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O X da Educação  | 04/03/2009 12h46min

Família e escola na questão da indisciplina

Eloci Gloria de Mello, Pedagoga e psicopedagoga

A questão da indisciplina não é um problema recente, mas parece ter se tornado um dos maiores desafios atuais da prática docente. É frequentemente centralizada no aluno, sem se atentar para a díade família/escola, onde as causas da indisciplina estão entrelaçadas. É necessária uma análise deste contexto e dos papéis e responsabilidades de seus atores: pais, professores e alunos.

É visível que a indisciplina, em todas as classes sociais, tornou-se uma prática crescente não só dentro das escolas, mas também dentro de casa, nas ruas, nos ambientes coletivos como shoppings, nos meios de transporte etc.; a situação está se tornando insustentável e frequentemente os meios de comunicação noticiam uma nova demonstração da falta de limites na violência cometida por um jovem ou adolescente.

É possível responsabilizar a família desses jovens e adolescentes por suas atitudes? Pensa-se que não é possível determinar um “culpado”, embora as novas formas em que estão organizadas as famílias possam representar uma pista de que algo não vai bem. Outra consequência desta configuração familiar moderna são pais ansiosos por compensar sua falta, dando aos filhos uma liberdade sem fronteiras, deixando as crianças sem parâmetros entre o que é correto e o que não é: gratificam excessivamente os filhos, que, por sua vez, acabam desenvolvendo uma baixa tolerância à frustração e chegam à escola, muitas vezes o único lugar onde podem expressar-se, com dificuldades em aceitar regras.

A indisciplina escolar não envolve somente características encontradas fora da escola, como problemas sociais, sobrevivência precária e baixa qualidade de vida, além de conflitos nas relações familiares, mas também aspectos envolvidos na escola, como a relação professor-aluno e a possibilidade de o cotidiano escolar ser permeado por um currículo oculto, entre outros.

A escola, na grande maioria, continua ocupando uma postura de repassadora de conteúdos, numa relação ditatorial que desconhece as necessidades dos alunos, ignorando que eles fazem parte da era da informação, com toda a tecnologia moderna ao seu alcance, mesmo nas comunidades mais pobres, o que justifica a necessidade da escola de reciclar-se, incluindo o uso de novos recursos, por exemplo, para que as aulas deixem de ser enfadonhas e passem a ser interessantes e provocativas.

Reforçando este problema, a escola, numa relação autoritária, estabelece regras sem observar as peculiaridades de seus alunos e professores, os quais não percebem que não são o tempo todo ensinantes, mas que também aprendem e devem abrir mão de uma postura autoritária que não considere os conhecimentos dos alunos, negando-se a ampliar seus próprios conhecimentos com eles.

A ideia que se defende é de que há necessidade de um trabalho pautado na reciprocidade e, consequentemente, na cooperação e na colaboração entre todos os atores envolvidos nesta trama da indisciplina: alunos, famílias e escolas. Não há, neste caso, lugares fixos a serem ocupados como aprendiz e mestre, mas um meio propício para o desenvolvimento de uma relação recíproca que objetive o bem de todos.

Publicado em 14/02/2009

ZERO HORA

Comentários

Gisele Rodrigues dos Santos

Denuncie este comentário14/09/2009 09:54

Educação e disciplina podem ser iniciadas na escola, porém deve haver sensibilidade da família nas mudanças positivas sobre o comportamento dos filhos e um comprometimento em incentivar retomando o papel que lhes cabe.O comodismo que se observa nas famílias em relação à escola e suas rsponsabilidades estão levando as crianças e adolescentes de hoje a uma orfandade traumática, filhos precisam mais que pais provedores, precisam de pais presentes.


AMADEU EPIFANIO  - 

Denuncie este comentário27/07/2009 23:09

A questão da indisciplina, infelizmente é de berço, cabendo somente aos pais e a família, como primeira escola, o dever de instruir e disciplinar, para que a criança possa ter os subsídios necessários à uma convivência harmoniosa. Não se pode esperar que ela irá adquirir isso na escola, sendo esta, apenas, um instrumento de continuidade de cultura, para que se atinja outras esferas de cultura e conhecimento para o aprimoramento da sua evolução psicológica e social. O máximo que a escola pode fazer é descobrir suas habilidades e potenciais e explorá-los com o intuito para que o aluno sinta-se útil, apesar de seus conflitos. Nada acontece por acaso, além de ter um histórico pregresso.


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