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O X da Educação  | 03/03/2009 17h54min

O Xérebro

AROLDO MEDINA, Major da Brigada Militar

Creio que muitos como eu, o disco que mais ouvimos na infância foi nossos pais gastarem o verbo nos mandando estudar. O novo diretor de Redação de ZH, Ricardo Stefanelli, tem toda razão em enaltecer as qualidades do repórter Marcelo Gonzatto, escalado para escrever mais um capítulo da Série "O X da educação", publicada em ZH dominical do dia 1º de fevereiro último. A redação da matéria é providencial. Coloca em evidência o caminho mais seguro para alcançarmos as metas de melhoria da qualidade de vida da nação brasileira: o caminho da educação.

É bem verdade que a estrada brasileira da educação está toda esburacada, como atestam os especialistas ouvidos pela reportagem. Não pretendo repetir os quilômetros mais acidentados da educação brasileira, bem sinalizados na matéria de ZH. Quero abordar algumas memórias e idéias que esta pauta me despertou. Lembrei do deputado Júlio Redecker (de saudosa memória), que trouxe o embaixador da Coreia do Sul, senhor Kwang Dong Kim e um grupo de empresários coreanos ao RS, em dezembro de 2004. Na Fiergs, como assistente militar, participei de reunião em que um empresário gaúcho espantando com o desenvolvimento sul-coreano, perguntou ao embaixador qual era o "segredo" do grande êxito econômico e social da Coreia do Sul nos últimos anos. O embaixador, sorridente, transpirando humildade, respondeu em português claro: "Nos últimos 20 anos, independentemente de governo, meu país destina o maior orçamento para educação". Sônia Bridi, correspondente da Rede Globo na China, em palestra a oficiais de Polícia Militar, reunidos há dois anos em Canela (RS), destacava que o crescimento econômico chinês também tem alicerce numa política de Estado que coloca as crianças daquele país oito horas dentro de sala de aula, como igualmente registra Marcelo Gonzatto, quando descreve a situação de alunos coreanos.

A matemática aparece como "bicho-papão" dos alunos, na coluna da Rosane de Oliveira. Tudo a ver com o "X" da educação. A simbologia é perfeita. Na matemática o "X" é uma incógnita presente em infinitas equações. No português suscita dúvidas nos leitores menos avisados sobre a grafia correta de uma palavra que leva o "X" em seu corpo. Seja qual for a estrutura em que estiver presente o "X", o certo é que quem definirá o seu significado é o nosso cérebro, que vejo como o "universo" do tema em foco. O aluno foge da matemática porque ela exige raciocínio, num cérebro entorpecido pelo fenômeno da globalização. Pensar nos dias de hoje dá sono na maioria das pessoas. Se 70% das escolas do Brasil não têm bibliotecas, devem faltar muito mais livros então nos lares brasileiros. A ausência do livro na vida das pessoas dá lugar à cultura dos aparelhos eletrônicos: televisão, computador, celular, MP3, iPod, videogames etc.

Depois de ler a reportagem, saí a indagar dos jovens à minha volta quantos livros haviam lido num ano. A variação foi de zero a 12 livros. Prossegui a pesquisa de hábitos diários e constatei que o cérebro de gerações inteiras está impregnado de eletrônicos. Sem exercício, nosso cérebro está asfaltado. Estaciona. Vira "Xérebro". Assim como as cidades sofrem com as enxurradas porque tiramos das metrópoles a permeabilidade do solo com a urbanização acelerada, endurecemos o raciocínio trocando as bibliotecas e os livros pelos eletrônicos. Neurônios dormentes tiram a capacidade do nosso cérebro de absorver o conhecimento que querem nos transmitir pais, professores e tantos outros educadores, quando não sabemos dosar a quantidade de tecnologia que podemos consumir diariamente, sem prejudicar a saúde e a educação do nosso corpo e da nossa mente.

Publicado em 04/02/2009

ZERO HORA

Comentários

leda Ligia Alves da Cruz  - 

Denuncie este comentário11/03/2009 15:36

Major Aroldo: Li, com muita esperança o texto de sua autoria e tive a certeza de que existe alguém capaz de capacidade de enxergar a realidade da educação brasileira. Sou professora, desencantada com este sistema mascarado e capenga da educação. Muitos escrevem, e acham fácil, falar em discurso utópico como se os pais e o governo se encarregassem de cumprir com a parte que lhes compete na responsabilidade de educar. Chega de idéias sonhadoras, muitas vezes ditas por professores que aprovam alunos quase analfabetos em fim de ensino médio. Chega de mediocridade. A verdade que não quer se calar confirma: quando alunos vêm mal educados de casa, querer educá-los é ilusão.


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