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Itapema FM  | 17/09/2015 03h01min

Relembre os melhores momentos da história do Rock in Rio

De apresentações antológicas a agressividade entre músicos, o festival cabe como crônica da evolução do pop rock nacional e internacional

Atualizada em 23/09/2015 às 12h03min Segundo Caderno  |  segundo.caderno@zerohora.com.br

O Rock in Rio celebra a partir desta sexta-feira os 30 anos do festival que colocou o Brasil na rota dos grandes espetáculos internacionais e deu impulso ao pop rock nacional. Relembre momentos marcantes, desde a primeira edição do evento, que reuniu 1,4 milhão de pessoas em meio ao processo de redemocratização do país.

1985
Por Marcelo Perrone

Queen, o amor da plateia


Love of my Life foi gravada pelo Queen no disco A Night at the Opera (1975) e, deste então, passou a representar nos shows do grupo britânico um momento de emocionante interação com a plateia. Essa canção estabeleceu um vínculo especial com o público brasileiro. O primeiro encontro foi em 1981, quando Freddie Mercury regeu o Estádio do Morumbi nos dois shows do Queen em São Paulo.  As duas apresentações da banda no Rock in Rio, porém, consagraram o coro de Love of my Life como simbólico para o festival e para o quarteto. A recepção encontrada no Rio naquele janeiro de 1985 teve grande impacto na trajetória do Queen, que, à época, apesar do grande sucesso de faixas novas como Radio Ga Ga e I Want to Break Free, enfrentava turbulências internas. O efeito revigorante da passagem pelo Rock in Rio, fato sempre destacado pelos integrantes do grupo, seria complementado pela apoteótica apresentação, meses depois, no concerto beneficente Live Aid, no Estádio de Wembley, em Londres.

Uma multidão



Ao reunir 1,4 milhão de pessoas para assistir a 29 artistas nacionais e internacionais dos mais diferentes gêneros ao longo de 10 dias, o Rock in Rio tornou-se, na avaliação da imprensa estrangeira, o evento de maior concentração popular no mundo junto com os Jogos Olímpicos. Na última semana do festival, a área de 300 mil metros quadrados, localizada em Jacarepaguá, transformou-se em um imenso lamaçal. Em meio à maratona, que chegou ao fim embalada pela viagem sonora do Yes, um novo Brasil nasceu para engatinhar rumo a uma democracia plena. A partir de então, o país passou a ser iluminado pelas luzes dos grandes shows internacionais.

E assim surgiram os "metaleiros"

Quem gosta de heavy metal nunca digeriu a expressão "metaleiro" popularizada na cobertura do Rock in Rio pela Rede Globo. Mas foi assim que ficaram conhecidos os fãs, em geral cabeludos, que festejaram a lista de atrações que testariam tímpanos e amplificadores na Cidade do Rock. No auge de suas carreiras, desembarcaram no Brasil grupos como Iron Maiden, AC/DC e Scorpions, o morcegão Ozzy Osbourne e mais o Whitesnake, convocado em cima do laço para substituir o Def Leppard – em dezembro de 1984, o baterista desta banda, Rick Allen, perdeu o braço esquerdo em um acidente de carro. O ápice da celebração heavy metal foi a noite de 19 de janeiro, um sábado, quando subiram ao palco Whitesnake, Ozzy, Scorpions e AC/DC – após a dupla Baby Consuelo e Pepeu Gomes e o tremendão Erasmo Carlos encararem a turba que fazia chifrinhos como os dedos diante deles.

O dia nasceu feliz

"Que o dia nasça lindo para todo mundo amanhã, com um Brasil novo." Assim falou Cazuza quando o Barão Vermelho encerrou, com Pro Dia Nascer Feliz, o primeiro de seus dois shows no Rock in Rio de 1985. O clima na noite daquela terça-feira, 15 de janeiro, era de emoção e celebração por conta de um fato histórico. No começo da tarde, em Brasília, Tancredo Neves havia sido anunciado pelo Colégio Eleitoral como o primeiro presidente civil do Brasil após 21 anos de ditadura militar. A catártica apresentação do Barão Vermelho em meio ao verde e amarelo que se impunham na colorida multidão refletia o começo de uma nova era para o pop rock brasileiro. Aguardados como meros coadjuvantes em meio a artistas internacionais consagrados, nomes como Os Paralamas do Sucesso e Kid Abelha também desfizeram a desconfiança com apresentações vibrantes que impulsionaram suas carreiras e ajudaram a consolidar o espaço que se abria para aquela geração nas rádios e gravadoras.

