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Gente  | 21/02/2011 07h13min

Olho no lucro sem descuidar dos valores

Igor, Bruno e Felipe: três jovens que direcionam suas carreiras sem deixar de lado as questões socioambientais

- O preço para fazer algo que eu não acredito é muito alto.

Com essa frase, Igor Oliveira, 23 anos, formado há menos de um mês na Escola de Administração da UFRGS, reforça uma característica de outros jovens de sua geração. Trabalhar com algo que não está nos seus valores é, em primeiro lugar, caro.

Por esse motivo, decidiu montar a empresa Semente Negócios Sustentáveis, que apoia, de diferentes formas, negócios para os quais Igor entende que vale dedicar seu tempo.

Mesmo tendo recém concluído a graduação, o jovem está engajado há mais de sete anos em causas socioambientais. Quando ainda estava no colégio, em Bento Gonçalves, ia até a rádio local comentar a reunião da cúpula da ONU que ocorria em Joanesburgo, na África do Sul, em 2002.

Passado o vestibular, teve um cargo de chefia na organização internacional AIESEC e começou a estudar o papel das empresas na sociedade. Concluiu que o currículo do seu curso estava defasado e que era a hora de reunir amigos e pedir novas cadeiras ligadas à sustentabilidade.

A universidade ouviu a reivindicação e hoje vê vários alunos sendo formados em uma área carente de profissionais competentes.

Antes de partir para dois semestres de estudo na França e três meses de estágio na Holanda, Igor trabalhou com créditos de carbono em Porto Alegre.

Do tempo em que esteve estudando e estagiando na Europa, trouxe novas oportunidades, renovou seus estudos sobre finanças e reforçou a ideia de que, para ele, o dinheiro é apenas um meio, não o fim de tudo.

- O fato é que ficar rico não leva, obrigatoriamente, à realização pessoal, e eu quero me realizar - garante.


Questão de se manter no jogo




A entrevista do Nosso Mundo com o universitário Bruno Oliva Peroni, 22 anos, teve de ser feita pelo Skype. Depois de cursar um semestre no curso de Administração em Troyes, na França, ele agora estagia na ClearlySo, empresa londrina focada em negócios sociais.

Quando entrou na universidade, há cinco anos, tinha uma visão tradicional dos negócios. Hoje, conta que aproveitou a mobilidade acadêmica para aprender como uma empresa pode ser transformada.

- Sustentabilidade não é algo que torna a empresa boa, é um novo modelo que a torna competitiva - diz.

Com o conceito de empreendedorismo forte na cabeça, Bruno deve voltar ao Brasil ainda neste semestre e se formar no curso de Administração da UFRGS no final do ano.

Segundo ele, a viagem concretizou a ideia de trabalhar pensando também em questões sociais e ambientais.

Por isso, quando idealiza futuras propostas de trabalho não pestaneja ao dizer que optaria por uma empresa que acredita na sustentabilidade.

Os cinco idiomas que fala e o engajamento em organizações internacionais fazem de Bruno um bom exemplo do que os especialistas consideram como geração Y. Para eles, nada está tão longe, é possível vivenciar outras culturas e manter amigos em diferentes continentes.

Questionado sobre a situação de transformação vivenciada hoje, o universitário foi, como era de se esperar, ágil na resposta:

- O mundo está mudando rápido, as pessoas também. A adaptação das empresas para essa nova lógica é apenas uma consequência.


Uma nova forma de ver o trabalho

Felipe Amaral tem 25 anos e um currículo invejável, tanto para quem entende de sustentabilidade quanto para as empresas tradicionais.

Foi trainee duas vezes em grandes empresas, voluntário em mais de uma ONG e funcionário do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social em São Paulo. Em meio a tudo isso, decidiu empreender.

- A grande questão é que ambicionamos muitas coisas diferentes - esclarece o administrador, formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-RS).





Um dos anseios, compartilhado por outros colegas, é contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Por isso, hoje foca na elaboração e na viabilização de negócios sustentáveis. Com Igor Oliveira, Felipe montou a Semente no final de 2010 e acredita que qualquer empresa pode assimilar características da sustentabilidade.

Outra ideia desenvolvida por ele é o Programa Eureka. Com diferentes atividades, o Eureka quer ajudar jovens a fazerem escolhas e planejarem suas carreiras. A inspiração veio, é claro, do desenvolvimento do seu próprio negócio.

- Essa nova geração tem uma nova forma de pensar e, assim, de encarar o trabalho - explica.

Mesmo para ele, optar por uma carreira não convencional nem sempre foi algo simples. Viu os amigos de faculdade serem efetivados enquanto ainda era voluntário e hoje ouve os questionamentos dos familiares sobre o que, de concreto, ele "vende". Já foi, muitas vezes, taxado de louco.

Felipe acredita que mudar demanda tempo. Por isso, se apoia em diferentes tendências, busca inspiração em outros países e acumula paciência.

Encara o desafio de empreender de uma nova forma, no momento em que outros "loucos por sustentabilidade" surgem ao seu redor.

ZERO HORA
Genaro Joner / Agencia RBS

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Foto:  Genaro Joner  /  Agencia RBS


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