyfall, de Adele

Após o rock'n'roll da chegada de Daniel Craig, e os traços que intermediam a ascensão e queda do agente em Quantum of Solace, Adele emprestava sua voz para cantar uma das maiores canções da franquia, ao destacar o mundo submerso que James Bond vive, numa solidão cada vez mais evidente. O tempo chegou para ele, e seu período na pele do britânico. Já o conhecemos, definitivamente: "Você pode ter meu número, o meu nome, mas nunca terá meu coração".

3. You Know my Name, de Chris Cornell

Em um castelo de cartas prestes a desmoronar, o James Bond loiro pode ser uma novidade, mas ele continua o mesmo - você pode não gostar do que vê, porém sabe seu nome. É o convite para percorrer uma nova estrada de sangue, tragédias, assassinatos. "Você está disposto a morrer (?)", pergunta um trecho de seu refrão.

2. Live and Let Die, de Paul McCartney

No refrão imortal de McCartney, a essência do agente: viver, deixar morrer, pois há um trabalho que precisa ser feito. Nem o mundo de constante mudança ressaltado pela música fez com que esquecêssemos do trabalho primoroso do Beatle, que criou um hino para filmes de ação e espionagem.

1. Nobody Does it Better, de Carly Simon

Indicada ao Oscar, a canção sensual e romântica de Carly Simon destacava o período de Roger Moore como nenhuma outra conseguiu. Mais, acrescentou confiança ao agente em sua missão mais complicada na franquia, eternizou uma parceria bem-vinda e disse o que já sabíamos: "Ninguém consegue fazer metade do que você faz."

DIÁRIO CATARINENSE
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