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Itapema FM  | 31/03/2015 07h31min

Musicista de Joinville lança livro sobre canções de Chico Buarque na ditadura

"Palavra Presa na Garganta" será apresentado ao público nesta quarta-feira, na Biblioteca Pública

RAFAELA MAZZARO  |  rafaela.mazzaro@an.com.br

“Você não gosta de mim, mas sua filha gosta”, verso de Jorge Maravilha, é um dos maiores “olés” que Chico Buarque poderia ter dado na ditadura militar. O jogo de palavras, que ironicamente escondia uma situação autobiográfica – conta o próprio autor que, ao ser detido, foi abordado por um agente de segurança que lhe pediu um autógrafo para a filha –, passou batida pela censura. Não foi diferente com Acorda Amor e Apesar de Você que, para quem não atravessou os anos de chumbo, hoje podem parecer apenas mais duas canções de amor e cotidiano.

A pianista de Joinville Marisa Toledo também não vivenciou a repressão da época, mas tem muito nítidas as histórias contadas pelo pai, então um estudante envolvido com o movimento social em Curitiba. O relato fresco na memória e a admiração pelo músico de belos olhos azuis acabaram unidos no trabalho de conclusão da especialização em Música Popular Brasileira que apresentou em 2006.

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Jorge Maravilha é só mais uma entre as 40 canções sobre as quais ela se debruçou quase 10 anos atrás para entender de que forma a política poderia influenciar o artista e vice-versa. A análise foi recuperada pela autora em 2014, ano marcado por duas efemérides – 70 anos de Chico e 50 de ditadura –, e ganhou formato de livro com a colaboração do escritor Jura Arruda. A publicação de Palavra Presa na Garganta foi financiada pelo edital do Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura de Joinville (Simdec).

– É um livro que mesmo quem não for músico vai entender. Já para quem é, vira um prato cheio – comenta Marisa, que incluiu a partitura de algumas composições.


Autora Marisa Toledo. Por Pena Filho

Palavra Presa na Garganta
não tem intenção de ser uma biografia do artista. Nos quatro capítulos, a autora apresenta o contexto histórico da época e analisa as produções musicais, inclusive aquelas cuja autoria era atribuída a pseudônimos, como Julinho da Adelaide.

A obra também passeia pelo Chico Buarque de O Pasquim e do teatro, revelando os artifícios usados para fazer chegar sua mensagem ao público.

– Ele foi o cara que driblou a censura com maestria – define a pianista e professora da Escola de Música Villa-Lobos, da Casa da Cultura.

O livro será lançado nesta quarta-feira, na Biblioteca Pública Rolf Colin. Os 500 exemplares serão distribuídos gratuitamente apenas na sessão de autógrafos. Depois, devem ser postos à venda nas livrarias da cidade. A autora também fará um lançamento na 12ª Feira do Livro de Joinville, que ocorre de 10 a 19 de abril.

Agende-se
O quê: lançamento do livro Palavra Presa na Garganta
Quando: quarta-feira, às 19h30
Onde: Biblioteca Municipal de Joinville (Praça Lauro Muller, Centro, Joinville)
Quanto: entrada gratuita. Serão distribuídos exemplares da obra no dia do lançamento

A NOTÍCIA
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