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Itapema FM  | 05/11/2015 04h03min

Gustavo Brigatti: a batalha pelas pontas dos seus dedos

Compra da King pela Activision por quase US$ 6 bilhões mostra o tamanho e a força do mercado de games mobile

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Esqueça consoles de última geração. Esqueça PCs que custam o preço de um carro popular. Nada é (e continuará sendo) tão lucrativo quanto mobile games. Isso mesmo, joguinhos de celular, meu amigo. Aqueles que você brinca casualmente na sala de espera do consultório ou mata o tempo durante uma viagem mais longa. É uma indústria que vem crescendo, mas que nesta semana deu um duplo twist carpado com a compra da King pela Activision pela bagatela de US$ 5,9 bilhões.

A King, você sabe, é a produtora de um dos títulos mobile de maior sucesso no mundo, o Candy Crush Saga. A empresa, com base na Irlanda, abriu suas portas em 2003, mas só entrou pra valer no jogo em 2011, quando descobriu que era mais fácil canibalizar ideias que já existiam do que criar algo do zero. O modelo do CCS, do tabuleiro onde se empilham itens iguais para somar pontos, nunca foi novidade – remete, no mínimo, ao jurássico Tetris, que o russo Alexey Pajitnov lançou em 1984.

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O que fez Candy Crush dar tão mais certo que outros que vieram antes oferecendo exatamente o mesmo sistema de jogo (como Bejeweled, de 2001) segue um mistério. Fato é que a King não se preocupou mais em fugir dessa mecânica, lançando uma série de outros games idênticos (e que fazem tão sucesso quanto), como Pet Rescue, Heroes Farm, Pepper Panic, Diamond Digger e Scrubby Dubby.

O resultado é, óbvio, muito dinheiro sendo movimentado: em 2014, apenas o Candy Crush gerou uma receita em torno de US$ 1,33 bilhão – e estamos falando de um jogo gratuito, ou seja, a maior parte desse dinheiro veio de jogadores que abriram suas carteiras porque quiseram, não porque precisavam. Isso faz da King a 10ª companhia mais lucrativa do mundos dos games, à frente de gente do calibre da Nintendo e da Disney, por exemplo.

Mas não é dinheiro que a Activision, produtora da multimilionária franquia Call of Duty, quer. Pense em outras transações tão impressionantes quanto essa, como a compra de Minecraft pela Microsoft (US$ 2,5 bi) ou do Oculus Rift pelo Facebook (US$ 2 bi). No primeiro caso, o interesse era em um gerador de conteúdo como nunca se viu (há mais vídeos de Minecraft que de música no YouTube), enquanto o segundo foi a aquisição de tecnologia de ponta. Mas e no caso da King, que pe praticamente uma usina de reciclagem de jogos? Dados, meus amigos.

A base de dados da King é mastodôntica. Seus títulos são jogados por 1,5 bilhão de pessoas por dia em todo o mundo, que oferecem de bandeja informações sobre seus hábitos de jogo – diamantes valiosíssimos para quem deseja se dar bem em um ambiente tão rico quanto disputado como o mercado mobile. O que a Activision comprou foi um pacotaço de gente com o qual ela vai poder extrair o melhor de várias situações.

Para se ter uma ideia, segundo relatório da consultoria Adjust, usuários de celular passam até 10 vezes mais tempo brincando com games do que em outros aplicativos – tudo devidamente absorvido e transformado em estatística para fazer com que esse número se multiplique ao infinito.

A entrada de um gigante como a Activision nesse jogo indica que a coisa vai ficar ainda mais séria – e bem menos doce para a concorrência.

SEGUNDO CADERNO
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