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Itapema FM  | 26/10/2010 09h47min

Viagem: Liverpool oferece museu com a história dos Beatles

Terra dos Beatles tem até passeio em veículo anfíbio amarelo

Claudia Laitano  |  claudia.laitano@zerohora.com.br

Milhares de turistas procuram em Liverpool, na Inglaterra, a atmosfera que inspirou John, Paul, Ringo e George a formarem, nos anos 60, o mais famoso grupo de rock da história. E a memória do quarteto está por lá.

De Albert Dock (antigos armazéns totalmente recuperados) saem ainda os principais tours da cidade, como o Yellow Duckmarine, feito a bordo de um veículo anfíbio (o passeio começa na água e termina nas ruas) e o Magical Mistery Tour, que passa por todos os principais pontos relacionados aos Beatles: a casa onde nasceu cada um deles, Strawberry Fields, Penny Lane e termina no Cavern Club, onde os Beatles fizeram mais de 200 shows no início da carreira.

O Louvre dos beatlemaníacos
Quando planejei minha viagem a Liverpool, no início deste ano, cometi dois erros de principiante. O primeiro foi não estudar detalhadamente o trajeto que eu gostaria de fazer na cidade, identificando no mapa a distância da estação de trem até os pontos mais importantes para os beatlemaníacos. O segundo erro, mais grave, foi não checar cuidadosamente a previsão meteorológica para aquela gélida semana de janeiro.

A primeira falha de planejamento foi causada, em parte, pela minha fantasia a respeito de Liverpool. Imaginava uma espécie de Disneylândia dos Beatles, uma cidade que giraria unicamente em torno do turismo musical, com indicações para fãs distraídos distribuídas generosamente por todas as ruas – várias “yellow brick roads” instaladas unicamente para garantir que chegássemos sem atropelos a locais sagrados como Strawberry Fields ou a casa onde Paul McCartney cresceu. Bom, a primeira dica aos futuros visitantes é que o negócio não é bem assim. Chegando à estação de trem, não há sequer um escritório de turismo nas proximidades, nenhuma indicação visível para os milhares de turistas que se deslocam até lá todos os anos apenas para cumprir a romaria beatlemaníaca. Nothing. Por incrível que pareça, Liverpool, uma cidade de 500 mil habitantes, não vive só de Beatles (mas bem que poderia...).

O segundo erro, esquecer de checar a meteorologia, como um bom inglês teria feito, acabou sendo fatal: enfrentei, em Liverpool, a pior nevasca dos últimos 30 anos na Inglaterra, o que, além de dificultar bastante as caminhadas, suspendeu todo o transporte público durante boa parte do dia – inclusive o imperdível passeio de ônibus Magical Mistery Tour, para o qual eu já havia comprado os ingressos e que me levaria, em uma hora e 45 minutos de viagem, para conhecer boa parte dos destinos sagrados. Pior: o trem que eu pegaria no final da tarde para Londres corria o risco de ser cancelado também, o que transformaria aquela viagem de quase três horas até uma cidade atolada de neve na maior indiada do meu já longo histórico de roubadas em viagens.

Recriação do Submarino Amarelo está no acervo
Para minha sorte, havia, sim, algo que valia a pena fazer em Liverpool e que não envolvia o risco de ser soterrada por uma montanha de neve. O passeio que salvou meu dia – e justificou a viagem – valeu cada minuto de caminhadas sob (e sobre) a neve e as cinco horas de ida e volta desde Londres, onde eu estava hospedada. Mesmo não sendo exatamente grandioso, o museu The Beatles Story é o Louvre dos beatlemaníacos, com direito a objetos raros (alguns instrumentos usados pelos Fab Four), reproduções de ambientes, linha do tempo, experiências “sensoriais” e, claro, uma magnífica lojinha de quinquilharias, discos e memorabilia – onde eu torrei boa parte do orçamento da viagem, como vocês podem imaginar.

O grande barato do museu é que ele vai contando a história dos Beatles à medida em que vamos andando de uma sala para outra. Há reproduções do Star Club de Hamburgo, onde os Beatles tocaram no início da carreira, e do Cavern Club, os estúdios de Abbey Road como eram em 1963, centenas de fotografias inéditas, roupas usadas pelos Beatles, a recriação do que poderia ser o interior do Submarino Amarelo e uma impressionante maquete em três dimensões da histórica capa do álbum Sgt. Peppers. O mais emocionante, no entanto, fica para o final: pequenos ambientes dedicados a cada um dos beatles – em que são celebrados o talento e as diferenças individuais que tornaram o grupo formado por Paul, John, George e Ringo em algo ainda maior do que a soma de todas as partes.

Voltei para a estação no meio da tarde ainda a tempo de apanhar o último trem para Londres – todos os seguintes haviam sido cancelados. Não conheci Strawberry Fields nem vi a casa de infância de Paul McCartney, mas saí de Liverpool satisfeita com a visita. Alguma coisa me dizia que a sorte sempre sorri para quem é fã de verdade. Quem sabe eu não volto lá um dia?

O que eu nunca imaginaria é que, antes do fim do ano, a minha cidade é que receberia a visita de um beatle de verdade. A montanha veio a Maomé. Não é que aquela neve toda deu sorte?

ZERO HORA

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