clicRBS
Nova busca - outros

Aldyr Garcia Schlee

Divulgação

Escritor, jornalista e tradutor, Aldyr Garcia Schlee é também um artista gráfico com nome assegurado na história - venceu, em 1953, com 19 anos, um concurso nacional que escolheu o uniforme oficial da seleção brasileira de futebol, o mesmo usado até hoje. Nasceu em Jaguarão, em 22 de novembro de 1934, e viveu sempre entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai. Boa parte da sua obra é calcada nas questões identitárias e nas relações de fronteira entre o Estado e o país vizinho. Estudioso da obra de autores definidores dessas identidades, como Simões Lopes Neto, foi também professor universitário, além de ter trabalhado em redações de jornais. É um reconhecido autor de livros de contos (seu O Dia em que o Papa foi a Melo, de 1991, versou sobre a mesma temática do filme O Banheiro do Papa). Alguns dos mais conhecidos, entre eles, são Contos de Sempre, de 1983, Contos de Futebol, de 1997. Em 2009, lançou o elogiado Os Limites do Impossível - Contos Gardelianos, a partir da vida de mulheres próximas a Gardel. Vive numa fazenda em Capão do Leão, na Zona Sul do Estado.

ZH — Os Limites do Impossível — Contos Gardelianos é um romance.Você o vê assim ou prefere classificá-lo como um livro de contos? E em algum momento pensa em escrever um texto ficcional longo?

Aldyr Schlee — Chamei Os Limites do Impossível subsidiariamente de Contos Gardelianos porque como tais os imaginei e os construí; mas sempre percebendo que podia (e até devia) levar o leitor a admitir que a trama ficcional urdida em cada história imbricavase na de outra história e na de outra e outra... De modo que, tendo a ver todas as histórias entre si, resultava tudo numa só. Sempre estive consciente de que não queria estruturar um romance convencional. Estava apenas no exercício de meu ofício, que é duro e sério — de dizer, redizer, desdizer, contradizer o que seja, sempre bem e da melhor maneira; mas é também ofício divertido — de fazer de conta, imaginar, admitir que tudo é verdade e que não se está mentindo nem inventando; e que é, enfim, um ofício mágico — de recriar o mundo, ordenar e desordenar vidas, interferir na realidade e irrealidade.A propósito: antes de Os Limites do Impossível, eu havia escrito um romance — que será lançado agora, na Feira. Ele se chama Don Frutos e é uma longa narrativa ficcional de 500 páginas a partir da vida de Don Fructuoso Rivera, caudilho pampeano e primeiro presidente constitucional do Uruguai, que passou os últimos meses de sua vida em Jaguarão (RS).

ZH— A formação de artista gráfico o ajuda no processo de escrita, especialmente na construção de cenas literárias?

Schlee — Não exatamente: o cinema me ajuda mais. Sempre, entretanto, com a certeza de que o texto, como forma de concretização da criação literária, deve se impor entre a invenção do autor e a imaginação do leitor — entre aquilo que talvez pudesse ter sido e aquilo que bem poderia ser. Aí, sobressaindo a palavra: a palavra precisa ser posta a serviço do texto como mediadora entre o inventar e o imaginar, impondo-se e valorizando-se também pela sonoridade que oferece e pela imagem que ajuda a construir.

ZH — Você se considera mais brasileiro, uruguaio ou gaúcho?

Schlee — Eu sou um brasileiro sul-rio-grandense que, como escritor fronteiriço, sente-se quase uruguaio. Aqui, sobre a fronteira uruguaio-brasileira, tenho a gostosa e permanente ilusão de estar com meus leitores e personagens dentro de um particularíssimo mundo ficcional — fiel a mim mesmo e a eles —, com a sempre renovada certeza de que assim posso melhor me dedicar honesta e autenticamente à execução de meu projeto literário.

Saiba mais sobre o escritor, jornalista e tradutor de 76 anos. Veja o vídeo

 
 

Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.