| 14/07/2008 18h59min
Depois da leitura de uma carta-compromisso de 120 linhas, a governadora Yeda Crusius, os secretários e os partidos aliados firmaram o documento ontem para simbolizar o engajamento contra a corrupção no Estado e anunciaram sete ações para coibir fraudes. Após a seqüência de escândalos envolvendo integrantes do primeiro escalão, a solenidade no Palácio Piratini representou mais um recomeço do governo. 
— A princípio, foi um vento. Depois, um ciclone, e veio um tsunami que expôs essa realidade no Brasil. Talvez tenhamos sido um dos últimos a expor as mazelas de uma corrupção endêmica — resumiu Yeda, que disse não ter fechado a janela ou a porta para denúncias. 
Clique aqui e confira a íntegra da carta-compromisso
Entre as principais medidas, destaca-se a criação de uma secretaria da transparência e combate à corrupção, que 
cobrará dos gestores a correção de falhas ou 
ilegalidades apontadas pela Contadoria e Auditoria Geral do Estado (Cage). O titular da pasta ainda não foi anunciado. Outra novidade será a implantação do chamado Portal da Transparência, que divulgará na internet todas as receitas e gastos do governo estadual a partir de outubro (veja todas as medidas na página ao lado). 
Ao detalhar os compromissos do Executivo ontem, Yeda celebrou o fato de a cerimônia de anúncio da carta ser feita no mesmo dia em que ocorreu a Queda da Bastilha, evento que marcou o início da Revolução Francesa, em 14 de julho de 1789. 
— A carta marca uma data e uma evolução. Hoje (ontem) fazemos a reafirmação desses valores republicanos que não mudam. Na revolução do Rio Grande do Sul, liberdade, igualdade e humanidade — afirmou a governadora. 
No documento, o Executivo e aliados formalizaram a "rejeição a um conjunto de práticas que fere gravemente a ética, a boa política e o mais elevado interesse do povo sul-rio-grandense", 
como os crimes cometidos por gestores 
estaduais e o "denuncismo" que ameaça a gestão considerada exitosa. 
— A gestão do Estado não estava em crise. Havia a sensação de corrupção generalizada e impressão de que o governo era condescendente. Queremos mostrar que isso não é verdade — explicou Sérgio Camps de Morais, integrante do gabinete de transição, que planejou as medidas. 
Uma foto coletiva do grupo registrou a nova fase do Executivo. Minutos antes, ao ritmo do Hino Rio-Grandense, dezenas de convidados acompanharam a narração da carta. Deputados e representantes de poderes, como o presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), João Luiz Vargas, citado na fraude do Detran, assistiram à apresentação. 
— Sempre é um passo importante rumo à transparência. É um espírito que as instituições precisam para fortalecer o controle interno — avaliou o procurador-geral de Justiça, Mauro Renner. 
As palavras ética e transparência estavam entre as mais citadas pela governadora: 
— Vivemos uma crise ética e do conjunto 
de regras que nos regem. Ética não tem proprietário. É um valor. 
Yeda só perdeu a naturalidade e demonstrou incômodo quando indagada sobre a compra da casa. Ontem, ela aproveitou para dizer que sancionou uma lei que permite a divulgação permanente da evolução patrimonial de gestores públicos: 
— Estou fazendo isso pessoalmente porque não há como saber o quanto sou afetada por essa crise. 
A governadora não deu prazo para promover as mudanças no secretariado. Apenas anunciou o novo chefe da representação do governo do Rio Grande do Sul em Brasília. O jornalista Fernando Guedes substituirá Marcelo Cavalcante, que deixou o cargo no dia 7 de junho.
Infográfico mostra os bastidores da crise.
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