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Itapema FM  | 24/05/2010 08h07min

Aerosmith chega ao Brasil nesta semana em ótimo momento

Banda americana apresenta-se em Porto Alegre nesta quinta-feira

LUÍS BISSIGO  |  luis.bissigo@zerohora.com.br

Não que seja o auge da banda, mas o Aerosmith que chega ao Brasil esta semana vive um ótimo momento. Depois de uma das crises mais graves de seus 40 anos de história, o quinteto americano – responsável por hits como Livin’ on the Edge e Cryin’ – está novamente reunido e faz show em Porto Alegre nesta quinta-feira, no estacionamento na Fiergs.

A turnê pela América do Sul – aberta na semana passada, em Caracas, Venezuela – significa o renascimento do grupo. No ano passado, problemas de saúde atrapalharam o Aerosmith durante as turnês, e o vocalista Steven Tyler chegou a cair do palco em agosto, machucando cabeça, pescoço e ombros. No fim do ano, Tyler estava internado para se tratar da dependência de analgésicos, e a notícia era de que a banda procurava um novo cantor. A crise se resolveu apenas em fevereiro deste ano, quando foi anunciada a turnê Cocked, Locked, Ready to Rock (algo como “Engatilhado e pronto para balançar”, em tradução livre), com Tyler confirmado no microfone.

– Estava me preparando para um longo período sem que a banda se reunisse. Então, tudo está acontecendo mais cedo do que eu esperava. Mas a sensação é fantástica – adianta o baixista Tom Hamilton, em entrevista exclusiva concedida a Zero Hora.

Hamilton, Tyler, os guitarristas Joe Perry e Brad Whitford e o baterista Joey Kramer estão acostumados a crises. No fim dos anos 1970, depois de conhecer o sucesso no rock pesado, a banda afundou em drogas, dívidas e mudanças na formação. A volta à popularidade se consolidou na segunda metade dos anos 1980, quando o Aerosmith lançou discos como Permanent Vacation (1987), Pump (1989) e Get a Grip (1993) – este último trouxe sucessos do porte de Crazy e Cryin’.

A banda diminuiu o ritmo – desde então, só lançou dois discos de músicas inéditas, Nine Lives (1997) e Just Push Play (2001). Mas agora está disposta a provar, no palco, que tem mesmo nove vidas.

– Uma das nossas favoritas para tocar ao vivo é Baby, Please Don’t Go (do disco de covers de blues Honkin’ on Bobo, de 2004) – conta Hamilton. – Estou bem empolgado com o repertório, acho que todo mundo vai gostar.

ENTREVISTA

Com a voz calejada de quem faz rock’n’roll desde a década de 1960, o baixista do Aerosmith, Tom Hamilton, conversou por telefone com Zero Hora, no último dia 13, de sua casa, nos arredores de Boston. Apesar da fala pausada, o tom era de entusiasmo com a perspectiva de voltar à estrada e tocar no Brasil. Tanto que o músico de 58 anos – o segundo mais jovem integrante da banda – contou que estava consultando o mapa do Brasil para localizar Porto Alegre e perguntou como estava o clima por aqui. Informado de que o outono tem tido temperaturas na faixa dos 15º C, ficou contente:

– Legal, é frio o bastante para usar umas jaquetas bacanas – brincou Hamilton.

Confira trechos da conversa:

Zero Hora – Como estão os preparativos para a viagem à América do Sul?
Tom Hamilton –
Ensaiamos por umas três semanas, e tudo saiu bem. Tivemos tempo de tocar, tínhamos uma grande coleção de canções para escolher. Estou bem empolgado com o repertório, acho que todos vão gostar. Normalmente é meio difícil escolher, costumamos conversar muito. Há muitas cidades, nessa turnê, nas quais nós nunca tocamos antes. Ao montar o repertório, procuramos nos certificar de que haverá canções que as pessoas estarão esperando ouvir. Não gostamos de tocar só os hits, mas certamente tocamos alguns dos principais, aqueles que as pessoas querem ouvir. E nisso voltamos até o primeiro disco, de 1973, e seguimos até os blues do Honkin’ on Bobo (álbum de 2004).

