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Itapema FM  | 21/04/2015 13h49min

Duo Assad se apresenta em Florianópolis nesta quinta-feira e em Blumenau nesta sexta

A dupla formada pelo irmãos Sérgio e Odair Assad é considerada a melhor do mundo

Marina Martini Lopes  |  marina.lopes@itapemafm.com.br

Os irmãos Sérgio e Odair Assad já foram definidos por publicações como o Washington Post como "o melhor duo de violões que já existiu, talvez em toda a história" - e isso é só um exemplo da relevância e do alcance do trabalho do Duo Assad, que em 2015 comemora 50 anos de carreira. Desde o dia 9 e até o próximo dia 29, os músicos celebram o cinquentenário com uma turnê pelo Brasil, onde apresentam também o repertório do álbum O Clássico Violão Popular Brasileiro, lançado no iTunes mês passado. Em maio, a turnê segue para os Estados Unidos.

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Residindo - respectivamente - nos Estados Unidos e na Bélgica desde os anos 80, Sérgio e Odair se apresentam pelo mundo em recitais, com orquestras e ao lado de grandes nomes internacionais, como Yo Yo Ma, Paquito D'Rivera e Nadja Sonnenberg, além de serem professores em importantes conservatórios.

Com mais de 15 CDs lançados, já conquistaram o Grammy algumas vezes. O programa da atual turnê traz na primeira parte obras emblemáticas, representativas do repertório que consagrou o duo internacionalmente, em uma equilibrada escolha entre o clássico e o popular. A segunda parte é totalmente dedicada ao novo disco, O Clássico Violão Popular Brasileiro, que reúne João Pernambuco e Paulo Bellinati, Canhoto e Paulo Porto Alegre, entre outros músicos eruditos e populares. O trabalho traça um panorama do violão no Brasil.

A integração entre clássico e popular, presente tanto no álbum quanto na turnê, é mais natural que intencional. No Brasil, é praticamente impossível criar uma barreira entre os dois estilos.

- No Brasil, quem toca violão clássico sempre toca o popular, porque o violão popular é muito forte - afirma Sérgio.

- O Brasil é bastante único nesse sentido, porque tem uma música muito violonística - concorda Odair.

Abaixo, confira parte da entrevista com os músicos:

Como foi a escolha do repertório para o último disco e para esta turnê?
Sérgio - No CD, nós escolhemos por importância histórica: começamos pelos alicerces da música do violão brasileiro e fomos avançando, sempre tentando associar o violão clássico e o popular. A gente quis contar a história de como foi estruturado o violão, então os nomes mais atuais acabaram ficando de fora. Talvez fosse necessário fazer um segundo disco para essa parte. (risos) Foi uma coincidência feliz o lançamento do disco com o aniversário de 50 anos de carreira - no início, nós não tínhamos nem percebido que ia coincidir. Para o show, pensamos em músicas que fizeram parte da nossa carreira. Também tem um pouco de um retorno ao que tocávamos com nosso pai quando éramos crianças.

Vivendo tão longe um do outro, como conseguem trabalhar juntos?
Odair - Como nos conhecemos muito bem, a coisa funciona: sabemos o timing um do outro. Quando fazemos algo novo, é só nos encontrarmos e tocarmos um pouco juntos. Fica tudo certo.
Sérgio - Também viemos ao Brasil pelo menos umas duas vezes por ano, então nunca perdemos o contato com o país. Estamos fisicamente separados, mas nosso fogo é a brasilidade - esse é o alicerce do duo.

Como vocês veem o universo do violão no Brasil atualmente, tanto o popular quanto o clássico?
Sérgio - Primeiro, eu não acho que exista essa barreira entre os dois mundos, o popular e o clássico. Até já existiu, mas era uma barreira muito leve e caiu. No Brasil, quem toca violão clássico sempre toca o popular, porque o violão popular é muito forte. Nós mesmos, eu e o Odair, fomos treinados para ser violonistas clássicos, mas tocamos violão popular também. Claro que há diferenças; geralmente quem está acostumado com o popular tem mais facilidade para improvisar, enquanto quem toca o clássico tem mais acuidade. Cada um tem seu valor e suas características, mas eles se misturam. E o nível técnico é o mesmo, porque temos violonistas populares excelentes.
Odair - O Brasil é bastante único nesse sentido, porque tem uma música muito violonística. Na Bélgica, onde eu moro, por exemplo, não existe isso, não tem uma "música popular belga". (risos) Aqui existe e é pouco valorizado - os estrangeiros dão mais valor para a nossa música do que nós mesmos.

E o mercado de música instrumental, como fica nesse contexto?
Sérgio - Há mais abertura para a música instrumental hoje em dia, mais incentivo, até mesmo da iniciativa privada.
Odair - A internet facilitou muito. O acesso à informação cresceu tanto que hoje em dia qualquer pessoa com talento ou interesse pelo assunto sabe onde encontrar material e até mesmo onde se tornar conhecido. O lado negativo é que a internet acabou com os discos. Ninguém compra mais CDs, né? E isso é um desastre. Vamos ver se alguém compra esse nosso aqui. (risos)

As pessoas estão preparadas para ouvir música desse tipo?
Sérgio - Existe um público preparado para isso. Claro que para despertar o interesse de alguém que não está, teoricamente, preparado para ouvir música instrumental, é preciso um esforço maior de muita gente, mas é possível. Eu tenho alunos que nem vieram de famílias musicais e estavam acostumados a ouvir e tocar música de outros estilos, mas foram a um concerto de música clássica e saíram de lá apaixonados.
Odair - Mas essa realidade, de que o público preparado para ouvir música clássica não é a maioria, infelizmente não é só brasileira, é global: o nível geral de educação musical está caindo muito. Eu acho que um dos caminhos para mudar isso seria contar com a colaboração da mídia. A mídia dá pouco espaço para a música, especialmente a clássica, a erudita. Não é só no Brasil que os jornais estão tomados por futebol, na Europa também.

texto_materia>Vocês sentem diferença quando se apresentam no Brasil ou no exterior?
Odair - Tudo é sempre muito diferente, desde a estrutura do teatro até o acolhimento do público. No Japão, por exemplo, eles aplaudem, mas não fazem mais barulho nenhum: dá para ouvir uma mosca voando pelo teatro. Dá até medo, você fica pensando "será que eles estão gostando?" (risos)
Sérgio - Países do norte da Europa em geral são mais 'frios' também; mas na Itália, por exemplo, é quase a mesma coisa que aqui, no Brasil: bastante barulho, todos muito afetuosos. É uma questão cultural.

Agende-se
O quê: Os irmãos do Duo Assad passam por Florianópolis e Blumenau durante a turnê O Clássico Violão Popular Brasileiro
Quando: às 21h, quinta em Florianópolis e sexta-feira, em Blumenau
Onde: Teatro Ademir Rosa - CIC (Avenida Governador Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis) e Teatro Carlos Gomes, 1.181, Centro, Blumenau)
Quanto: a partir de R$ 70, R$ 35 (meia e Clube do Assinante - titular e assinante), à venda no Blueticket
Informações: assadbrothers.com

Duo Assad / Divulgação

O dueto já foi definido pelo Washington Post como "o melhor duo de violões que já existiu"
Foto:  Duo Assad  /  Divulgação


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