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Itapema FM  | 20/04/2010 10h32min

Apanhador Só lança CD de estreia com show gratuito amanhã à noite

Banda gaúcha produziu álbum independente

LUÍS BÍSSIGO  |  luis.bissigo@zerohora.com.br

O nome cruza J. D. Salinger e Caetano Veloso e o som vai da psicodelia ao xaxado – é melhor não tentar rotular o som da banda gaúcha Apanhador Só. O primeiro disco do grupo, homônimo, já está disponível na internet, chega neste mês às lojas e também ao palco: o show de lançamento será amanhã, às 20h, no Teatro Renascença, em Porto Alegre, com entrada franca.

O ato de lançar um álbum parece extravagante nos dias de hoje, em que o consumo de música passa cada vez mais pelos computadores e cada vez menos pelas lojas de discos. Mas é um movimento coerente com a trajetória da Apanhador Só, surgida em 2006 – ano em que lançou virtual e fisicamente o EP Embrulho pra Levar. Claro que a trupe lançou mão da internet para divulgar suas músicas durante todo esse período, e isso não mudou agora – o álbum pode ser baixado de graça no site www.apanhadorso.com, na íntegra ou com as 13 faixas separadas. Curioso é que, segundo a banda, o número de downloads do disco inteiro é bem maior que o das músicas individuais – sinal de que o disco de estreia realmente trouxe novas perspectivas.

– É como se a banda subisse um degrau. Um álbum gera, de alguma forma, uma mudança na tua credibilidade junto a público, imprensa, festivais. O mundo ainda assimila o formato álbum como algo importante – analisa o vocalista e guitarrista Alexandre Kumpinski. – E a gente cresceu muito como banda gravando o disco. A tua obra começa a se organizar.

Além do show de amanhã, Kumpinski, Felipe Zancanaro (guitarra), Fernão Agra (baixo) e Martin Estevez (bateria) também deverão divulgar seu CD com apresentações em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba – praças que a Apanhador Só já visitou em outros anos.

– Sair da tua cidade para fazer show é essencial. É importante saber que em São Paulo as coisas também não são fáceis, apesar de lá ainda existirem mais oportunidades pra uma banda crescer do que aqui. Também é importante saber que a cena de rock independente no Rio é muito mais fraca e desorganizada que a de Porto Alegre – compara Kumpinski.

O disco teve financiamento do Fumproarte, o que resolveu um dos grandes problemas das bandas independentes: viabilizar a gravação.

– A maior parte da galera (das bandas) trabalha pra se sustentar e leva a banda em paralelo. O mercado hoje está lindo por essa liberdade que tu tens, de ser dono do teu próprio nariz. Por outro lado, está difícil, porque não está se sustentando economicamente. A galera no Brasil todo está se virando. Ninguém está ficando rico com música, não os independentes. Quero acreditar que algum dia isso pode acontecer: não ficar rico, mas ter um mercado mais sólido à disposição – analisa Kumpinski.

Crítica: A aventura do Apanhador

Não é bravata o epíteto “música popular com espírito aventureiro” com o qual a Apanhador Só se define em sua página do MySpace. Já em 2006, em entrevista a Zero Hora, o grupo declarava seu apreço pela liberdade poética e musical, exercitada no EP Embrulho pra Levar e agora desenvolvida no disco Apanhador Só – nome que se refere ao Apanhador no Campo de Centeio de Salinger e ao Marinheiro Só cantado por Caetano.

Essa cruza de referências se reflete plenamente no som do quarteto, capaz de mergulhar na soturna melancolia de O Porta-Retrato e em seguida emergir na euforia laiá-laiá de ar nordestino em Vila do 1/2 Dia. Prédio se constrói sobre uma alegria rítmica que beira o circense, enquanto Balão-de-Vira-Mundo eleva a aposta com seu toque tangueiro. O clima geral remete indiretamente a Los Hermanos – não por acaso, outra banda bem difícil de se rotular – e algumas guitarras sugerem atmosferas de Interpol e Coldplay. Tudo tocado e interpretado com segurança e clareza – ponto também para a produção cuidadosa de Marcelo Fruet.

As letras trazem alguns achados quase casuais – como a desilusão de “O nosso amor é uma garrafa de vinho / Virando vinagre devagarinho” (em Peixeiro) e de “Eu cuspo nescafé e você chora leite de manhã” (em Nescafé), ou o trocadilho tão Zé de Um Rei e o Zé, assumidamente inspirada em Brigitte Bardot, de Tom Zé.

Letras que, no disco, vêm impressas em cartões quadrados ilustrados, alguns deles reproduzidos nesta página. Dispostos na ordem das faixas, em fileiras, os cartões formam um curioso painel, sujeito também ao gosto do ouvinte-leitor – o próprio encarte traz uma sugestão que serve também para o conteúdo sonoro do álbum: “se preferir, desconsidere qualquer instrução”.

Lançamento independente, 13 músicas. Disponível para download no site www.apanhadorso.com. No show de amanhã, o CD estará à venda a R$ 15.

ZERO HORA
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