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Educação Básica  | 05/11/2013 15h04min

Escola de Campo Bom tem dois projetos entre os finalistas de prêmio da Microsoft

Escola Municipal Santos Dumont concorre a uma vaga na etapa mundial do concurso Educadores Inovadores

Bruno Felin  |  bruno.felin@zerohora.com.br

Pelo quarto ano consecutivo uma instituição de Campo Bom aguarda com ansiedade o anúncio dos classificados para a etapa mundial do prêmio Educadores Inovadores, realizado pela Microsoft.

E, desta vez, a Escola Municipal Santos Dumont superou todas as expectativas: tem dois projetos entre os 10 finalistas de todo o país. Se vencer nesta terça-feira, irá apresentar o trabalho no ano que vem em Barcelona, na Espanha.

As duas ideias surgiram da conexão entre a instituição e as necessidades da comunidade. De um lado o Projeto Peri, que mapeia e alerta a população para o risco de cheias. Do outro, o Up Down, uma webnovela feita totalmente pelos alunos sobre a problemática das drogas.

Mas o que faz os professores do município de 60 mil habitantes no Vale do Sinos estarem entre os mais inovadores do país, disputando com grandes metrópoles? Um dos ingredientes desta receita de sucesso é a rede pública gratuita de internet sem fio, que foi implantada em toda a cidade há quatro anos.

Com isso, o universo digital chegou a uma parcela da população que enfrentaria dificuldades para viver uma revolução normalmente restrita aos que podem pagar. Além disso, os professores receberam carta branca da prefeitura para criar e buscaram ideias conectadas com o mundo dos jovens.

— Acreditamos que essa é a função da escola, preparar para além dos muros, trazer o conhecimento para a rua. Queremos os alunos com espírito coletivo, pensando em como melhorar a cidade deles — afirma Eliane dos Reis, secretária de educação de Campo Bom.

Conforme Antonio Moraes, diretor de educação da Microsoft Brasil, este é justamente um dos objetivos do prêmio, um dos principais da área: 

— Queremos premiar educadores que tenham trazido inovações utilizando a tecnologia como meio, não quem está ensinando a usar tecnologia. É um reconhecimento para quem faz as aulas mais instigantes e motivadoras para os alunos. .

VÍDEO: Lúcio Maya Lopes, 12 anos, explica como funciona o Projeto Peri:



Turma abriu os olhos da cidade para arroio

A cerca de três quadras da escola Santos Dumont fica o Arroio Peri. De um lado, Campo Bom, do outro, Novo Hamburgo. É em tempo de cheia que o pequeno córrego se transforma e invade as casas da vizinhança, muitas habitadas pelos próprios alunos. Foi partindo de três problemas — as cheias, a falta de um mapeamento correto da área e a necessidade de conscientizar os alunos — que nasceu, no ano passado, o Projeto Peri.

Uma turma do 6º ano foi escolhida para tomar a dianteira. Passou a estudar cada palmo de chão da área, monitorando semanalmente qualidade, coloração, odor e outros aspectos da água em um esforço interdisciplinar. Professores de matemática, português, ciências e outras disciplinas incluíram a temática nas aulas sempre que possível.


Alunos fazem monitoramento do arroio - Foto: Charles Dias, Especial

O resultado está na ponta da língua da gurizada, que se prepara para responder tudo sobre o Peri nas competições:

— Apresentamos para os professores várias vezes por dia antes de ir, se não soubéssemos alguma resposta eles nos pegavam pelas orelhas — brinca Ana Paula Sobierai da Cruz, 11 anos.

Do forte envolvimento do grupo surgiu o Peri S.O.S..Com base nos índices pluviométricos, os alunos passaram a aproximar-se da comunidade com alertas via SMS – verde a situação é tranquila, amarelo é preciso cuidado, vermelho há risco de cheia e preto o arroio está transbordando e é preciso procurar abrigo.  

Durante as fortes chuvas de agosto deste ano, a contribuição dos 63 alunos participantes foi posta à prova, e os alertas, constantes. Em um dos dias, após uma falha na conexão de internet, eles usaram até celulares pessoais para mandar os avisos.

— O projeto fez com que a prefeitura passasse a se importar mais com o arroio, fazendo mais frequentemente a limpeza, pois avisamos quando há problemas, quando uma árvore está caída, barrando a passagem da água, por exemplo — explica a professora de matemática Vanessa Müller, uma das incentivadoras do trabalho.

Ideia, câmera e ação

Maysa Schllemberger diz que nasceu pronta ao responder a pergunta: “Podemos gravar?”, feita pelos colegas da claquete. Aos 11 anos, além de assumir a própria maquiagem e o papel de protagonista da webnovela Up Down, a menina adaptou o roteiro em que vive Amanda, uma jovem que experimenta drogas e se afasta dos pais.

O professor de matemática Cleiton Backes, que também participa do trabalho no Peri, percebeu no gosto dos alunos a chance de criar um projeto inovador:

— Vi que eles gostavam de novelas como Malhação e Rebelde e surgiu a ideia. Não podemos bater de frente com eles, proibindo o celular, por exemplo. O processo tem que ser contrário, precisamos fazer com que os conteúdos sejam mais interessante — afirma.

Turma durante uma cena da webnovela - Foto: Charles Dias, Especial

Com uma câmera fotográfica comum, foi filmada a primeira série da webnovela, no início de 2012. A turma tomou conta da produção. Selecionou os perfis para cada papel, procurou os melhores alunos na aula de português para escrever o roteiro e publicou sete episódios na rede.

Depois do sucesso na escola, os alunos venceram a semana de ciência e tecnologia da cidade e, com a verba de R$ 3 mil, compraram uma câmera semiprofissional, equipamento de áudio e montaram um estúdio dentro da escola. O tema deste ano é o conflito de gerações. Maysa — a Amanda — começa a usar drogas e perde o respeito dos pais, mas depois se dá conta do erro.

— A novela ensina. A minha mãe (na história) é ajuizada e mostra que temos que ser assim. No final (da novela) vou ficar me arrependendo, pois ninguém gosta de ser drogado — diz Maysa, falando como se fosse a própria personagem.

ZERO HORA
Charles Dias / Especial

Estudantes de Campo Bom participam de todas as etapas de produção de uma webnovela
Foto:  Charles Dias  /  Especial


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