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A Educação Precisa de Respostas  | 31/08/2013 13h02min

Pais e filhos aprendem juntos

Conheça algumas atitudes

Kamila Almeida  |  kamila.almeida@zerohora.com.br

Formar bem uma criança requer uma escola de qualidade, mas também exige a participação ativa dos pais. As práticas e as relações que ocorrem dentro de casa podem potencializar o aprendizado. É função dos pais estimular os alunos e também construir um ambiente favorável para os estudos. Dar exemplos e mostrar, no dia a dia, que a educação é importante para aquela família pode ser o primeiro passo.

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Augusto Buchweitz, pesquisador em neurociências do Instituto do Cérebro (Inscer) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), lembra que o auxílio dos pais vem de itens que à primeira vista pouco têm a ver com a escola. Estimular a persistência, por exemplo, é importante desde sempre. Aos seis anos, o cérebro tem o peso e o tamanho do de um adulto, e a formação dos circuitos neurais se dá nos anos iniciais e, depois, na adolescência.

— Tudo o que tiver que remediar depois, na vida adulta, fica mais custoso em termos de energia fisiológica. O papel dos pais aí é desenvolver o capital mental — afirma Buchweitz.

Um estudo inédito desenvolvido pelo movimento Todos pela Educação ouviu famílias e professores de Porto Alegre, Belém do Pará, Goiânia, São Paulo e Recife. O resultado das conversas virou o projeto Envolver para Educar e chegou a cinco atitudes que, em conjunto, prometem fazer a diferença. A pesquisa serviu de base para reunir dicas e sugestões que possam auxiliar os pais e deixar esse processo mais fácil.

O papel da família na educação é um dos cinco temas tratados na campanha A Educação Precisa de Respostas, promovida pelo Grupo RBS e pela Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho.

>>> Assista ao vídeo da campanha

Ações e reações

1 Formar para valores e habilidades importantes para a vida e a escola

AÇÃO

> Ter disciplina com horários para as atividades do dia a dia.

> Conversar com os filhos sobre fatos do cotidiano: contar e perguntar, falar e escutar.

> Propor atividades que exijam concentração, como jogos e a contação de histórias.

Reação

> Ajuda a desenvolver a persistência, concentração, comunicação, criatividade, saber ouvir e trabalhar em equipe.

> Falar e escutar são mecanismos naturais, ler, não. Por isso é tão importante ir treinando o cérebro da criança para que, quando chegue na fase de alfabetização, esteja mais preparada para fazer associações.

> Resiliência, ajudando as crianças a lidar com as emoções, como a felicidade e o medo, por exemplo, e melhorando as competências pedagógicas por meio do controle de impulsos.

2 Colocar a educação no dia a dia da família

AÇÃO

> Levar ou buscar à escola sempre que possível, estabelecer relação com o ambiente escolar, além de participar de reuniões de pais.

> Não deixar faltar sem motivo e respeitar os horários das aulas.

> Ter horários de estudo e um cantinho para os deveres em casa.

Reação

> O ato de ir até a escola com os pais é prazeroso para a criança e ativa, principalmente, o sistema límbico — região que processa as emoções no cérebro, ajudando a desenvolver a inteligência emocional.

> A disciplina ajuda a regrar alguns fatores como o sono, essencial na fixação do conteúdo. Além do descanso necessário, é no sono que se consolidam as memórias.

> Qualquer barulho que disperse a atenção da criança faz com que ela gaste um estoque ainda maior de energia para a concentração.

3 Valorizar a aprendizagem

AÇÃO

> Perguntar para o filho o que aprendeu naquele dia, pedir para que ensine algo que aprendeu para você e buscar incorporar o que o estudante aprendeu na escola no cotidiano.

> Verificar se o filho está fazendo a lição de casa e os trabalhos solicitados pela escola.

> Estimular a pesquisa sobre conteúdos que estão sendo aprendidos.

Reação

> Estabelecer um debate sobre temas da atualidade é um exercício diário de leitura, discussão e raciocínio. Isso faz com que haja novas associações e que as memórias da criança sejam reforçadas, em um processo que poderia ser comparado com a formação de fibras musculares.

> Mostrar para o pai que conseguiu resolver um exercício tem um importante componente de recompensa. O sistema de recompensa no cérebro é importante porque ele consolida o que a gente faz e estimula a querer buscar mais.

4 Cuidar do projeto de vida do filho

AÇÃO

> Acreditar no potencial dos filhos, demonstrar altas expectativas.

> Contar como desenvolve seu trabalho, suas atividades no trabalho, pedir para outros familiares ou pais de colegas também contarem suas experiências.

> Incentivar o protagonismo na escola, fomentar o voluntariado.

