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 | 03/03/2011 04h09min

Defesa de motorista que atropelou ciclistas vai ingressar com pedido de habeas corpus

Polícia tenta transferir servidor do Hospital Parque Belém para o Instituto Psiquiátrico Forense

A defesa do funcionário público Ricardo Neis, 47 anos, que atropelou um grupo de ciclistas na sexta-feira da semana passada, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, ingressará com um pedido de habeas corpus ao seu cliente nos próximos dias. Neis está no Hospital Parque Belém escoltado por policiais depois de ter a prisão preventiva decretada pela Justiça.

De acordo com o advogado Jair Antônio Jonco, o motorista trabalha e tem residência fixa.

— Ele (Neis) preferiu prestar depoimento à policia para depois procurar atendimento médico. É uma pessoa que trabalha, tem residência, não iria fugir nem está se escondendo. Está é muito abalado. Não come nem dorme direito.

A Polícia Civil tenta uma ordem judicial para transferir o servidor para uma unidade prisional. No final da tarde de terça-feira, quatro horas antes da decretação da sua prisão, Neis foi hospitalizado sob o argumento de estar emocionalmente abalado. Ontem pela manhã, ao tentar capturá-lo, a polícia esbarrou em um laudo médico que vetou a alta.

Um dos motivos da necessidade de internação é que Neis correria o risco de atentar contra sua vida. Na tarde de quarta-feira, o hospital divulgou nota informando que o servidor foi reavaliado, apresentando necessidade de acompanhamento psicológico permanente em área isolada, e também sugerindo a transferência dele para outra unidade psiquiátrica. O Parque Belém não teria condições de garantir a segurança de Neis, em razão da complexidade do caso.

"Devido à exposição do acontecimento, com repercussão internacional e com a possibilidade de reações imprevisíveis, recomendamos às autoridades, em consonância com os nossos médicos envolvidos no caso, a transferência deste paciente a uma unidade mais adequada à sua segurança", informa a nota.

Delegado recorre à Justiça para levar motorista ao IPF:

Acompanhado de quatro agentes, o delegado Rodrigo Garcia, da Comunicação Social da Polícia Civil, chegou ao hospital às 6h45min de quarta-feira. Eles subiram até o terceiro pavimento e encontraram Neis sozinho, em um quarto privativo (com diária em torno de R$ 200).

— Li a ordem de prisão, ele me perguntou se era por causa do atropelamento e não esboçou reação — contou o delegado Garcia.

Para Neis ser recolhido ao Presídio Central, era preciso a liberação hospitalar e autorização do psiquiatra Hugo Alberto Hoerlle. Às 9h, o médico se reuniu na sala da direção com Garcia e o delegado Gilberto Montenegro, da Delegacia de Lesões Corporais de Trânsito. Meia hora depois, Montenegro deixou o hospital com um laudo de Hoerlle em mãos, no qual constava que o servidor deveria ficar internado.

— Falei com ele (Neis), me pareceu normal, mas não sou médico, tenho de respeitar – afirmou Montenegro.

O delegado encaminhou na tarde de quarta-feira para Rosane Michels, juíza da 1ª Vara do Júri da Capital e que decretou a prisão, um pedido para que Neis fosse removido para o Instituto Psiquiátrico Forense (IPF) — unidade onde são recolhidos suspeitos e autores de crimes com problemas mentais.

Ciclistas de Curitiba realizam "Bicicletada da Paz"

Na noite de quarta-feira, um grupo de ciclistas de Curitiba, no Paraná, realizou a "Bicicletada da Paz" em solidariedade aos colegas atropelados em Porto Alegre na semana passada.

Com cartazes e balões brancos, eles se reuniram na Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no centro da capital paranaense, e pedalaram por diversas regiões.

Em infográfico, veja como ocorreu o atropelamento:



VÍDEO: o momento do atropelamento




Entenda o caso:

Na sexta-feira, 25 de fevereiro, pouco depois das 19h, pelo menos 15 ciclistas foram atingidos por um Golf, na Rua José do Patrocínio, na área central de Porto Alegre. Oito deles foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro e liberados algumas horas depois. O motorista fugiu do local. O carro foi encontrado na madrugada de sábado, abandonado em um bairro da zona leste da Capital.

O motorista foi identificado pela polícia como Ricardo Neis, 47 anos, funcionário do Banco Central. Na segunda-feira, 28 de fevereiro, Neis se apresentou à Polícia Civil e alegou legítima defesa dele e do seu filho de 15 anos.

Segundo o titular da Delegacia de Crimes de Trânsito, Gilberto Montenegro, o motorista será indiciado por tentativa de homicídio duplamente qualificado. Na terça, 1º de março, a Justiça decretou a prisão preventiva de Neis, que foi detido pela Polícia Civil em um hospital da zona sul de Porto Alegre na manhã de quarta-feira.



Veja no mapa o local do atropelamento:


Exibir mapa ampliado

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