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Itapema FM  | 02/09/2014 06h03min

Videolocadoras tradicionais de Joinville se reinventam para enfrentar a concorrência da tecnologia

Opções como o Netflix vêm se tornando mais populares a cada dia e fortes concorrentes

Hassan Farias  |  hassan.souza@an.com.br

O serviço de streaming e os downloads na internet não são mais novidades para quem gosta de filmes e séries. Opções como o Netflix, site que atingiu mais de 50 milhões de assinantes em todo o mundo no segundo trimestre deste ano, vêm se tornando mais populares a cada dia e fortes concorrentes para meios tradicionais como as videolocadoras.

Os vídeos disponíveis no universo online trazem facilidades aos usuários, como assistir aos filmes quando e onde quiser. A psicóloga e professora de inglês Heloísa Cristina Papendick, 28 anos, não sabe o que é pisar em uma videolocadora há cerca de sete anos. As séries e os programas de talk show nas quais é viciada são vistos diariamente pelo Netflix no notebook, sem precisar sair de casa, o que para ela é o grande diferencial do serviço.

— Por mais que na internet não tenha todos os filmes e as séries às vezes estejam incompletas, ainda é mais barato e cômodo pagar a mensalidade do que alugar na videolocadora — explica.

Novas tecnologias

Desde a decadência da fita VHS na década de 1990, a ascensão do DVD e da pirataria nos anos 2000 e, mais recentemente, de novas tecnologias como o Netflix, os hábitos do consumidor têm mudado. Isso fez as videolocadoras passarem por altos e baixos nas últimas duas décadas. Em Joinville, a Câmara Setorial da categoria na Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), criada em 2006 para discutir o setor na cidade, fechou as portas no mês passado pelo número reduzido de participantes.

Segundo Jorge Luís Passos, último presidente do grupo, no primeiro ano de reuniões havia 184 videolocadoras na cidade, das quais 70 faziam parte da Câmara. Hoje, ele estima que exista cerca de 30 em Joinville. Apesar da redução no número de estabelecimentos, ele diz que o negócio continua rentável e acredita que ainda tenha fôlego para sobreviver por muitos anos.

— O mercado não está solidificado, ele está sempre mudando. Hoje, com a concorrência desleal da internet, as locadoras precisam procurar um nicho de mercado e trabalhar com vídeos que não têm para download, por exemplo — sugere.

Passos é proprietário da Magic Home Vídeo, a mais antiga videolocadora em atividade na cidade e que fica há 28 anos no Centro. Ele explica que, atualmente, a maioria de seus clientes é de cinéfilos que têm cada vez mais procurado por filmes europeus e nacionais. Por outro lado, diariamente, dez pessoas abrem cadastro na loja e cerca de 200 filmes são alugados no estabelecimento.

Investimentos para manter o negócio

Na Max Videolocadora, localizada no bairro Jardim Iririú, a realidade é um pouco diferente da Magic Home Vídeo. O proprietário Jorge Vitorino, que há 14 anos mantém o negócio e viu o número de videolocadoras cair de oito para duas na região, revela que a maioria dos seus clientes procura por lançamentos _ eles correspondem a 80% das locações _ e filmes em Blu _ Ray.

— A gente investe mais em Blu-Ray, em 3D, porque provavelmente é isso que vai sustentar as videolocadoras no futuro. Além disso, procuro sempre ter várias cópias dos lançamentos porque a pior coisa para o cliente é chegar na locadora e não ter os filmes disponíveis — diz.

Segundo ele, o negócio continua rentável e sustentável. No entanto, para reforçar o caixa e conseguir mais clientes, ele investe na venda de bebidas e guloseimas dentro do estabelecimento, além das boas e velhas promoções para quem entrega os filmes dentro do prazo.

Apesar de o negócio continuar rentável também na Francys Videolocadora, que há 15 anos atende ao público do bairro Boehmerwald, o proprietário Adilson Mateus Michalski não tem muita esperança no futuro das videolocadoras. 

— O futuro é meio sombrio e eu acho que a televisão paga e a internet vão acabar absorvendo esse mercado. Temos que passar a trabalhar com outra linha de produto, como os jogos e a conveniência para recuperar o faturamento e o movimento — defende.

Como manter um público fiel

Mesmo com concorrentes tão fortes no mercado, as videolocadoras ainda conseguem manter um público fiel. A universitária Greyce Giovanella, 22 anos, frequenta videolocadoras desde pequena. Ela aluga de três a quatro filmes por semana e já gastou R$ 100 em um único mês na locadora. Escolher um DVD naquelas prateleiras enfileiradas é uma experiência única para a cinéfila, diferentemente daquela que tem ao apertar a tecla "play" no computador. 

— O ambiente é legal para conversar com os atendentes e as outras pessoas que estão procurando filmes. São trocas de experiências, que se tornam superficiais na internet — explica.

Mesmo sendo uma assídua frequentadora das videolocadoras, Greyce não ignora os serviços virtuais, como o Netflix, do qual é assinante há dois anos e usa para assistir a séries. Ela admite que é mais fácil encontrar os filmes no ambiente online, mas prefere as videolocadoras para encontrar filmes clássicos e a filmografia de seus autores favoritos.

A admiração da universitária pelo cinema e as videolocadoras já fez com que ela atingisse o recorde de alugar, de uma só vez, 15 filmes. Os escolhidos foram os integrantes da filmografia do diretor Martin Scorsese.

A NOTÍCIA
Rodrigo Philipps / Agencia RBS

Greyce Giovanella aluga de três a quatro filmes por semana
Foto:  Rodrigo Philipps  /  Agencia RBS


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