| 17/08/2008 15h34min
Famoso por ter decretado, em 1998, a prisão do ditador chileno Augusto Pinochet, o juiz espanhol Baltasar Garzón, participará nestas segunda e terça-feira de uma série de encontros com autoridades brasileiras e representantes da sociedade civil em São Paulo e em Brasília. 
Garzon chega ao Brasil em um momento de efervescência das discussões sobre a abertura dos arquivos e punição dos torturadores dos anos de ditadura militar e revisão da Lei de Anistia. Há duas semanas, o ministro da Justiça, Tarso Genro, irritou os militares ao defender, em um seminário, a punição rigorosa para a tortura, que, em sua opinião, não pode ser classificada como crime político, mas como crime comum. 
A declaração do ministro provocou reação dos militares e um pedido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para que o ministro deixasse o assunto para ser tratado pelo Poder Judiciário. Em entrevista à revista Carta Capital, Garzón defendeu a abertura dos arquivos para que se 
possa responsabilizar os que 
cometeram crimes durante o regime militar. 
— Quando não são tomadas as decisões necessárias apoiadas na verdade, na memória, para se estabelecer o que realmente aconteceu no passado, o país tem um problema a resolver. Entendo que o mais acertado, o mais humano, o mais positivo, é que esses arquivos sejam abertos e os culpados responsabilizados, e não se tomar a atitude de que nada acontece, porque é assim mesmo — disse o juiz na entrevista. 
— O debate sobre a punição aos torturadores e a abertura dos arquivos está colocado e é importante que a sociedade participe — destacou o secretário-executivo da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), Rogério Sotille. 
Garzón vem ao Brasil atendendo a um convite do governo brasileiro. Em São Paulo, segunda, ele fará uma visita ao antigo prédio do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), hoje Estação Pinacoteca. 
O prédio, onde ocorreram crimes de tortura e assassinatos nos anos 
mais duros do período militar, serve de palco 
para a exposição “Direito à Memória e à Verdade”, organizada pela SEDH, ligada à Presidência da República. 
À noite, às 19 horas, Garzón participa do seminário internacional “Direito à Memória e à Verdade”, promovido pela SEDH, em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a revista Carta Capital. 
Na terça-feira, em Brasília, o juiz espanhol se encontrará com autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário e fará uma palestra no debate promovido pela Universidade de Brasília (UnB) e a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. 
 
							
							
								Juiz espanhol Baltasar Garzón decretou, em 1998, a prisão do ditador chileno Augusto Pinochet
								
									Foto: 
									Manu Mielniezuk, AP
									
									
								
							
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