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Itapema FM  | 03/08/2010 09h15min

Disco de 1972 reunindo Buddy Guy e Junior Wells é lançado no Brasil

LUÍS BISSIGO  |  luis.bissigo@zerohora.com.br

Em 1965, Eric Clapton era Deus na Inglaterra, tocando guitarra no Yardbirds. Naquele ano, assistindo a um show do guitarrista Buddy Guy, ele teve a ideia de criar um trio de blues pesado. Formou então o Cream, precursor da cena hard rock e heavy metal das décadas seguintes. “Buddy Guy foi para mim o que Elvis foi para os outros’’, disse certa vez.

Em 1970, Clapton entrou em um estúdio na Flórida para produzir um disco de seu ídolo, que acabara uma longa turnê dividindo o palco com o gaitista Junior Wells, abrindo shows dos Stones. As gravações conturbadas (Clapton brigou com os outros produtores, Tom Dowd e Ahmet Ertegun) geraram um álbum genial, que é lançado agora no Brasil com CD extra.

Quem escuta as poderosas faixas de Buddy Guy & Junior Wells Play the Blues, uma verdadeira cartilha de como se toca o gênero, não imagina o caminho tortuoso até a edição final. Clapton deixou só oito faixas acabadas. Para o lançamento do disco, em 1972, duas canções foram incluídas a partir de uma sessão de gravações de Buddy Guy com a roqueira J. Geils Band. A nova edição do disco traz um belo encarte e mais 13 faixas extraídas do material gravado com Clapton.

Guy e Wells formam a melhor representação do “blues de Chicago’’, uma cena que influenciou gerações de bluesmen e, principalmente, músicos de rock, de Jimmy Page a Jack White.

Junior Wells nasceu em 1934 e morreu em 1998, deixando o som de sua harmônica em mais de 80 álbuns. Ele despontou aos 19 anos, substituindo Little Walter na banda da lenda Muddy Waters. No início dos anos 60, começou a parceria com Buddy Guy. Diz a lenda do blues que os dois teriam dividido o palco em mais de 300 shows. Guy nasceu em 1936 e hoje assiste a shows de rock da garotada sabendo que não existiriam sem sua essencial contribuição na ponte entre rock branco e blues negro.

A guitarra de Guy, lânguida, sensual até, percorre de forma hipnótica as faixas de Buddy Guy & Junior Wells Play the Blues. Ela dá corpo às canções, enquanto a harmônica de Wells incendeia um clima de celebração. Eles dividem os vocais. O tom de Guy é mais grave e se presta melhor às letras típicas do blues: mulheres que atiçam os caras para depois largá-los e muito bourbon para que eles as esqueçam.

Se é possível destacar faixas num disco tão impactante, que sejam My Baby She Left Me (She Left Me a Mule to Ride), em que Wells paga tributo à gravação de 1941 de seu mestre, Sonny Boy Williamson, ou Last Night, com o som arrepiante de Clapton na slide guitar. De vez em quando, algum crítico classifica o álbum como a mais refinada gravação de blues elétrico. É verdade.

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