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Itapema FM  | 09/09/2015 10h33min

Livro resgata a história do primeiro hospital psiquiátrico de Joinville

'Memórias da Loucura em Joinville' é fruto da pesquisa de seis estudantes de psicologia sob a coordenação de Mariana Pasqualotto e Allan Gomes

Cláudia Morriesen  |  claudia.morriesen@an.com.br

As ruínas do Hospital Oscar Schneider foram sepultadas pelo Cemitério Municipal de Joinville. As lembranças daquele que foi o primeiro manicômio da cidade – e o segundo do Estado – também estavam esquecidas em documentos e antigas matérias de jornal até que a mestranda em psicologia Mariana Zabot Pasqualotto e o professor e doutorando em psicologia Allan Henrique Gomes decidiram resgatá-las.

Elas formam um dossiê importante sobre o último momento da história em que as doenças mentais foram vistas sob o espectro da ameaça e do estranhamento, numa época em que os estudos sobre o tema estavam muito distantes do atual. 

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Com a colaboração de seis estudantes de psicologia da ACE, Mariana e Allan organizaram o livro Memórias da Loucura em Joinville: o (des)aparecimento do Abrigo Municipal de Alienados na Cidade, lançado no fim de agosto. A pesquisa recorda a trajetória das instituições em que, desde a criação da Colônia Dona Francisca, eram mantidos aqueles considerados loucos, até a abertura, em 1923, do Abrigo Municipal de Alienados Oscar Schneider.

– Na época, não havia tratamento. A ideia era isolar as pessoas do convívio social – explica Mariana. – Hoje, entende-se que a loucura é produzida socialmente e o que era considerado loucura em um momento da história, depois não é mais.

Neste contexto, pessoas com qualquer tipo de deficiência física e mental eram candidatas a serem removidas de suas vidas para tornarem-se internas. Em uma das fichas encontradas no livro de registros do abrigo, por exemplo, uma paciente tinha como motivo o simples fato de ser muda.



Local indesejado

O Abrigo Municipal de Alienados Oscar Schneider foi inaugurado após a morte do ex-prefeito de Joinville que lhe dava nome. Ele idealizou o local pensando em dar aos doentes mentais da cidade um tratamento digno.

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O endereço atual seria a rua Borba Gato, no bairro Atiradores, distante do centro urbano da Joinville da década de 1920 e próximo do Cemitério Municipal, que, com o tempo, precisou ser ampliado e hoje utiliza o terreno onde ficava o prédio do hospital.

Não demorou muito para que as condições precárias e a superlotação virassem motivo de reclamações e pauta dos jornais. Na ausência de outras opções na região – já que o único hospital psiquiátrico existente em Santa Catarina era o de Azambuja, em Brusque –, pessoas de todos os municípios e até do Paraná eram enviadas para o abrigo joinvilense.

A solução chegaria apenas em 1942, quando foi inaugurada a Colônia Santana, em São José. A “casa de loucos” se tornaria, nos três anos seguintes, a prisão dos alemães considerados perigosos pelo governo durante a Segunda Guerra Mundial.

– Parece que esta é uma história que Joinville quer esquecer, porque quase não se fala sobre este lugar – diz Mariana.

O livro Memórias da Loucura em Joinville foi lançado pela Editora Refidim com apoio do edital do Sistema Municipal pelo Desenvolvimento da Cultura de Joinville (Simdec), da Fundação Cultural. Ele está à venda por R$ 15 na clínica de psicologia da ACE (rua São José, 490, Anita Garibaldi).

A NOTÍCIA
Leo Munhoz / Agencia RBS

A co-organizada do livro, Mariana Pasqualotto, no local onde funcionava o Abrigo Municipal: o terreno do Cemitério Municipal
Foto:  Leo Munhoz  /  Agencia RBS


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