| 28/07/2008 02h19min
Em dossiê confiado à Procuradoria da República, o delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha da Polícia Federal (PF), sustenta ter havido obstrução às investigações e boicote. 
Em 16 páginas, o delegado denuncia que foi forçado a revelar informações sensíveis do caso e insultado por colegas instalados em postos elevados. As informações são da Agência Estado. 
Protógenes reconstitui os instantes derradeiros da operação, marcados por um duelo interno. O momento crucial, relata o delegado, se deu quando a operação preparava o bote a suas presas mais evidentes, entre elas o banqueiro Daniel Dantas e o megainvestidor Naji Nahas, a quem a PF atribui o mando de organizações que se teriam associado para fraudes financeiras. "As dificuldades ocorreram antes, durante e depois da operação", acusa Protógenes. 
Um dos objetivos era Celso Pitta, ex-prefeito de São Paulo, que mora no Jardim Paulista, na zona sul da cidade. Protógenes e seus 
homens estavam a caminho quando o 
celular dele tocou. Do outro lado, uma voz exaltada - era o delegado Paulo de Tarso Teixeira. "Que p... você está fazendo que está fora da superintendência, Queiroz?", teria dito Teixeira, segundo o relato por escrito de Protógenes. "Você é um mentiroso, você mentiu para mim, você não me avisou p... nenhuma." 
Cúpula da Polícia Federal rebate denúncias de delegado 
Teixeira conduz a Divisão de Repressão a Crimes Financeiros, unidade de elite da PF. A assessoria da direção-geral da corporação informou que ele não iria se manifestar sobre o caso. Protógenes teria se comprometido a permanecer na superintendência durante a operação, daí a irritação de Teixeira. Ele diz que o chefe da Crimes Financeiros o tratou com "palavras de baixo nível" e que um "choque emocional tomou conta de toda a equipe". 
No capítulo "incidentes", que incluiu no relatório de execução da Satiagraha, Protógenes narra que começaram no dia 7 os 
preparativos para o cumprimento de 24 mandados de prisão 
e 56 de buscas. "Recebeu sucessivas ligações telefônicas, em tom agressivo, exigindo cópia da decisão judicial do juiz da 6.ª Vara Federal em São Paulo a fim de verificarem os nomes dos investigados", assinala o delegado. Protógenes recusou-se a passar a lista, alegando preocupação com o vazamento de dados secretos. 
Punido com o rótulo da insubordinação, o delegado voltou a Brasília há pouco mais de uma semana com a justificativa oficial de fazer um curso de especialização. 
A PF não admite que tenha havido "obstrução da investigação". A assessoria do delegado Luiz Fernando Corrêa, diretor-geral da PF, garantiu que "desde já se põe inteiramente à disposição" do Ministério Público e da Justiça para prestar esclarecimentos.
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