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Itapema FM  | 22/04/2014 13h52min

Djavan se apresenta em Florianópolis nesta quarta-feira, com o show "Rua dos Amores ao Vivo"

Confira uma entrevista com o músico alagoano, que falou sobre a longevidade de sua carreira e o momento que vive agora

Djavan retorna a Florianópolis para um show nesta quarta-feira, dia 23 de abril, às 22h, no Square Music Budweiser. O motivo é o CD e DVD Rua dos Amores Ao Vivo, gravado em novembro passado em São Paulo. São 16 faixas no CD e 24 no DVD. No repertório da apresentação, não só as músicas do disco lançado em 2012, como Já Não Somos Dois e Vive, mas também clássicos da carreira, como Oceano, Flor de Lis e Sina. Em uma conversa descontraída por telefone desde o Rio de Janeiro em um fim de tarde chuvoso - a ligação foi interrompida e retomada por três vezes -, o cantor e compositor alagoano de 65 anos reflete sobre a longevidade da carreira, a motivação para continuar na estrada e o segredo do sucesso. Confira os principais trechos - e, para ouvir o áudio da entrevista, clique neste link.


Fabiano Moraes: O disco Rua dos Amores é de 2012. Por que lançar agora um disco ao vivo e não um de inéditas?
Djavan: Eu queria reproduzir, guardar esse trabalho porque foi com ele que trouxe de volta uma banda com a qual trabalhei 12 anos atrás. Queria registrar porque foi um trabalho de êxito em todos os sentidos. Não só mercadológico, mas foi a nossa reaproximação. Foi o trabalho que trouxe de volta a convivência tanto pessoal quanto profissional. E o mercado pediu para que eu fizesse. Fiz uma associação da minha gravadora, a Luanda Records, com a Sony Music, a qual pertenci por 22 anos. Eles me procuraram, me pediram para gravar o DVD desse trabalho, fiz também uma música nova. Acho que foi um acerto, porque está indo muito bem.

F: Você tem quase 40 anos de carreira e pode fazer um show inteiro só com sucessos. Como escolhe o repertório?
D: No DVD, é o show. E a gente escolhe para fazer parte do disco - uma vez que o show tem 24 canções, e o disco só pode ter no máximo 15, 16 -, usando um critério que é quase aleatório. Não chega a ser aleatório total porque você tem que guardar um pouco o fato de não colocar neste disco as mesmas músicas de discos anteriores. Você vai mexendo, vai mesclando. Quando vou fazer um roteiro novo para show, ao incluir os hits, procuro rearranjá-los, de maneira até sutil, apenas para dar um frescor. Mas o disco ao vivo traz as músicas que a gente acha que não podem faltar no roteiro do DVD.

F: Como é estar em turnê novamente? Você tem esposa, filhos... Depois de tanto tempo, qual a motivação para continuar na estrada?
D: Eu gosto da música. Sou músico não por acaso. Fui escolhido para a música. Não escolhi a música, fui escolhido. Eu não me governo. Tenho que fazer música, tenho que compor. Preciso da música para existir. Desde que comecei a me entender como gente já estava envolvido com isso. Isso me dá, a cada trabalho novo, uma energia renovada para fazer disco, compor novas canções, montar um show e sair para a estrada.

F: Fale um pouco sobre o documentário que acompanha o DVD.
D: Esse documentário destina-se a mostrar - a quem interessar possa - como as coisas são feitas. Sei que existe uma curiosidade do público. A internet está aí para mostrar isso. Tenho um número de seguidores no Facebook que é grande para um artista que não faz exatamente música popular, com mais de 3 milhões de seguidores. São pessoas ávidas por informação, por manter contato com a obra e com a carreira, com fatos ligados ao artista.

F: Você está preparando o lançamento de uma caixa com todos os discos. Como ela é?
D: A caixa vem toda remasterizada. Algumas músicas foram remixadas. Acompanham dois discos extras: um de raridades, com músicas que gravei em outros projetos, com outros artistas, coisas que eu não lembrava e algumas até que eu nunca tinha ouvido. Gravei, saí correndo e não ouvi. O outro é um disco com gravações em espanhol e em inglês.