1991
Por Jaime Silva 

 
Uma banda no auge

No Rock in Rio de 1991, agora realizado no Maracanã, não faltaram boas bandas, mas nenhuma foi tão esperada e aclamada quanto o Guns N' Roses. Vivendo o auge da popularidade no Brasil, graças ao megahit Knocking on Heaven's Door, que foi incluído até em trilha de novela, Axl e companhia foram atração principal em duas noites no festival, dias 20 e 23 de janeiro (reza a lenda que a banda não chegou a dormir nestes três dias de intervalo...). Quem viu pessoalmente ou pela TV pôde testemunhar um grupo vigoroso, que mostrou em primeira mão várias músicas que estariam nos álbuns Use Your Illusion I e II, e o novo baterista, Matt Sorum, além de sucessos como Sweet Child O' Mine e Paradise City.

Gaúchos no festival



A segunda edição do Rock in Rio foi a primeira a contar com gaúchos no elenco. Foram três nomes, que tocaram em dias diferentes: Engenheiros do Hawaii, Nenhum de Nós e Laura Finocchiaro, selecionada para se apresentar por meio do concurso Escalada do Rock. Ainda com a formação clássica e escudados pelo sucesso do álbum ao vivo Alívio Imediato, os Engenheiros fizeram um dos shows nacionais mais saudados pelo público naquele festival. O Nenhum de Nós também fez bonito executando as já então bem conhecidas Camila, Camila e Astronauta de Mármore, entre outras.

Vaia e chuva de objetos



A organização do festival não aprendeu com as vaias do público em 1985 a artistas que pareciam deslocados entre as atrações internacionais – foi o caso de, entre outros, Erasmo Carlos e Ney Matogrosso. Em 1991, novamente foi colocado um estranho no ninho na noite dedicada ao heavy metal. Escalado para tocar depois de Sepultura e antes de Megadeth, Queensrÿche, Judas Priest e Guns N' Roses, Lobão executou apenas uma música e meia antes de xingar o público e deixar o palco sob vaias e uma chuva de objetos.

Fama no Brasil



Se houve um zebra na segunda edição do festival, o título aplica-se ao Faith No More. Poucos conheciam a banda, a não ser pela faixa Epic, e quase ninguém acreditava que o grupo californiano poderia se destacar em uma noite com Billy Idol e Guns N' Roses. Ledo engano. Graças à performance incendiária do vocalista Mike Patton e à qualidade do repertório, baseada no hoje clássico álbum The Real Thing, o "Fenemê", como ficou conhecido entre os fãs, conquistou o público, tornando-se maior no Brasil do que nos EUA.
 
 
2001
Por
 Priscila de Martini
 
Guns x Oasis



Os irmãos Gallagher, do Oasis, são conhecidos pelo ego inflado e pelas atitudes nada amistosas. Imagina, então, eles fazerem o show de abertura de um festival para outra banda? Foi o que aconteceu na terceira noite do Rock in Rio 2001, estrelada por um Guns N' Roses de volta após uma década. Na coletiva de imprensa, ao ser perguntado sobre o que seria para ele um mundo melhor, Liam Gallagher provocou: "Um ar mais puro e nada de armas e rosas". Já na apresentação do grupo inglês, boa parte dos espectadores gritou o tempo inteiro o nome da banda de Axl Rose, irritando os irmãos no palco. Mas tudo isso não impediu que dois dos maiores hits do Oasis, Wonderwall e Don't Look Back in Anger, fossem entoados em uníssono pelo público. Ao final, Liam dedicou Rock'n'Roll Star a "Mister Rose", que, por sua vez, fez um longo show com direito até a bateria de escola de samba.
 
