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Ambiente  | 09/02/2011 07h11min

UFMG aponta contaminação do rio São Francisco

Metais pesados teriam sido identificados na região de Três Marias

Gilberto Costa

Duas pesquisas desenvolvidas pelo Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) na Bacia do rio São Francisco mostram como a natureza pode sofrer com impacto ambiental e com riscos à saúde humana por culpa da poluição e que isso persiste no tempo.

Segundo os estudos, as águas do rio São Francisco em Três Marias - cerca de 250 quilômetros de Belo Horizonte - estão fortemente contaminadas por metais pesados (como zinco, cádmio e cromo), lançados pela metalúrgica da extinta Companhia Mineira de Metais (CMM) a partir de 1969, quando teve início a produção de zinco eletrolítico, utilizado para revestir peças de ferro e evitar ferrugem.

Os metais pesados foram lançados por quase uma década no Córrego da Consciência, que alimenta o São Francisco. Somente no fim dos anos 70, a CMM construiu um dique isolando os resíduos da metalúrgica do leito do rio. De acordo com a geógrafa Elizêne Veloso Ribeiro, autora do estudo com as amostras de água, os metais pesados podem causar câncer e afetar o sistema nervoso e o sistema reprodutivo se forem acumulados no organismo.

Ela ressaltou que não há mais o lançamento de metais pesados pela metalúrgica (hoje sob o controle da Votorantim Metais). O geólogo Wallace Magalhães Trindade, responsável pela pesquisa com os sedimentos do rio, explicou, no entanto, que os rejeitos do passado formam "um estoque de contaminação" que está depositado no fundo do rio. As partículas dos metais pesados sobem e ficam no corpo da água conforme a mudança no volume e na temperatura do rio.

Segundo o gerente corporativo de Meio Ambiente da Votorantim Metais, o geólogo Ricardo Barbosa, não há risco nenhum à saúde humana e os peixes não estão contaminados. Ele afirmou que a metalúrgica "não descarta mais resíduos no rio", cumpre as condicionantes da licença ambiental e monitora "exaustivamente" a área conforme a legislação ambiental. O gerente informou que será retirado das proximidades do rio um depósito já desativado de resíduos.

Elizêne Veloso Ribeiro e Wallace Magalhães Trindade destacaram que a aplicação das leis ambientais evita problemas e ressaltaram o papel da fiscalização para o controle e monitoramento da qualidade do rio. Eles lembraram, porém, que as resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) não regulamentam o lançamento de todas as substâncias tóxicas encontradas pelas pesquisas no rio São Francisco, o que dificulta o trabalho de fiscalização.

Além da presença dos metais pesados, as pesquisas identificaram problemas no Córrego Barreiro Grande, que também alimenta o rio São Francisco, por causa do lançamento de esgoto urbano e industrial em Três Marias. Durante quase um ano, as pesquisas coletaram amostras de água em um trecho de 160 quilômetros de extensão, que banha 15 municípios.

Outro passivo ambiental, em menor grau que Três Marias, foi verificado em Pirapora, a 340 quilômetros de Belo Horizonte, por causa da atividade metalúrgica e da indústria têxtil local.

AGÊNCIA BRASIL
Divulgação / clicRBS

A nascente do rio São Francisco em Alagoas
Foto:  Divulgação  /  clicRBS


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