F: Ao longo da carreira, sobretudo nos anos 1980 e 1990, você fez muitas parcerias com nomes que completam uma tríade importante da MPB: Caetano Veloso e Gilberto Gil. Os trabalhos com eles rarearam ao longo do tempo. Por que isso aconteceu?
D: Talvez o que traria um fato acolhedor pra isso é que a vida muda, temos cada vez mais trabalho para fazer, cada vez menos temos chance de estarmos juntos. E parceria é uma coisa que precisa de algum contato físico, de algum evento que nos aproxime no cotidiano. Continuamos amigos, a gente se vê de vez em quando, sobretudo nas reuniões do grupo Procure Saber, mas as parcerias não ocorreram mais por isso. Cada um tem os seus afazeres, tem a sua vida atribulada, cheia de compromissos. Eu não paro um segundo de trabalhar. Mas elas não morreram. Estão ali para acontecer assim que a oportunidade surgir.

F: O que você diria para quem está começando na carreira de músico?
D: Mirar um foco e depositar toda a sua energia ali. Para os compositores, acho que a saída é compor, compor, compor... É fazendo que você vai se aperfeiçoando, adquirindo o jeito, adentrando o seu perfil, o seu estilo. Você vai construindo um estilo. Essa carreira de artista é muito difícil, muito concorrida. Só vence nela quem tem muita força, muita dedicação e quem tem certeza do que quer. E quando você tem muita certeza e não tem preguiça. Quando você entrega a sua vida a isso, você consegue. Sem isso, é impossível.

F: Qual a sua opinião sobre os reality shows de cantores e bandas? É um caminho para quem quer ter uma carreira de sucesso?
D: É um caminho para você se mostrar. Evidentemente, isso não assegura uma carreira de êxito. As pessoas que têm passado por esses programas estão aí, na batalha, como se nada tivesse acontecido. Talvez adquiram uma sutil exposição, uma sutil luminosidade a mais, mas não é uma coisa como antigamente, como os festivais da canção. Nem mesmo o festival que eu participei, o Festival Abertura, em 1975, já não tinha mais o glamour e a força que tinham os festivais da década de 1960. Mas, de todo modo, foi ali que eu surgi. Esses programas feitos na televisão obedecem mais a um adendo na programação do que outra coisa. Eles têm se revelado bons para dar certa luminosidade a alguém, mas não garantem a carreira de ninguém.

F: É cada vez mais difícil imaginar que um músico que comece agora vá ter uma carreira que dure 40 anos...
D: É muito difícil. Requer que você tenha força no seu trabalho para manter uma carreira por tanto tempo. Por exemplo: surgir uma pessoa como eu, hoje em dia, é cada vez mais difícil. Mas se a pessoa faz o mesmo caminho que fiz, visando detalhes como abnegação para aquilo, se você dedicar sua vida ao trabalho... E ter aptidão, claro. São elementos necessário para ter uma carreira longeva e de sucesso como a minha.

F: Como será o show em Florianópolis?
D: É o mesmo show que apresentei aí ano passado, mas com diferenças sutis. Tem a música nova, Maledeto, e tem uma música ou outra que entrou no repertório. Isso ocorre porque esta turnê já tem um ano. No geral, é aquele show que as pessoas conhecem, mas com essas diferenças.


O CD e DVD Rua dos Amores Ao Vivo conta com uma música inédita, Maledeto, faixa-bônus que encerra o disco e foi gravada em estúdio. Assim que terminar a turnê, o músico vai intensificar o processo produtivo e entrar em estúdio em novembro, para gravar um disco de inéditas até junho de 2015. Antes, Djavan recupera seus quase 40 anos de carreira e lança, em setembro, uma caixa com todos os seus discos, parceria da Luanda Records (selo de Djavan) com a Sony Music.


Serviço
Show com Djavan e banda
Quando: nesta quarta-feira, dia 23, às 22h
Onde: Square Music Budweiser (Rod. José Carlos Daux, SC-401, 17.852, km 18, Canasvieiras, Florianópolis)
Quanto: R$ 60 (pista). Associados do Clube do Assinante DC têm 20% de desconto.
Ingressos à venda no site Blueticket

VARIEDADES DC
Djavan / Divulgação

'Rua dos Amores Ao Vivo' conta com uma música inédita, 'Maledeto', faixa-bônus que encerra o disco e foi gravada em estúdio
Foto:  Djavan  /  Divulgação


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