Reação

> Pesquisas mostram que, a cada cem alunos que ingressam no Ensino Médio no Brasil, metade não o conclui. Projetos como o criado pelo presidente do Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação Marcos Magalhães, conseguiram elevar para 95% o percentual de formandos. A ideia é focada no projeto de vida, no qual os alunos a partir do 8º ano do Ensino Fundamental passam a ter aulas que os apoiarão a tomar decisões para a vida, incluindo a carreira (veja no quadro à direita como traçar um projeto de vida.)

5 Ampliar o universo cultural e esportivo dos filhos

AÇÃO

> Levar as crianças e os jovens ao teatro, a museus e a exposições.

> Estimular a prática de esportes.

> Sugerir que a escola promova atividades culturais no contraturno ou nos fins de semana, nas quais os pais possam participar e interagir com os filhos e com as famílias de outros estudantes.

Reação

> Quanto maior o repertório cultural e esportivo da criança, melhor será o aprendizado dela.

> Atividades como teatro impulsionam a aprendizagem, pois as crianças precisam se concentrar no texto, têm de esperar a hora certa para falar.

> Aulas de música também ajudam nesta habilidade de distinguir som, variação de tons. São fatores que permitem proteger das dificuldades e acelerar o aprendizado da criança que não desenvolver nenhum transtorno.

Fontes consultadas: Priscila Cruz, diretora-executiva do Movimento Todos Pela Educação, Augusto Buchweitz, graduado em Letras e pesquisador em neurociências do Instituto do Cérebro (Inscer) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Marcos Magalhães, presidente do Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE) e Adriana Fóz, psicopedagoga especialista em Neuropsicologia e autora do livro A Cura do Cérebro.

Estímulo no momento certo

O cérebro pede estímulos e é preciso aproveitar as fases certas para garantir um melhor aprendizado. É importante que a criança não seja sobrecarregada com exigências fora de hora.

Até os três anos

> Trabalhe o CONTROLE EMOCIONAL. Atitudes como negar um doce fora de hora para a criança ajuda a impor limites e demonstrar afeto, estimulando o autocontrole.

Até os quatro anos

> É o melhor momento para trabalhar a MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO, com jogos de ação e de tabuleiro e softwares educativos no computador.

Até seis anos

> É a melhor época para estimular um bom VOCABULÁRIO. Aos seis anos, a criança tem capacidade de aprender 13 mil palavras. Ler poesia, ver filmes, passear nas livrarias, ir a parques são boas práticas.

Entre sete e oito anos

> Como já consegue trabalhar com regras, coloque-o em esportes variados. A adaptação às regras ajuda a desenvolver a organização.

Até 10 anos

> Converse muito com a criança para que desenvolva a LINGUAGEM FALADA e ESCRITA. Filhos de pais quietos tendem a ter um vocabulário mais restrito.

> Matricule-o em atividades que tenham INSTRUMENTOS MUSICAIS, para que trabalhem o ritmo, o autocontrole e a emoção.

FONTE: Adriana Fóz, psicopedagoga especialista em Neuropsicologia e autora do livro A Cura do Cérebro.

Traçando um projeto de vida

> Converse com o seu filho e estimule que ele responda às seguintes questões em um caderno:

1) Quem sou eu?

2) Qual é o meu sonho?

3) Onde eu quero chegar? Quem eu quero ser?

> Ainda que ele almeje coisas aparentemente distantes, não o desanime. Apenas deixe claro que quanto maior a ambição, maior deverá ser o seu esforço.

> Ao anotar as ideias no papel, o adolescente cria um roteiro de metas a curto, médio e longo prazo para que consiga alcançar seus objetivos. Ajude a traçar estas estratégias, como cursos de línguas, leituras, e até mesmo dedicação maior em determinadas disciplinas.

> Revisitem as respostas a cada seis meses e refaçam tudo novamente. Será importante para ver como ele pensava no passado e ajuda a olhar com mais clareza para projeções futuras.

> Lembre que o projeto de vida é a definição de que pessoa ele quer ser e isso inclui não só a carreira que terá no futuro, mas também o tipo de ser humano que se tornará.

> A partir das respostas, estimule pesquisas sobre a profissão cogitada e, se possível, promova encontros do adolescente com o profissional da área almejada.

> Atenção! E se ele mudar de ideia a cada semestre? Melhor ainda! O especialista Marcos Magalhães lembra que cerca de 40% dos jovens mudam de curso ou abandonam os estudos no meio da faculdade. Ao apoiá-lo nesse processo de desenvolvimento, a ideia é diminuir as possibilidades de escolhas equivocadas.

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Arquivo RBS / Divulgação

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Foto:  Arquivo RBS  /  Divulgação


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