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Transportes  | 05/04/2011 11h07min

Em São Paulo, ciclista desiste de via exclusiva

Problemas como a falta de conservação e a má qualidade dos projetos faz os ciclistas preferirem andar no asfalto

Existe um certo consenso entre quem usa a bicicleta como meio de transporte em São Paulo de que ainda falta muito para que os deslocamentos sejam seguros e confortáveis. Há poucas vias exclusivas para bikes, e, mesmo entre as existentes, várias não são utilizáveis no dia a dia. Para mensurar o problema, a reportagem percorreu os 65,2 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas oficiais e constatou que mais da metade é raramente usada por ciclistas nos dias de semana.

A Prefeitura de São Paulo considera que a cidade possui 35,2 quilômetros de vias exclusivas para bicicletas e 30 km de ida e volta da Ciclofaixa de Lazer – aquela que funciona aos domingos entre os Parques Ibirapuera e Villa Lobos. Entretanto, problemas como a falta de conservação e a má qualidade dos projetos faz os ciclistas preferirem andar no asfalto que em 9,7 km das ciclovias existentes. Já a Ciclofaixa de Lazer funciona só aos domingos – e, por isso, não é utilizada para deslocamentos diários ou transporte.

No primeiro caso se encaixam as ciclovias da Avenida Sumaré (1,4 km) e da Avenida Brigadeiro Faria Lima (1,3 km), as únicas que existem dentro do centro expandido. Ambas ficam no canteiro central das avenidas, mas são interrompidas por postes, possuem vários desníveis e não são sinalizadas como determina o Departamento Nacional de Trânsito. Pela legislação, toda ciclovia tem de ser pintada de vermelho e cada cruzamento com rua deve ter indicação própria.

Por problemas como esses, há muito mais pedestres caminhando ou fazendo cooper em vias que deveriam ser exclusivas de bicicletas. Na ciclovia da Faria Lima, há, até mesmo, seis pontos de ônibus instalados bem no meio da pista, sem espaço para as bicicletas passarem. Obras no Largo da Batata demoliram um outro trecho, e não há sequer um aviso do fim da pista, que termina abruptamente sobre um pequeno barranco de terra.

SEM LEI

O resultado é que os ciclistas que passam por essas movimentadas avenidas preferem pedalar pelas pistas comuns. Assim, acabam ficando sujeitos a buzinadas e "finas" de motoristas que não conhecem direito o Código de Trânsito Brasileiro – há um artigo que determina que a ultrapassagem de bicicletas só pode ser feita a 1,5 m de distância lateral, para diminuir os riscos de acidente.

A falta de estrutura adequada também atinge a ciclovia da Adutora Rio Claro, em São Mateus, zona leste. Ela possui 7 kms de comprimento e segue quase paralela à Avenida Sapopemba, mas possui um traçado bastante indefinido: em alguns pontos, chega a ter menos de 20 cm de largura; em outros, encosta nas portas das casas da avenida e é utilizada pelos moradores como simples calçada. A ciclovia também não é sinalizada, e tudo isso contribui para que haja mais senhores carregando compras e mães passeando com bebês do que ciclistas naquele espaço.

Para o diretor geral da Associação Ciclocidade, Thiago Benicchio, um dos grandes problemas das ciclovias da cidade é que não há um órgão que centralize os projetos. Assim, cria-se uma tendência dos projetos não serem uniformes e coerentes. "Além da dificuldade de fazer uma obra sair do papel, não é fácil saber quais são os planos da Prefeitura em relação à infraestrutura cicloviária", afirmou.

EM PROJETO

Por meio de nota, a Prefeitura afirmou que planeja construir mais 55 km de ciclovias e ciclofaixas, em bairros das zonas sul e norte onde é grande a circulação de bicicletas. A promessa é antiga, mas apenas no mês passado foi contratada uma empresa para fazer o projeto executivo das novas vias. A administração informou também que há estudos para melhorias na ciclovia da Sumaré e a da Faria Lima foi desativada temporariamente por conta das obras da Linha 5-Amarela do Metrô - apesar de não haver placas no local.

Agência Estado
 

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