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Itapema FM  | 23/06/2015 16h45min

Lenine: "Uma das coisas que eu faço melhor é reunir gente"

Em entrevista à Itapema, o músico, que se apresenta em Floripa no próximo dia 4, falou sobre seu trabalho mais recente, "Carbono"

Marina Martini Lopes  |  marina.lopes@itapemafm.com.br

Lenine atende ao telefone se desculpando pelo atraso na entrevista - e explica que a confusão do dia se deu porque, logo depois do telefonema, ele iria viajar para fazer um show. Onde? Em Paris, onde o festival lusófono Folisboa reúne artistas portugueses e brasileiros para celebrar nosso idioma. Lenine fala "preciso viajar para Paris ainda hoje" como quem diz "preciso ir ao mercado aqui do bairro" - com uma calma inabalável, que nos faz esquecer qualquer possível atraso ou confusão em que, ele diz, seu dia estava mergulhado. E foi com essa serenidade e nada de pressa que o músico conversou comigo; sobre o álbum Carbono, lançado no final de março, e o show de mesmo nome, que estreou um mês depois - e chega a Florianópolis no dia 4 de julho, para uma apresentação no P12, em Jurerê Internacional.

Itapema: Como é o show Carbono? O que o público que for assistir à apresentação em Florianópolis pode esperar?
Lenine: Ah, o disco Carbono é meu filho novo, né? (risos) Então, no show, eu priorizo as novas músicas, os meninos que nasceram há pouco. Carbono tem muitas peculiaridades, muitas coisas diferentes dos meus trabalhos anteriores. A principal é que eu fiz o álbum e a apresentação meio simultaneamente, e as duas coisas são muito diversas: na gravação você tem que entrar e trabalhar em um ambiente meio estéril, quase hospitalar. Depois você leva esse material para o show, e precisa transformar aquilo tudo em uma celebração. São dois 'fazeres' diferentes. Eu queria que as pessoas já entrassem no primeiro show com o disco, então gravei tudo em dois meses, lancei o disco e tive um mês para preparar a apresentação. Então foi um mergulho profundo em Carbono, quase uma apneia, assim. (risos)

Itapema: Como foi gravar Carbono em apenas dois meses?
Lenine: Eu não sei, eu sei que foi. (risos) Sabe, quando eu decidi começar, ainda havia muitos pedidos de shows para o projeto Chão [sétimo disco de estúdio de Lenine, lançado em outubro de 2011] - então eu percebi que, se não amputasse esse projeto de uma vez, continuaria nele para sempre. Estaria fazendo apresentações de Chão até agora. (risos) Uma coisa é que, quando eu faço um álbum, eu procuro fazer um romance sonoro, e não uma coletânea de contos. Porque um compositor está sempre compondo - aí um dia ele pára, seleciona algumas faixas e fala "vou gravar essa e essa e essa". Fazer isso me dava a impressão de estar gravando vários contos diferentes; além de estar gravando um eu de ontem, e não de agora. Então já faz um tempo que eu inverti o processo: eu imagino um ambiente sonoro, crio um título, e escrevo as músicas a partir daí. É como escrever um romance, realmente; e as canções são os capítulos.

Itapema: O álbum conta com diversas parcerias. Como é trabalhar com tanta gente? Como conciliar as ideias, as inspirações, os estilos, para dar origem a um trabalho coeso?
Lenine: Essa é uma boa pergunta. (risos) Como dizem, ter a ideia é fácil, realizar é que é difícil. Podia ter dado tudo errado, né? Podia acontecer da maneira errada. Mas não aconteceu. Carbono é uma reunião de amigos criadores, que eu fui fazendo ao longo dos anos. Eu já tinha experiências anteriores com quase todos eles. Isso facilitou muito. Acho que essa facilidade acontece por causa de confiança, cumplicidade sonora. A canção que abre o disco, Castanho, diz 'O que eu sou, eu sou em par, não cheguei sozinho' - e essa ideia de coletivo reverbera por todo o álbum. Acho que uma das coisas que eu faço melhor é reunir gente, intuir essas misturas. Também sou um cara muito sortudo: tenho a sorte de ter essas pessoas ao meu lado. (risos) O título Carbono foi escolhido por causa de uma das características desse elemento, que é a alotropia - uma habilidade para se ligar a qualquer coisa e se transmutar. Isso define o que eu faço.

Itapema: O disco foi gravado em várias cidades, certo? Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Amsterdã...
Lenine: Isso. Cada faixa foi gravada com uma mecânica diferente, às vezes em locais diferentes, de acordo com as pessoas e os objetivos. No nosso canal no YouTube, nós fomos registrando esse processo. O que é mais legal é que no primeiro show eu achava que as pessoas ainda não conheceriam as músicas, já que o disco foi lançado simultaneamente, mas o público acompanhava as melodias, cantava alguns trechos - só de acompanhar esse registro das gravações na internet. Isso foi muito bacana.

Itapema: Você consegue imaginar até onde vai essa turnê, ou quanto tempo deve trabalhar com esse projeto?
Lenine: Eu descobri que cada projeto meu tem um tempo de vida útil de mais ou menos três anos. Eu aproveito um certo interesse que a minha música desperta no exterior para conciliar com o meu interesse em descobrir o mundo, então acabo viajando bastante com cada projeto. (risos) Depois a gente descobre o que vem em seguida.

Serviço
Jurerê Jazz apresenta Lenine - "Carbono"
Quando: Dia 4 de julho, sábado, das 16h às 22h
Onde: P12 Parador Internacional, em Jurerê Internacional
Ingressos: À venda no site Ecco!Pass, por R$ 80 (com opção de meia-entrada)
Promoção: Itapema

ITAPEMA SC
Hugo Prata / Divulgação

"'Carbono' é uma reunião de amigos criadores, que eu fui fazendo ao longo dos anos", conta Lenine
Foto:  Hugo Prata  /  Divulgação


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