Itapema FM | 05/11/2010 08h04min
Viajar pelo mundo inteiro é legal. Tocando rock’n’roll, mais ainda. Com um beatle? Que baita emprego. Donos de alguns dos cargos mais cobiçados do mundo pop, os músicos que formam a banda de Paul McCartney chegaram ontem a Porto Alegre – e foram comer pizza no almoço.
Passaram quase despercebidos, até a publicitária Fernanda Hecktheuer aparecer caminhando pela Rua Padre Chagas. Fernanda descia a rua ouvindo, nos fones de ouvido, Good Morning Good Morning (do disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band) quando viu Abe Laboriel Jr. (bateria), Brian Ray (guitarra), Paul Wickens (teclado) e Rusty Anderson (guitarra) sentados em uma mesa ao ar livre, em uma pizzaria.
Tomou providências imediatas. Ligou para a amiga Julia Patrucco, que trabalha a três quadras e correu até ali. Sentaram-se numa mesa próxima à da banda. Julia escreveu um bilhete em inglês, entregue aos músicos por uma garçonete, dizendo: “Eu sei quem vocês são. Podemos tirar fotos com vocês?”. Eles acenaram para elas, concordando. Fernanda e Julia foram até a mesa dos quatro e conversaram com o grupo por alguns minutos.
– Foi surreal, surpreendente. Eu estava com a camiseta do filme Che, aí conversamos sobre o filme – conta Fernanda, 33 anos.
– Ficamos ali uns cinco minutos, mas pareceu uma eternidade. Eles todos foram muito tranquilos, gente como a gente – completa Julia, 28, também publicitária.
Essa impressão repetiu-se em todos com quem a banda teve contato no passeio de mais de uma hora que fizeram pelo bairro Moinhos de Vento, perto do hotel Sheraton. A maitre da pizzaria, Caroline Vaz, que fala um pouco de inglês, contou que os clientes famosos escolheram rapidinho e não se importaram em não entender o cardápio. Mesmo depois de serem reconhecidos por Fernanda – o que chamou a atenção de outros clientes –, atenderam a todos com gentileza. Assim foi também na sorveteria, 50 metros adiante, onde Brian tomou um sorvete de flocos e Abe apaixonou-se pelo sabor menta.
E a gentileza se repetiu horas depois, quando Zero Hora encontrou o guitarrista Rusty Anderson tentando comprar um chip brasileiro para seu celular americano em uma loja de eletrônicos. Mesmo sem falar português, esforçava-se para entender o sistema de telefonia brasileiro, que dois funcionários tentavam explicar. Quando entendeu o valor de uma ligação internacional de celular, Rusty disse:
– Isso é bem caro.
Bem como Julia o descreveu: gente como a gente.
Entrevista: Rusty Anderson, guitarrista de Paul McCartney
Responsável pela maioria dos solos de guitarra nos shows de Paul, o americano Rusty Anderson, 51 anos, é veterano no showbiz – tocou com nomes como Ricky Martin e Eros Ramazzotti. Com o ex-beatle, já fez mais de 100 shows desde 2001. Dentro de uma loja de instrumentos musicais em Porto Alegre, onde tentava comprar um chip brasileiro para seu celular, falou com Zero Hora.
Zero Hora – Qual a melhor parte de tocar com um beatle?
Rusty Anderson – Tem tantas coisas legais. Girei o mundo inteiro, estive em lugares que eu nunca pensei que iria conhecer, como no Japão, em Kiev, em Tel-Aviv... Isso é ótimo. Conhecer e sentir públicos diferentes, a energia é algo incomparável.
ZH – É muito diferente de um país para outro?
Anderson – Sim, é muito diferente. Sempre foi bom o clima nos shows, mas vem sendo cada vez melhor, não sei porquê. Mas há diferenças: no Japão são mais energéticos no começo do show mas dão uma acalmada depois, enquanto no México eles são loucos o tempo inteiro, por exemplo.
ZH – Você já tocou no Brasil? Muitos artistas falam bem da energia do público aqui.
Anderson – Eu nunca toquei aqui. Paul tocou acho que nos anos 90 (em 1990 e 1993). Foi o que me disseram também, que a audiência é muito energética. Estou ansioso para ver como vai ser domingo.
ZH – O que você espera desse show em Porto Alegre?
Anderson – Recém chegamos e nem deu para conhecer muito da cidade, mas há bastante fãs, inclusive do meu trabalho solo, me contatando. Então já deu para sentir que o público é bastante empolgado.
ZH – Como é Paul no trabalho? É um chefe camarada ou é mandão, gosta das coisas do jeito dele?
Anderson – Ele é incrível. Ele respeita todo mundo, mas quando tem de dizer as coisas, ele diz. Na maior parte do tempo ele deixa rolar, porque nós sabemos como fazer para a música soar bem. Afinal, já estamos fazendo isso há algum tempo.
Maratona para garantir o primeiro lugar na fila
Enquanto funcionários da produção levam cercas de metal e banheiros químicos para dentro do estádio Beira-Rio, um casal de namorados relaxava, na tarde de ontem, à sombra do portão 2, sentados em uma cadeira de praia e em uma toalha. Faltando três dias para o show de Paul McCartney, no domingo, eles são os primeiros fãs da fila.
Munidos de chocolate, salgadinhos e água, Pedro Henrique Nery, 18 anos, e Maria Eduarda Venuto, 19 anos, ambos estudantes, instalaram-se no local por volta das 15h de ontem. Até o dia do show, o casal guardará lugar na fila em turnos de 12 horas diárias – o período inverso ficará a cargo do primo de Pedro Henrique, Daniel Kohlrauchs, 22 anos.
Eles dizem que os familiares e amigos ficaram surpresos quando souberam que já estavam a caminho do estádio, ontem. Mas a justificativa é pragmática.
– Como nossos ingressos são para a parte da pista que fica atrás da área premium, a pista livre, queremos garantir um bom lugar – diz Pedro Henrique, que aguarda especialmente pelo momento em que Paul McCartney deve cantar o clássico Hey Jude.
O show de Paul McCartney na Capital é um evento do Grupo RBS, com realização da DC Set Promoções e apoio do Sport Club Internacional. Patrocínio de Oi, Colombo e Nescafé e apoio do BarraShoppingSul.
Esquerda pra direita: o tecladista Paul Wickens, o guitarrista Brian Ray, Fernanda, o baterista Abe Laboriel Jr e o guitarrista Rusty Anderson
Foto:
Julia Patrucco, Divulgação
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