O Governo sérvio deve adotar hoje sua decisão de anular a independência unilateral do Kosovo, quando os albano-kosovares tornarem realidade seu anúncio de proclamar a soberania da província sérvia. A decisão foi adotada na quinta-feira passada, de forma antecipada, e deverá ser confirmada pelo Parlamento sérvio em uma sessão extraordinária que deve ocorrer no início da próxima semana.

Belgrado qualificou a anunciada proclamação da independência do Kosovo como uma violação do direito internacional, e alegou que tem garantida sua soberania e integridade territorial pela Carta da ONU e pela resolução 1.244 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Vários ministros e deputados sérvios irão hoje às zonas do Kosovo povoadas pela minoria sérvia para expressar apoio a essa população para quando a maioria albano-kosovar proclamar a independência.    

Segundo o ministro sérvio para o Kosovo, Slobodan Samardzic, também transmitirão a essa população a mensagem de que a Sérvia quer intensificar o bom funcionamento nessas zonas. Belgrado pediu aos servo-kosovares que permaneçam em suas casas no Kosovo, e prometeu que o Estado fará tudo o possível para garantir-lhes uma vida normal na província. "Trata-se agora não só de ajuda, mas do funcionamento das instituições da Sérvia neste âmbito", disse Samardzic, que estará hoje em Mitrovica, cidade do norte do Kosovo dividida em um setor sérvio e outro albanês, e que agora é o principal foco de atenção diante de possíveis tensões entre as duas etnias.    

O ministro reiterou a oposição sérvia ao posicionamento na província de uma missão civil da União Européia - a Eulex - "porque foi imposta sem normas jurídicas". A Sérvia considera que essa missão, que deveria substituir a da ONU (Unmik), desdobrada no Kosovo desde que acabou a guerra, em 1999, só pode chegar à província com o sinal verde do Conselho de Segurança da ONU. Por ocasião da decisão ontem da União Européia de iniciar a missão, a Sérvia entregou uma nota de protesta ao embaixador da Eslovênia em Belgrado, país que preside o bloco neste semestre.

EFE