Olha a água mineral



Rock e axé não têm nada a ver, né? Os organizadores do Rock in Rio acharam que sim e decidiram colocar Carlinhos Brown na mesma noite de Guns N' Roses e Oasis. Quando cantava A Namorada, o baiano encarou fortes vaias do público, que começou a jogar garrafas de água no palco. Brown tentou apelar para frases de efeito, como "Pode jogar o que você quiser que nada me atinge. Eu sou da paz!" e "Vocês que gostam de rock têm muito o que aprender na vida, aprender a respeitar o ser humano". Só conseguiu ganhar mais vaias e garrafadas.

Britney Spears



Mesmo no auge da carreira e com um dos shows mais esperados do festival em 2001, Britney Spears decepcionou os cerca de 250 mil espectadores na noite pop do evento. A megaprodução e as coreografias elaboradas não compensaram o fato de Britney ter apelado ao playback em sua apresentação. A cantora ter empunhado uma bandeira dos Estados Unidos durante uma das músicas também irritou o público. Resultado: muitas vaias para a intérprete de Oops!… I Did It Again e Baby One More Time, que tinha apenas 19 anos.
 
 
2011
Por Roger Lerina

 
"Ô-ô-ô-ô-ô..."



A banda inglesa Coldplay fez um espetáculo emocionante e envolvente: o primeiro desbunde geral foi com a dobradinha Yellow e In My Place, com direito a chuva de borboletas de papel voando do palco para a plateia. O clímax do show foi em Viva la Vida, com 100 mil pessoas fazendo coro para o vocalista Chris Martin. No bis, veio a consagradíssima Clocks _ seguida por versinhos de Rehab, de Amy Winehouse _, a balada de cortar os pulsos Fix You e Every Teardrop Is a Waterfall. Depois de uma hora e meia, os músicos encerraram a apresentação, mas o povo não: o refrão "Ô-ô-ô-ô-ô" de Viva la Vida seguiu animando a Cidade do Rock mesmo sem o acompanhamento do grupo.
 
Katy Perry x Rihanna



Para a dupla de divas pop Katy Perry e Rihanna, imagem é tudo. À frente de um cenário que parecia saído de uma peça infantil, Katy fez um show sexy e divertido, em que brincou com imagens kitsch e do teatro burlesco. O público fez coro em hits como Hot N' Cold, California Girls, Firework e I Kissed a Girl. Já Rihanna subiu ao palco com quase duas horas de atraso. Com figurino e coreografias provocativas, animou a galera com uma performance que incluiu até um tanque de guerra cor-de-rosa.
 
Rápido, muito rápido



Headliner da noite dedicada ao heavy metal, o Metallica lavou a alma dos roqueiros tocando seus petardos que se alternam de ritmo no meio da música _ de rápido para muito rápido para mais rápido ainda para rapidíssimo. Depois da tradicional introdução de The Ecstasy of Gold, do compositor italiano Ennio Morricone, o quarteto americano emendou os clássicos Creeping Death e For Whom the Bell Tolls. O repertório matador incluiu ainda One, Master of Puppets, Nothing Else Matters, Enter Sandman, I Am Evil?, Whiplash e Seek and Destroy – todas entoadas pelo rebanho de discípulos do Deus Metal.

2013
Por Gustavo Brigatti 

 
The Boss



Estreando no Rock in Rio, o músico americano Bruce Springsteen fez o que estava acostumado a fazer: testar a resistência física do público. Em um show de quase três horas, The Boss tocou na íntegra o disco Born in the USA (1984), um dos seus trabalhos mais conhecidos – que tem, além da faixa-título, Dancing in the Dark e Glory Days – e também de canções da turnê do disco que estava lançando, "Wrecking Ball". Teve espaço para Sociedade Alternativa, hit de Raul Seixas. À vontade, Springsteen desceu para conversar com o público e chamou gente para o palco.
 
Quase funk



Estrela que debutava no festival, Beyoncé foi escalada para fechar a primeira noite do festival - que teve ainda Ivete Sangalo e David Guetta. Mesmo focado no então recém-lançado álbum 4, o show trouxe os principais sucessos da carreira da diva pop, como Single Ladies, Irreplaceable e Crazy in Love. No palco, Beyoncé trocou de roupa uma meia-dúzia de vezes e conquistou o público com muita interação e referências ao funk – numa delas, causou frisson ao tentar executar o "quadradinho" em um trecho do Passinho do Volante (Funk do Lelek).

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