Única carta que pode fazer as vezes de outras no baralho, o curinga pode se encaixar em várias posições em diferentes jogos. Nada mais parecido com o poeta e cronista Fabrício Carpinejar, que se apresenta com a maior naturalidade tanto entre uma previsão do tempo e um boletim de trânsito quanto entre uma página e outra de jornal. Colunista de Zero Hora e de O Globo, entre outras publicações, o escritor é também presença constante em programas de TV e de rádio.

Curinga é justamente o título do primeiro livro feito a partir de suas participações radiofônicas, com 120 crônicas que figuraram no programa Gaúcha Hoje, veiculado na Rádio Gaúcha. Carpinejar participa de sessão de autógrafos do novo livro hoje, às 19h30min, na Saraiva do Shopping Iguatemi.

O autor aponta que a escolha do título também faz referência à multiplicidade de temas abordados por ele na rádio – que vão desde lista de supermercado até amor, culpa e responsabilidade – e por seu largo riso, que ele compara ao do personagem Curinga, antagonista de Batman.

– O que deu muito certo na Gaúcha é que entro rindo logo de manhã. Às vezes, está um trânsito horrível, uma chuvarada, aí aparece esse curinga com um comentário mais leve. O retorno dos ouvintes é muito forte, acredito que essa leveza também ajudou a crescer a audiência do público feminino.

O tom coloquial das crônicas improvisadas ao vivo no rádio, sempre entre as 7h56min e 7h58min, é mantido no papel. Além da maior espontaneidade, Carpinejar destaca que este é o título em que a cor local aparece com mais força.

– É um livro com um acento muito gaúcho. Trato dos nossos costumes: como a gente gosta de visitar nossa própria cidade, receber um turista só para poder apresentá-la, ou como vamos aprendendo a carregar os filhos ao carregar também a térmica de chimarrão.

Mesmo com tanta presença midiática, Carpinejar não descuida de seu trabalho editorial. Com mais de 20 livros publicados, Curinga é seu quarto lançamento apenas neste ano. Mas o autor não acredita estar conciliando diferentes trabalhos, e sim desenvolvendo o mesmo fazer literário.

– Estou fazendo literatura, não importa o suporte. Até mesmo ao entrevistar alguém para a TV é possível fazer paradoxo, dialética, não seguir padrões e ser totalmente nonsense – destaca Carpinejar.

Carpinejar pode ser ouvido na Gaúcha às terças, sextas e aos sábados, poucos antes das 8h, no programa Gaúcha Hoje, apresentado por Antonio Carlos Macedo.

Em pelo menos duas manhãs de quarta-feira por mês, o autor dá as caras no Encontro com Fátima Bernardes (Globo), fazendo comentários sobre relacionamento e atualidades. Às terças-feiras, o poeta comanda o quadro DR na TV, no programa TVCOM Tudo Mais, respondendo a dúvidas sentimentais de telespectadores. Na paulista TV Gazeta, o autor ainda apresenta o programa semanal de entrevistas A Máquina.

Carpinejar escreve em Zero Hora às terças e aos domingos (na revista Donna), além de manter uma coluna semanal em O Globo. As crônicas do autor também estão nas revistas mensais IstoÉ Gente e Pais&Filhos.

Curinga
De Fabrício Carpinejar
Crônicas, Arquipélago, 224 páginas, R$ 34,90.
Sessão de autógrafos nesta segunda-feria, às 19h30min, na Saraiva do Shopping Iguatemi (João Wallig, 1.800), em Porto Alegre.