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 | 21/04/2008 15h51min

Expedição Jacuí: estiagem transforma o rio em paisagem lunar

Seca compromete a irrigação das lavouras e o abastecimento urbano das cidades

Humberto Trezzi  |  humberto.trezzi@zerohora.com.br

— Perigo, sujeito a inundações — avisa a placa junto à taipa da represa da barragem de Ernestina, a primeira das cinco grandes existentes no Jacuí. O alerta soa como piada. O rio está tão raso, em função da estiagem, que a enorme murada de concreto está praticamente seca. A parede, que deveria formar cascatas feito uma pequena Foz do Iguaçu, está lisa e apenas filetes imperceptíveis de água escorrem por ela.

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Abaixo da represa, situada a 300 km de Porto Alegre, o Jacuí sumiu e no lugar dele ficaram milhares de poças de água formadas no solo rochoso, feito crateras lunares. O pouco de água que conseguiu escapar ao calorão desliza em filetes, castigados pelo sol abrasador. O rio vira ali um riacho, nem sombra do portento que abastece toda a Região Metropolitana.

A estiagem compromete a irrigação das lavouras e o abastecimento urbano das cidades próximas. Tio Hugo, município situado às margens da barragem Ernestina, decretou Estado de Emergência em função da seca. O cálculo de técnicos da Emater, como Carlos Groth, é de que 40% das plantações de soja e 60% das de milho foram perdidos em decorrência da falta de chuvas. Hoje, enquanto a Grande Porto Alegre vivenciava uma chuvarada, o sol brilhava, calcinante, sobre a região da Ernestina.


O prejuízo não se resume às lavouras e torneiras. Navegar pela Ernestina se tornou um perigo. Maior balneário da região do Planalto Médio, point de veranistas de Passo Fundo, a barragem está quase quatro metros abaixo do nível normal. Os trapiches para amarrar barcos estão suspensos, metros acima da água, sem função.

Com a seca, uma verdadeira floresta de troncos de árvore apodrecidos — resquícios da inundação que gerou o lago, em 1962 — aflorou. Mesmo com canoas e outros barcos pequenos, é difícil driblar os tocos. Para lanchas, o perigo é maior, já que as hélices batem na madeira e arrebentam, deixando o barco à deriva.

— Nunca vi seca tão grande. E olha que navego aqui há uns 20 anos — comenta o comerciante Marcos de Oliveira, dono de um restaurante em Passo Fundo e de uma canoa motorizada que ele botou para navegar na Ernestina, durante o feriadão.

Oliveira acertou no diagnóstico. Conforme o técnico da Emater Carlos Groth, desde 1986 a região não é atingida por uma estiagem tão grande.


Confira a cobertura completa da Expedição Jacuí em Zero Hora desta terça-feira

Emílio Pedroso / 

Barragem de Ernestina, a primeira das cinco grandes existentes no Jacuí, enfrenta o problema da estiagem
Foto:  Emílio Pedroso


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