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Itapema FM  | 28/11/2014 21h38min

Quem são os 4 bailarinos que viveram os papeis principais no O Quebra-nozes

Espetáculo surpreendeu o público em Joinville nesta semana

Cláudia Morriesen  |  claudia.morriesen@an.com.br

O espetáculo O Quebra-nozes, da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, tem uma hora e 40 minutos de duração. No entanto, quando as cortinas se fecharam após quase dez minutos de aplausos na quarta-feira, foi o peso de um ano de preparação que saiu dos ombros da equipe e do elenco mas, principalmente, dos quatro protagonistas do balé. A responsabilidade de Thais Diógenes, Marcos Vinicius, Maikon Golini e Luisa Alison era a de contar a história do clássico em papeis de destaque. Os dois primeiros viveram o casal Marie e Príncipe Quebra-nozes, enquanto Maikon foi o padrinho "mágico" que presenteia a pequena Marie, interpretada por Luisa, com o boneco do título.

:: VÍDEO: conheça os bastidores do espetáculo

Thais, Marcos e Maikon estão a caminho da idade que é o apogeu para o bailarinos. Entrando na faixa dos 20 anos, eles já caminham pelos corredores do Bolshoi há pelo menos uma década e, com a escola, conquistaram prêmios, viajaram com turnês e ganharam experiências. Nada, porém, se assemelha à sensação de ser ovacionado por um público de mais de 4 mil pessoas na própria cidade.

Mundo dos sonhos de Marie
Se a emoção para os veteranos foi grande, ela talvez nem coubesse em Luisa. Com apenas 13 anos e cursando a terceira série da Escola Bolshoi (que tem duração de oito anos), ela viveu um momento que é raríssimo para estudantes tão jovens. Durante boa parte do primeiro ato de O Quebra-nozes, é dela a personagem principal que, se não exige um alto grau de complexidade na dança clássica, precisa de maturidade cênica para conquistar o público e levá-lo para o mundo dos sonhos de Marie – qualidade que a curitibana provou ter na noite de estreia. 

— O espetáculo foi resultado de trabalho em equipe. Na noite de estreia, podíamos ver todo mundo se ajudando e foi muito bonito. Mas nós quatro sentíamos a pressão da responsabilidade de viver os protagonistas — resume Marcos. 
 
O padrinho
Da mesma forma que seu personagem, o enigmático Drosselmeyer, em O Quebra-nozes, passa boa parte do tempo em cena, Maikon Golini, 22 anos, está no Bolshoi Brasil desde o "abrir das cortinas". Ele tinha apenas seis anos quando ocorreu o primeiro processo seletivo da instituição, que acabara de ser instalada em Joinville, e foi um dos escolhidos para integrar a primeira turma de crianças da escola. 

— Nem eu e nem ninguém sabíamos do que se tratava. As pessoas me perguntavam "o que é este Bolshoi? O que você faz lá?". Mas o ano foi passando e eu fui tendo dimensão daquilo. A escola nos preparou para saber que o Bolshoi era uma coisa muito grande que estava por acontecer — recorda ele.

O pioneirismo faz parte da trajetória dele: Maikon fez parte do primeiro grupo de estudantes a visitar o Bolshoi de Moscou e se apresentar no famoso teatro russo. Ele tinha apenas 14 anos e, coincidentemente, dançou o segundo ato de O Quebra-nozes. Anos depois, em 2011, ele retornou para a Rússia para fazer um intercâmbio no Teatro Bolshoi, já na categoria de professor da filial brasileira. Este, talvez, seja o maior papel que Maikon já conquistou: com apenas 17 anos, ele tornou-se o professor mais jovem do Bolshoi Brasil.
 
A menina
Luisa Alison tem um rostinho de boneca e perfil de bailarina. É pequena e magrinha e, por isso, pode parecer uma menininha. Mas a certeza com que dá suas respostas prova não só que ela não é mais criança como tem uma noção de mundo que vai além de sua idade. Este talvez seja um dos motivos que a levaram a ser a escolhida para o papel de Marie, a menina que se apaixona pelo boneco quebra-nozes.

Há três anos, Luisa já demonstrava muito talento no balé clássico. Depois de iniciar o aprendizado de dança na escola, aos seis anos, em Curitiba, ela foi orientada pela professora a buscar um curso extra, onde pudesse desenvolver melhor estas habilidades. 

— Minha avó viu na TV uma reportagem sobre o Bolshoi e comentou com a minha mãe para eu tentar trazer para a seleção. Mas eu não estava muito animada, porque eu era muito tímida e não queria mudar de cidade. Agora que eu estou aqui, não quero mais sair — conta Luisa, que mudou para Joinville com a mãe.

Desde o início do ano, ela já estava na expectativa de viver a protagonista do grande espetáculo, mas aguardava a seleção final para ter certeza de que o papel seria dela. Por isso, passou a se dedicar e a se esforçar ainda mais.
 
A princesa
Quando tinha apenas 13 anos, Thais Diógenes recebeu um convite inesperado: fazer parte do espetáculo de abertura do Festival de Dança de Joinville em 2007, que tinha como atração Mikhail Baryshnikov. Foi o astro do balé mundial quem decidiu chamar a ela e outros cinco bailarinos, depois de vê-los dançar em uma apresentação de boas-vindas que a Escola Bolshoi preparara para sua visita.

— Uma das bailarinas dele precisou voltar para casa porque o noivo morreu e ele ficaria com um número a menos no espetáculo. Eu dançava o Pas-de-Trois (Dança Francesa), de O Quebra-Nozes — conta Thais.

Quando acordou, na manhã desta quinta-feira, Thais não ouvia mais as canções do espetáculo de balé, mas o som das mensagens no celular que avisavam a repercussão da noite anterior. Entre as felicitações, estavam a da antiga professora de kung fu, esporte que ela praticou na infância. Aos oito anos, ela resistiu quando a professora quis indicá-la para a seleção do Bolshoi. 

— Eu não conhecia, nem sabia o que era a escola. Mas entrei e me apaixonei.
 
O príncipe
Desde que se formou em dança clássica e tornou-se bailarino da Cia. Jovem do Bolshoi Brasil, em 2012, o joinvilense Marcos Vinicius coleciona prêmios e viagens pelo mundo. No ano passado, em menos de dois meses, ele ganhou medalha de ouro no Youth America Grand Prix (YAGP), em Nova York; e foi melhor partner no Moscow Ballet Competition, na Rússia, um dos concursos mais importantes de balé no mundo.

— Foi o ápice de tudo, porque foi na Rússia, no Bolshoi, com grandes nomes me julgando. Uma das melhores sensações que eu já senti foi ouvir meu nome ser chamado para receber este prêmio.

A partir desta premiação em Moscou, ele e a colega Amanda Gomes, de quem era partner, veio um convite para dançar em uma gala, em Astana, ao lado de grandes bailarinos como solistas do Marinsky e outras grandes companhias. Foi quando o jovem percebeu: estava se tornando bailarino profissional. Tudo isso contribuiu para que, ao chegar no palco do Centreventos na quarta-feira à noite, ele tivesse mais segurança. 

— Viajar já é algo que te deixa mais maduro. No meu caso, a trabalho, de bailarino, foi ainda mais. Além de ir para palcos diferentes, conhecer culturas e ter outros olhos te corrigindo, você adquire informações para o teu crescimento.

A NOTÍCIA
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