ZH – Você falou de três semanas de ensaios. Foi a primeira reunião da banda desde que Steven Tyler voltou da reabilitação?
Hamilton –
Fizemos quatro shows em outubro, em San Francisco, no Havaí e em Abu Dhabi – esse foi bem no início de novembro, a última vez em que tínhamos tocado juntos. O ano passado foi bem difícil, Steven teve muitos problemas, mas ficou muito inspirado para se recuperar para essa turnê, e agora está ótimo.

ZH – Qual a sensação nesse período de ensaio?
Hamilton –
Justamente porque o ano passado foi tão difícil, estávamos muito empolgados para começar de novo. Os ensaios rolaram muito bem e realmente tivemos a chance de ver em que forma a banda está. E soou superbem.

ZH – Foi um momento de alívio, depois de tudo o que aconteceu? Em algum momento você pensou que a banda poderia acabar?
Hamilton –
Nunca senti que estávamos fazendo nosso último show, sabe? Mas não achava que fôssemos nos reunir tão cedo. Estava me preparando para um longo período sem que a banda se reunisse, um ano ou dois. Então, tudo está acontecendo mais cedo do que eu esperava. Mas a sensação é fantástica. Nós realmente estivemos perto de perder a banda por um tempo. De certa forma, era um sentimento terrível, mas também era um desafio: eu sabia que poderia lidar com isso, se fosse preciso – tenho ensaiado e criado bastante sozinho e também me envolvido com outras coisas relativas à música. E posso fazer tudo isso mesmo quando a banda está em turnê.

ZH – E esse material novo pode eventualmente aparecer em um novo disco? Há planos de gravar novas músicas logo?
Hamilton –
Não tão cedo. Estaremos na estrada até setembro, provavelmente. Durante a turnê ou depois, deveremos parar um pouco e começar a trabalhar num disco novo. Acho que em algum momento, entre setembro e abril de 2011, nós provavelmente já tenhamos gravado um novo álbum. Não sei quando vai sair, provavelmente no outono (primavera no Hemisfério Sul) do ano que vem. Mas nunca se sabe. Do jeito que as coisas estão, com a tecnologia de gravação, agora é mais fácil trabalhar no material novo mesmo durante as turnês.

ZH – Qual a expectativa de voltar ao Brasil?
Hamilton –
O que mais lembramos é do quanto os fãs são entusiasmados aí. As pessoas me perguntam sobre as diferentes partes do mundo onde tocamos, e sobre o quanto as plateias são diferentes. No Brasil, elas são mais enérgicas do que na maioria dos outros lugares. Os fãs são muito empolgados – e isso me lembra do que víamos quando éramos jovens e começamos a banda e estávamos superexcitados para fazer rock. Quando vemos uma plateia com essa mesma inspiração, tocar fica muito divertido.

ZH – Qual a sua opinião sobre o fato de as pessoas baixarem músicas e não comprarem mais discos?
Hamilton –
Obviamente, fazemos música e queremos que as pessoas demonstrem seu apreço comprando-a. Mas que há muita gente, especialmente os jovens, que vieram a conhecer nosso som porque ele está na internet – o que é bem legal. Há muitos jovens que conhecem nossas músicas e que talvez não as conhecessem se tivessem que ir à loja comprá-las, porque é muito caro comprar toda a música de que você gosta. Mas me preocupo com as bandas mais novas, porque acho que terão menos oportunidades. O importante será ir para a estrada e tocar ao vivo, porque você não pode baixar da internet uma apresentação ao vivo. Então, meu conselho para as bandas novas é se concentrar nisso. Sabe o termo word of mouth (“boca a boca”)? Isso é superimportante. Quando você toca ao vivo, quer se sair bem, para que as pessoas saiam do bar e contem aos amigos que viram um baita show. A internet apenas multiplica esse boca a boca.

