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Itapema FM  | 28/11/2014 14h26min

Família de Criciúma foi uma das primeiras a trazer a cultura árabe para Santa Catarina

Irmãos Rahman celebram a cultura árabe na religião, profissão e na mesa, onde o kibe é um dos pratos principais

Atualizada em 01/12/2014 às 11h48min Kiara Domit  |  kiara.domit@diario.com.br

Unidos pelas origens, os irmãos Rahman celebram a cultura árabe na religião, profissão e mesa. O patriarca da família, Musa, chegou a Criciúma, no Sul do Estado, atraído pelo mito do Eldorado da exploração do carvão, em 1966.

Musa ensinou aos filhos Jamil, Jamal e Guiman a culinária e o islamismo. Na presidência da Sociedade Beneficente Muçulmana de Criciúma, teve a iniciativa de construir uma das únicas mesquitas de Santa Catarina.

Jamil, 48 anos, se emociona ao lembrar das dificuldades do pai na busca por recursos para levantar o templo, desde 1982.

– Ele conseguiu o terreno, mas faltou dinheiro e ele foi às comunidades de Chuí e Livramento (RS) pedir ajuda. Tem uma mesquita em Lages, mas foi feita com dinheiro de governo, de embaixadas. A nossa foi erguida com o dinheiro das comunidades – destaca Jamil.

Emocionado, o filho conta que, quando faltavam apenas os acabamentos da construção, o pai deixou a presidência da sociedade por desentendimentos. A cerimônia de inauguração, em 2000, reuniu autoridades do Estado e da região, mas não teve a presença de seus realizadores. A mesquita, que faz parte da história de Criciúma e da família Rahman, já recebeu peregrinos vindos da França, sul da Arábia e Palestina.
Em setembro, os irmãos abriram as portas da lanchonete Rei do Kibe, localizada no Centro de Criciúma, onde oferecem de segunda a sábado os pratos que fazem sucesso durante a tradicional Festa das Etnias da cidade. Oferecer aos clientes kibe cru, shawarma e baba ganoush como se os recebesse em sua casa era um antigo sonho do pai Musa, que faleceu em 2006.

QUER EXPERIMENTAR?
Rei do Kibe (Rua Conselheiro João Zanette, 109, Criciúma).
De segunda a sexta-feira, das 7h30min às 19h; sábado das 7h30min às 14h é uma espécie de líder espiritual da comunidade e, além de artesanato com bambu, também produz bonsais e gosta de praticar artes marciais. 

 
Kibe, um dos pratos principais da gastronomia árabe, pode ser servido cru, frito ou assado. Foto: Roseane Barbian

Heranças

Presença árabe em SC
De acordo com o historiador e professor da Udesc, Emerson Campos, as três regiões de maior presença árabe em Santa Catarina são a região Sul, em especial Criciúma e Tubarão, a região de Lages e a Grande Florianópolis. O contingente maior sempre foi na região da Capital, tanto no início do século 20 quanto hoje.

Gastronomia
Um dos pratos principais da gastronomia árabe é o kibe, que pode ser servido frito, assado ou cru. A iguaria é feita de carne bovina, trigo especial para kibe, cebola e hortelã. Outros pratos importantes são o shawarma – um tipo de sanduíche feito com fatias de frango ou carne bovina e vegetais –, a coalhada seca, o baba ganoush (uma pasta feita de berinjela e tahine) e o homus (pasta de grão de bico).

Religião
O professor Emerson Campos aponta que, desde 1991, a maioria dos árabes que vêm para o Brasil são muçulmanos. Os que vieram antes eram majoritariamente cristãos. Jamal Rahman conta que os cinco pilares do islamismo são: adorar um único Deus, rezar cinco vezes ao dia, fazer o Zakat (um tipo de tributo religioso), fazer o Ramadan (que inclui, por exemplo, jejuar durante o dia por um mês) e fazer a peregrinação à Meca ao menos uma vez na vida.

 
Mesquita de Criciúma foi erguida com dinheiro arrecadado pela comunidade. Foto: Caio Marcelo

DIÁRIO CATARINENSE
Caio Marcelo / Agencia RBS

Irmãos Jamil (à esquerda) e Jamal se emocionam ao relembrar a história do pai, que chegou a Criciúma em 1966, atraído pela exploração do carvão
Foto:  Caio Marcelo  /  Agencia RBS


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