Entre idas e vindas causadas pela insegurança de orçamento, a Mostra de Teatro de Joinville – Cena não desanimou. O fato de o ano passado ter sido de palco vazio – o evento não foi realizado por falta de verba – só deu quórum à sua importância para a cidade. A Cena 11 foi transformada em manifesto artístico e estado de greve para que a 12ª e as próximas se fortaleçam.

Se para 2014 a organizadora, a Associação Joinvilense de Teatro (Ajote) amargou a não aprovação no Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura de Joinville (Simdec), principal fonte de recursos até então, e a não colaboração de empresas via Lei Rouanet, a edição atual conta com um amparo financeiro duplo. Além de R$ 40 mil do edital municipal, outros R$ 21 mil foram garantidos pelo Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura.

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O valor está longe de colocar de pé tudo o que Ajote pretendia – a entidade tentou captar, sem sucesso, pelo menos 20% dos R$ 120 mil aprovados via Lei Rouanet –, mas ainda assim entrega ao público, de sexta-feira até o dia 29, espetáculos que prezam pela qualidade e pelo caráter formativo do qual a Cena sempre se orgulhou. O primeiro sinal desse crescimento é que, pela primeira vez, os grupos locais que compõem 80% da programação passaram por curadoria.

Além de respeitarem o critério primordial de nunca terem sido apresentados em edições anteriores da mostra, as seis peças das companhias de Joinville, escolhidos pelos curadores Mauro Zanatta (Curitiba) e Fátima Costa de Lima (Florianópolis), somam pontos em competência técnica, relevância social, formação artística e pesquisa de linguagem.

Os três convidados seguem a mesma lógica, com o adendo de servirem de referência para os grupos locais.

– Buscamos trazer trabalhos que contribuam com o que está sendo produzido atualmente na cidade. O convite para o carioca As Marias da Graça (com Tem Areia no Maiô) tem a ver com este momento forte da linguagem do clown em Joinville. Já o espetáculo de rua Este Lado para Cima (da Companhia Brava, de São Paulo) apresenta um formato e temática (política) pouco explorados pelos grupos daqui – explica o presidente da associação, Cássio Correia.

De quebra, a Cena traz um ator premiado. Celso Frateschi, conhecido também por papéis na TV, apresenta o monólogo dramático Horácio, com o Ágora Teatro, do qual é fundador. A peça, obra de Heiner Müller, um dos principais dramaturgos e escritores da Alemanha, rendeu a ele o Prêmio Shell de Melhor Ator.

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Debates e lançamentos

Grande parte das sessões ocorrerá no Galpão de Teatro da Ajote (anexo à Cidadela Cultural Antarctica). Apenas a abertura, conduzida pela companhia convidada As Marias da Graça, nesta sexta, será no Teatro Juarez Machado, e a encenação de Este Lado para Cima – Isto Não É um Espetáculo, da Brava Companhia, como um bom espetáculo de rua, ocupará o entorno do Museu de Arte de Joinville (MAJ), neste domingo.

A programação também inclui debates, bate-papos, lançamentos de livros e uma exposição no Shopping Mueller. Os seis grupos locais encontrarão o público na As- sociação de Artistas Plásticos de Joinville (Aaplaj), integrada à Cidadela Cultural, em horários alternativos, para debater suas peças.

No dia 24 (segunda), único em que não haverá apresentações, um bate-papo intitulado Cena Aberta ampliará a discussão sobre prática teatral, experiência e criação, com participação de Jucca Rodrigues, Celso Frateschi e Fátima Saadi. O evento será na praça de eventos do Shopping Mueller, às 20h. É no Mueller também que ocorrerá a exposição Cena – Mostra de Teatro de Joinville – Fragmentos, com 13 quadros sobre a história de cada uma das edições.

Oito autores ainda apresentarão obras relacionadas à quinta arte. Os lançamentos, sessões de autógrafos e vendas de exemplares ocorrerão duas horas antes de iniciarem as sessões no Galpão do Teatro. Apenas a distribuição e assinaturas com Edson Burg, autor de Fragmentos de Cenas – Dez Edições da Mostra de Teatro de Joinville, serão no dia 24, às 18h, no Shopping Mueller.