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O X da Educação  | 02/06/2009 11h07min

Cresce número de estudantes com necessidades especiais em escolas regulares

Ao se adaptar, todo o grupo aprende a vencer preconceitos

LETÍCIA DUARTE  |  leticia.duarte@zerohora.com.br

Quando conheceu a aluna Diuliana Guimarães Borges, o colega Antonio dos Santos, de nove anos, estranhou. Como a menina tinha dificuldades de enxergar e até de pegar o lápis, em consequência de uma paralisia cerebral, pensou que ela não seria capaz de aprender. A cada dia, porém, o aluno da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dolores Alcaraz Caldas, em Porto Alegre, descobre que quem precisava aprender era ele.

– Vi que ela pode fazer um monte de coisas, e ela está aprendendo. Ontem, ela fez o A – constata o colega, do 3º ano do Ensino Fundamental.

A descoberta do pequeno Antonio é uma realidade entre as escolas que promovem a inclusão de mais de 28 mil alunos com necessidades especiais no Rio Grande do Sul. Um desafio crescente: segundo dados do Censo Escolar do Ministério da Educação, o número desses estudantes em escolas regulares no Estado cresceu 38% em oito anos, na soma das redes estadual, municipal e particular. Embora o processo ainda enfrente resistências, instituições que investem em estratégias para acolher alunos com dificuldades motoras, auditivas, visuais e mentais em turmas regulares comemoram conquistas. Ao se adaptar para receber uma criança especial, todo o grupo aprende a vencer preconceitos.

– Até pouco tempo, não se tinham expectativas de que essas crianças pudessem estudar e ir além em sua escolarização. Hoje, elas chegam cada vez mais ao Ensino Superior. Pela lei, as escolas já não podem negar matrícula para nenhum aluno, mas a questão não é só a entrada, precisamos pensar em como garantir a permanência e a qualidade do ensino, caso contrário, a entrada dessas crianças nas escolas regulares poderá promover processos de "inclusão excludente" – alerta a professora do Departamento de Estudos Especializados da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Adriana da Silva Thoma.

Uma das apostas é o projeto de docência compartilhada

Desafiados diante de uma nova realidade, os estabelecimentos de ensino começam a rever suas práticas. Na Escola Dolores Caldas, por exemplo, onde cerca de 50 dos 1,7 mil alunos têm algum tipo de deficiência, uma das apostas é o projeto de docência compartilhada. Em duas turmas, dois professores dividem a mesma sala de aula, para garantir que a inclusão aconteça e que alunos como Diuliana possam aprender. Enquanto um dá atenção ao grupo todo, o outro desenvolve atividades específicas a fim de estimular o aprendizado de quem mais precisa.

– É um desafio muito grande, a gente planeja às vezes uma atividade e na hora descobre que não vai funcionar, mas é compensador. Ontem, passamos pela escola inteira mostrando a letra A que a Diuliana conseguiu fazer. Todo mundo fica feliz, os alunos correm para ficar com ela no recreio – conta a professora Geani Droescher, uma das que atuam na sala da menina.

As transformações também atingem a rede privada. O presidente do Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino Privado no Estado do Rio Grande do Sul, Osvino Toillier, afirma que a meta é adaptar a estrutura dos prédios para assegurar acessibilidade até 2010. Mas também aponta limitações.

– Somos totalmente a favor da inclusão, mas é impossível que cada escola atenda a todos os tipos de necessidade especial. Dependendo da natureza da dificuldade o caso é tão complexo que exige uma verdadeira equipe para atender, e isso gera custos. Quem vai pagar? – questiona.

No Colégio La Salle Dores, em Porto Alegre, 25 alunos especiais frequentam turmas regulares. Para reforçar o aprendizado, alunos com deficiência mental frequentam laboratórios de ensino e aprendizagem no turno inverso. Colega de um aluno que sofre de esquizofrenia, Gabriela de Mello Colombo, 10 anos, ajuda o garoto a copiar a matéria e guardar seus materiais.

– A gente aprende a conviver e a respeitar as diferenças. Antes eu achava que, se ele estava precisando de ajuda, eu não tinha nada a ver com aquilo, porque cada um tinha que se virar. No começo, os colegas riam porque ele falava sozinho, mas agora todo mundo ajuda, passa a matéria, e isso é bem legal – conta.

ZERO HORA

Comentários

Dea

Denuncie este comentário26/06/2009 17:48

Acho ótimo que as escolas estejam fazendo a inclusão de alunos com necessidades educativas especiais, porém questiono um pouco de que forma está sendo realizado o processo. Temo que aconteça a integração o que é completamente diferente de inclusão.


Eloisa de Mello

Denuncie este comentário15/06/2009 19:15

Não é correto afirmar que o Colégio La Salle atende alunos com deficiência mental. Os alunos têm necessidades especiais de aprendizagem. Afirmar que um aluno em especial tem esquizofrenia é no mínimo leviano. É inadmissível ver como os depoimentos são distorcidos e como expoem as crianças sem autorização dos pais.


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