ZH – Isso é algo que sempre aconteceu, mas agora há um novo canal para fazê-lo.
Hamilton –
Sim. Acho que tem bem mais gente hoje aprendendo a tocar guitarra, aprendendo música. Fico contente quando alguém chega ao ponto de sentir que pode viver de música – porque, definitivamente, é um jeito divertido de ganhar a vida.

Rock ao vivo

No começo da turnê Cocked, Locked, Ready to Rock, o Aerosmith seguiu quase à risca uma diretriz anunciada pelo baixista Tom Hamilton na entrevista concedida a Zero Hora: a de tocar canções de diferentes fases da trajetória do grupo. Na primeira escala da viagem, no último dia 17, em Caracas (Venezuela), o grupo não poupou grandes sucessos, mas também visitou boa parte de seu repertório mais antigo.

No roteiro de 19 canções executadas pelo quinteto na capital venezuelana, foram abundantes as referências aos anos 1970. Do primeiro disco da banda, Aerosmith, lançado em 1973, vieram a releitura de Walkin’ the Dog, do soulman Rufus Thomas. Mas houve ainda outros rocks envenenados daquela década, como Sweet Emotion, Draw the Line, Back in the Saddle (que abriu a performance) e, é claro, o super hit Walk This Way, já no bis.

Um dos discos mais lembrados pela banda foi o blockbuster Get a Grip, de 1993, com três das canções mais famosas do Aerosmith praticamente empilhadas em sequência: o rock Livin’ on the Edge e as baladas Crazy e Cryin’. Do final dos anos 1980, o grupo tocou outros hits, como Love in an Elevator e Rag Doll. A curiosidade ficou por conta de Baby, Please Don’t Go, cover de Big Joe Williams que aparece no disco de estúdio mais recente da banda, Honkin’ on Bobo, lançado em 2004 e dedicado a releituras do blues americano. A noite venezuelana terminou com outra canção antiga, Train Kept A-Rollin’, sucesso da década de 1950 que o Aerosmith releu em seu segundo disco, Get Your Wings, de 1974.

O repertório:

As canções que o Aerosmith tocou em Caracas (Venezuela) no último dia 17:

Back in the Saddle
Love in an Elevator
Falling in Love
Walkin’ the Dog
Pink
Chip Away the Stone
Dream On
Livin’ on the Edge
Crazy
Cryin’
Rag Doll
I Don’t Want to Miss a Thing
Sweet Emotion
Stop Messin’ Around
Last Child
Baby, Please Don’t Go
Draw the Line


Bis:
Walk This Way
Train Kept A-Rollin’

 

Serviço do show:

Quinta-feira, às 22h. Duração aproximada: 100 minutos. Adolescentes de 12 a 15 anos podem entrar somente se estiverem acompanhados dos pais ou responsáveis legais. A partir de 16 anos, podem entrar desacompanhados.

Abertura: SantoGraau, às 20h. Os portões serão abertos às 17h.

Local: Estacionamento da Fiergs (Avenida Assis Brasil, 8.787), fone: (51) 3347-8636. Capacidade aproximada: 19 mil pessoas.

Onde estacionar: no pátio da Fiergs, a R$ 15.

Ingressos: R$ 140 (pista), R$ 250 (pista premium), R$ 260 (arquibancada) e R$ 410 (pista gold). Desconto de 10% para titular do Clube do Assinante. À venda nas lojas Multisom (Andradas, 1.001, e shopping Iguatemi), pelo fone 4003-1212 e pelo site www.ingressorapido.com.br.

ZERO HORA
Reprodução  / 

Aerosmith toca nesta quinta em Porto Alegre
Foto:  Reprodução


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