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O X da Educação  | 17/07/2010 18h17min

Por que a rede de ensino privada gaúcha não avança

Marcelo Gonzatto

A análise dos números que compõem o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do Rio Grande do Sul, divulgado no dia 5, revela que a estagnação no resultado das escolas privadas é um dos principais obstáculos ao avanço dos gaúchos no ranking nacional. O Ideb, indicador destinado a monitorar a qualidade do ensino no país, é calculado com base no desempenho dos estudantes em avaliações de português e matemática e nas taxas de aprovação escolar registradas ao final de cada ano.

Esses valores, combinados, são transformados em uma média de zero a 10 que permite conferir separadamente o nível das preparação nas séries iniciais e finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio das redes pública e particular.

Analisados de forma isolada, e em comparação com o resultado dos demais Estados, os componentes do Ideb revelam onde a educação gaúcha precisa melhorar a fim de se aproximar do topo do ranking nacional – o Estado varia entre a terceira e a nona posições nas diferentes séries e redes de ensino avaliadas.

Uma das conclusões é de que a nota da rede particular de ensino, que participa do Ideb por meio de uma amostra de escolas, está estagnada.

Escolas estaduais registram melhora

No Ensino Médio, por exemplo, o resultado é o mesmo nas três avaliações já feitas – referentes aos anos 2005, 2007 e 2009 (veja quadro). Nas séries finais do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série), houve uma queda de 5% na média ao longo desses quatro anos. Somente nos primeiros anos do Fundamental (até a 4ª série) foi registrado avanço constante. Ainda assim, o Estado caiu do sétimo para o oitavo lugar no ranking nacional desse nível de ensino porque o crescimento verificado na rede particular de outras regiões do país foi superior.

Como resultado, as séries finais e o Ensino Médio não atingiram as metas calculadas pelo Ministério da Educação para os estabelecimentos particulares rio-grandenses. O resultado chama a atenção porque, embora os colégios privados obtenham desempenho melhor do que a rede pública em todos os níveis, as escolas estaduais gaúchas vêm registrando acréscimo nas médias do Ideb em todas as faixas desde que esse índice foi lançado.

O presidente interino do Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino Privado (Sinepe/RS), Hilário Bassotto, afirma que é preciso levar em conta que o sistema privado participa da avaliação nacional apenas por amostragem. Segundo ele, isso dificulta uma análise aprofundada dos resultados.

– É preciso saber se as escolas definidas na amostragem de fato refletem a realidade da rede de instituições privadas. Independentemente disto, não podemos fechar os olhos para esses dados – afirma Bassotto.

Excesso de conteúdo pode atrapalhar

Para o representante do Sinepe, uma das possíveis razões para a estagnação do Ensino Médio está na elaboração do currículo:

– A forma fragmentada como é organizado o currículo, em que há preponderância na quantidade de conteúdos em detrimento de aprofundamento, também gera desinteresse e desmotivação nos estudantes.

Confira, nesta reportagem, as avaliações de especialistas sobre o que impede o avanço dos estabelecimentos particulares gaúchos na avaliação do governo federal e o que pode ser feito para recuperar posições no ranking nacional da educação paga.

Resultados pioram a partir da 4ª série

O maior desafio para os diretores de escolas particulares do Estado é estender para além da 4ª série os resultados que vêm sendo obtidos nos primeiros anos do Ensino Fundamental.

As tabelas detalhadas que embasam o cálculo do Ideb revelam que o desempenho começa a piorar a partir da 5ª série e se mantém assim ao longo do Ensino Médio. E um dos maiores problemas, segundo sugerem os números, está no ensino de matemática.

Desde 2005, as séries iniciais da rede privada gaúcha vêm melhorando seu índice – começou com média 5,8, passou para 6,1 (já acima da média 6, considerada satisfatória pelo governo federal) e, agora, alcançou 6,4 em uma escala que vai até 10.

Enquanto isso, as séries finais e o Ensino Médio patinam e ficam abaixo das metas definidas pelo MEC para o ano passado. Para o presidente interino do Sinepe/RS, Hilário Bassotto, o bom desempenho no começo da vida escolar pode estar relacionado à recente ampliação do Ensino Fundamental de oito para nove anos.

– Percebemos que as escolas aproveitaram a mudança para revisar seus processos e trazer melhorias para salas de aula. Há uma preocupação com investimentos nos educadores buscando novas e melhores práticas pedagógicas. O desafio é estender essas iniciativas de sucesso às demais séries do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio – avalia.

Para Nalú Farenzena, professora da Faculdade de Educação da UFRGS e especialista em gestão da educação, os primeiros anos de escola têm recebido maior atenção de governos e instituições de maneira geral no país.

– De longa data, no Brasil e no Rio Grande do Sul, houve uma intervenção mais significativa em termos de oferta de determinadas condições, não só de dinheiro, mas de formação continuada de professores de séries iniciais. É o nível onde trabalham mais pedagogos e profissionais formados no nível Médio, no antigo Magistério – acredita.

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