| 04/09/2008 18h36min
A adesão do Brasil à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que reúne grandes produtores mundiais, só traria desvantagens ao país, na avaliação do diretor do diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, Adriano Pires. 
— Os países membros da Opep normalmente têm regimes políticos e grau de desenvolvimento econômico que eu não desejo para o Brasil — disse Pires, lembrando nações como Angola, Nigéria e Venezuela. 
Além disso, ele argumenta que nos países membros da Opep não há mercados livres, e a exploração do petróleo é feita por empresas monopolistas estatais. 
Na quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse que recebeu o convite do embaixador do Irã para que o Brasil integre a Opep. 
Segundo Pires, atualmente o Brasil não teria condições técnicas de fazer parte da Opep, porque a exportação de petróleo é considerada pequena. 
Mas, de acordo com ele, mesmo que o 
país tenha condições de exportar mais no futuro, essa possibilidade 
não deve ser levada em conta. 
— Mesmo que o Brasil se torne um grande produtor e exportador de petróleo e derivados, não vejo vantagens em entrar nessa organização — enfatizou. 
Ele lembra também que as regras da Opep só funcionam bem quando o preço do petróleo está em alta. 
— Quando o preço cai, os próprios membros não respeitam as cotas — diz. 
Já o professor de Administração Pública da Universidade de Brasília (UnB) José Matias Pereira lembra que o Brasil teria desvantagens econômicas se ingressasse na Opep, porque a maioria dos países que fazem parte dela são exportadores de petróleo em estado bruto. 
Segundo ele, o Brasil tem a tecnologia necessária para tirar proveito de toda a cadeia do petróleo e terá mais vantagens no mercado mundial se exportar derivados do produto. 
— Com a exportação da matéria-prima, o retorno seria pouco significativo. Mas se exportarmos uma matéria acabada, 
internamente vai agregar tecnologia, gerar mais emprego, mais renda — 
afirma. 
Pereira defende que a decisão sobre o ingresso na Opep não deve ser tomada a curto prazo, e acredita que a entrada do Brasil fortaleceria a organização. 
De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), no ano passado o Brasil importou 159,6 milhões de barris de petróleo, a um custo de R$ 11,9 bilhões. As exportações foram de 153,8 milhões de barris, que geraram uma receita de R$ 8,9 bilhões. 
 O convite surge no momento em que o Brasil inicia a exploração do pré-sal e debate qual será a melhor maneira de aplicar o dinheiro do óleo.
Confira gráfico:
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