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Conteúdo: regionalismo  | 20/09/2011 08h30min

No Acampamento, cavalos são companhia dos policiais

Regimento de Polícia Montada faz a segurança dentro do parque

Renato Gava  |  renato.gava@diariogaucho.com.br

Poucas coisas caracterizam mais o homem do campo do que o cavalo. Figura importante na Revolução Farroupilha, o animal até hoje é usado por militares em serviço. Desde lá, pouca coisa mudou na relação cavaleiro/cavalo. Este ano, por determinação do comando da Brigada Militar, o Regimento de Polícia Montada iria circular apenas na parte de fora do acampamento do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. A ideia era preservar o local dos excrementos. Mas, três dias depois da chegada dos piquetes, os cavaleiros foram convocados a entrar para trabalhar contra desordeiros que arrumavam brigas.

Deu certo: não houve mais registro de esfaqueados.

"Tchê, é uma parceria. Eu ensino ele, e ele me ensina."

Dessa forma, o sargento Newton Souza da Silva resume sua lida com o cavalo Parobé da Serra. O cavaleiro, 44 anos, e o potro, três anos e meio, formam uma das 30 duplas homem/cavalo do 4º Regimento de Policia Montada (RPMon) que atuam no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho.

Passeiam pelas ruas e deixam um aviso aos calaveras mais folgosos: confusão e tradição até rimam, mas não combinam.

- Este ano está mais calmo, mas sempre tem um ou outro que exagera na bebida e causa tumultos. Houve pequenos furtos, nada que não possa ser controlado - avisa o homem da lei.

- Vivente gosta da lida campeira

Mesmo nas folgas, o soldado não larga o osso. De bombacha e cuia, pega a patroa e os piás e volta ao Acampamento Farroupilha. E, como diz um ditado gaudério, "fica mais faceiro que gordo em camisa nova."

- Gosto das tradições. No trabalho, a gente não tem tempo de curtir. Vou aos piquetes conferir a culinária e outras atrações - diz o vivente, natural de Porto Alegre.

- Com cavalo fica fácil dispersar

Newton é um dos mais queras do RPMon. A relação dele com cavalos é "mais longa que bronca de gago": são 20 anos escovando, lavando e tratando bichos como o Parobé da Serra. E, desde que a festa existe, ele participa. Entre os PMs, é "mais conhecido do que parteira de campanha":

- Em geral, os cavaleiros experientes montam os potros. Os cavalos experimentados ficam com os soldados novos.

Nos entreveros, sejam em parques, estádios ou qualquer festa na qual exista "algum papudo à meia guampa", Newton acredita que o cavalo é mais eficiente que o homem. No peitaço, enfrentar o animal é "mais difícil que nadar de poncho":

- Fica seguro dispersar a multidão.

- Cruzamento que deu certo

O zaino Parobé da Serra descende de animais das raças Crioula e Bretão. O bagual terá pela frente uns 17 anos na lida policial.

- Depois, deverá ser doado para o cavaleiro com quem trabalhava, desde que ele tenha um local apropriado para criá-lo - adverte Newton.

Por enquanto, o dia-a-dia do bicho é "tranquilo e sereno feito baile de moreno". Trabalha, no máximo, seis horas por dia. No mais, é dormir e comer. Não é à toa que o pelo está "mais bonito que laranja de amostra".

- Para ele, ficar no parque é ótimo. Uma chance de sair do asfalto e cavalgar na terra. Não tenho dúvida de que ele gosta mais - conta o PM, fazendo carinho no dorso do animal.

- Um causo surpreendente

Quem acompanha o sargento é o novato Anderson Lopes, um ano de RPMon. Como parceiro tem Dínamo, 18 anos, muitos deles de serviços prestados à Brigada. Um quarto-de-milha tordilho:

- É um animal tranquilo. Excelente montaria - qualifica o vivente de Cachoeira do Sul.

O PM viu de perto, no quartel, um causo surpreendente:

- Um cavalo ficou velho e o doaram para um homem, de um sítio longe. Três dias depois, o sentinela escutou um barulho no portão, foi conferir e viu o cavalo, batendo com a pata no ferro. O animal fugiu e retornou.

O cavalo estava "mais magro que piá com solitária". Ganhou comida e voltou a morar no quartel.

- Ocorrências no parque

Números da BM

Abordagens: 39
Exercício ilegal da profissão: 16
Furtos simples: oito
Lesões corporais: seis
Porte ilegal de arma branca: cinco
Desordem e vias de fato: quatro cada
Furto qualificado e roubo: dois cada
Prisão de foragido, desacato, fraude, maus tratos e posse de droga: um caso cada
Foram oito boletins de ocorrência, 28 termos circunstanciados, nove facas apreendidas, dois levados ao Conselho Tutelar e três conduzidos ao Deca

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