A Sociedade Harmonia-Lyra reviverá nesta terça-feira os anos em que ter orquestra e bailarinos juntos no mesmo palco era um evento recorrente. Depois do encerramento da orquestra de mesmo nome – a primeira formação erudita de Joinville – e do corpo de baile liderado por Lieselotte Trinks, pioneira nas técnicas de dança moderna na cidade, passaram-se alguns anos até que o reencontro entre as duas artes fosse possível. Só por isso, a parceria entre a jovem Orquestra da Cidade, formada neste ano, e a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, fabricante dos talentos da dança, dá motivos de sobra para festejar.

Por trás da programação de peças desta noite está a celebração de duas conquistas para a Harmonia-Lyra: a restauração do antigo piano que pertenceu a Lieselotte e do quadro A Rainha e o Pavão, de 1882, obra que acompanha a história da sociedade. O ano ainda marca o centenário de nascimento de Lieselotte, que morreu em 1987, deixando a semente da dança em Joinville.

– É a primeira vez que me apresento, na minha cidade, em um evento como este. É um sonho realizado – diz o barítono Douglas Hahn, que será a segunda atração do programa da noite.

O ineditismo do evento não marca somente a carreira de Douglas, que cantará duas peças italianas acompanhado do pianista Matheus Alborghetti. Esta é a primeira vez que o Bolshoi de Joinville se apresenta com a execução ao vivo da Orquestra da Cidade. O encontro ocorre em Águas Primaveris, Morte do Cisne e Toreador Song. Também representando a instituição, o pianista Eduardo Boechat abre as atrações da noite tirando do piano recuperado as notas da Valsa Op. 64 nº2, de Chopin.

Antes da música e da dança, o público vai conferir o resultado do trabalho do restaurador Paulo Alexander Matile, que durante seis meses se dedicou exclusivamente à recuperação da obra A Rainha e o Pavão, de Hugo Calgan. Antes de passar pelo trabalho minucioso de Paulo, a tela do século 19, que chegou a servir como pano de fundo para espetáculos da Harmonia-Lyra, apresentava furos e perda da tinta. A obra retrata o dramaturgo William Shakespeare e a rainha Elizabeth I da Inglaterra com flores, um pavão e outros personagens. Este já é o segundo processo de restauro feito no painel de 132 anos.

– A intenção foi manter o aspecto desbotado da obra, justamente para ela continuar parecendo a antiguidade que é – explica o restaurador.

A recuperação foi financiada pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec) com R$ 29,8 mil. Foi por meio do edital municipal que a sociedade também conquistou a restauração do piano, um exemplar alemão de 1900, que volta a ser usado na Harmonia-Lyra, agora pela Orquestra da Cidade. A programação comemorativa ainda inclui a exposição fotográfica Lieselotte, Seu Tempo e Além, organizada pelo jornalista Joel Gehlen.

O quê: Noite das Artes – Um Tributo à Lieselotte Trinks.
Quando: terça-feira, às 19h30.
Onde: Sociedade Harmonia-Lyra (Rua Quinze de Novembro, 485, Centro, Joinville).
Quanto: gratuito. Os ingressos são limitados e distribuídos na secretaria da Sociedade Harmonia Lyra (das 9h às 11h45 e das 14 às 17h45).