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Festival de Cinema  | 08/08/2011 16h23min

"A Tiro de Piedra" e "Uma Longa Viagem" são bem recebidos pelo público

Longas foram exibidos dentro das mostras competitivas internacional e nacional, respectivamente.

Daniel Feix  |  daniel.feix@zerohora.com.br

Duas longas viagens

Se as restrições da segunda noite de mostra competitiva estiveram nos filmes propriamente ditos, sobretudo em Ponto Final, a terceira noite de exibições no Palácio dos Festivais trouxe os primeiros problemas técnicos. A cópia em 35mm do mexicano A Tiro de Piedra não chegou a tempo e, em vez de trocar o longa latino-americano do dia, a organização preferiu redigir um comunicado culpando a distribuidora do longa pelo atraso no envio, mandar os apresentadores do festival lerem o texto no palco e projetar o filme em DVD. Só não foi um desastre completo porque o filme, em si, é bom.


A Tiro de Piedra
trouxe de volta a Gramado um dos vencedores do Kikito de melhor ator do ano passado, Gabino Rodrigues (de Perpetuum Mobile). Mais uma vez em ótima performance, ele interpreta Jacinto Medina, um camponês pobre que vive em São Luís de Potosí, no México, e que tem um sonho recorrente no qual, em meio a muita neve, depara com um tesouro escondido num baú. Quando encontra um chaveiro perdido identificado com uma localidade do Oregon (EUA), acredita estar diante de um sinal de que tal tesouro pode estar lá.


São milhares de quilômetros ao norte, mas chegar àquele lugar se torna uma obsessão para o protagonista. Com uma câmera digital portátil à mão, o diretor Sebastián Hiriart constrói a narrativa acompanhando-o nesta caminhada — que literalmente se dá a pé. A estética crua, quase documental, ajuda a mergulhar em sua intimidade, mas o melhor de A Tiro de Piedra é que, mesmo tão próximo de seu personagem, Hiriart não o julga, deixando para o espectador a tarefa de entender se é o ambiente hostil ou se são os seus próprios fantasmas os responsáveis pela sua tristeza e inadequação tão profundas.


O público gostou mais, no entanto, de Uma Longa Viagem, documentário em que a diretora Lúcia Murat (de Quase Dois Irmãos e Brava Gente Brasileira) revisita a sua relação com dois irmãos durante a ditadura militar. Um deles, Miguel, a quem o filme é dedicado, já morreu. O outro, Heitor, é a estrela do longa: enviado a Londres pela família para se afastar da luta armada e não ter o mesmo destino de Lúcia — que foi presa e torturada —, ele correu o mundo, experimentou todos os tipos de drogas e hoje sofre com as sequelas da vida sem limites dos anos 1970. Caio Blat interpreta Heitor quando jovem, em dramatizações bem dirigidas, mas cujas inserções em meio à narrativa são comprometidas pela reiteração dos efeitos de pós-produção, que interpõem às suas imagens as imagens da época, sombras e trechos ampliados das cartas trocadas pelo trio.


Uma Longa Viagem
é emocionante, mas prejudicado pelos próprios excessos. Algumas opções de montagem também levam o público a se divertir com o, por assim dizer, exotismo do irmão da realizadora, o que faz questionar a sua exposição. Pela calorosa recepção, já se pode dizer que tem boas chances de vencer o festival — se o fizer, não será sem contestações.

Divulgação / 

Terceira noite de exibições no Palácio dos Festivais trouxe os primeiros problemas técnicos.
Foto:  Divulgação


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