| 04/08/2005 00h07min
Luiz Inácio Lula da Silva deixou para sua terra natal o mais inflamado discurso de improviso com referências à crise política. Ontem, em Garanhuns (PE), não faltaram comparações com as realizações do governo anterior nem pedidos para que erros sejam apurados e os culpados, punidos. Junto às próprias frases de efeito, uma "emprestada" e sobre um tema ainda intocado nos últimos discursos - a reeleição. 
- Nunca disse se seria ou não candidato à reeleição. Tenho compromisso de governar e, no momento certo, direi. Se for com ódio ou sem ódio, eles vão ter que me engolir outra vez - afirmou o presidente em relação a opositores, lembrando Mário Lobo Zagallo, que cunhou a frase num desabafo após a vitória do Brasil por 3 a 1 sobre a Bolívia, na final da Copa América de 1997. 
Os 25 minutos de discurso ocorreram no lançamento do Plano Safra para Agricultura Familiar 2005/2006, que terá investimentos de R$ 9 bilhões. 
Lula falou na Praça Guadalajara 
para trabalhadores rurais de várias regiões 
do Estado que viajaram em 150 ônibus organizados pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco, ligada à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). 
Antes de discursar, recebeu apoio do líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra Jaime Amorim e do presidente da Contag, Manoel dos Santos. 
- Já estamos na rua para defender esse presidente. É o presidente que queremos agora e depois - disse Santos. 
O presidente afirmou que não deve a sua eleição a favor de ninguém, mas ao povo brasileiro, que acreditou e votou nele. 
- É a ele (o povo) que prestarei contas no momento certo. 
Quanto à crise envolvendo corrupção, afirmou que, como presidente, "só pode querer que haja justiça, para o bem e para o mal". 
- Quem deve pagar pagará, do PT, católico ou evangélico, do PMDB, não tem cor, não tem raça, não tem sexo, não tem ideologia, todos precisam pagar - 
afirmou. 
Em seguida, o presidente se dirigiu à imprensa, para que 
sejam pedidas desculpas "aos que foram acusados injustamente".  
 
| O trecho sobre a reeleição | 
| "Não fui eu que aprovei a reeleição. Mas, agora, dizer: eu não posso concorrer. Com base em quê? Com medo de que eu possa provar que em quatro anos eu fiz mais do que eles fizeram em oito anos? (...) O dado concreto é que o Brasil nunca teve a credibilidade que tem lá fora, porque o que eu não aprendi na escola eu aprendi de uma mulher analfabeta, que é ter dignidade e ter vergonha na cara, respeitar e ser respeitado, é isso que eu faço com os outros e é isso que eu quero que façam comigo. Se querem respeito, me respeitem. (...) Eu nunca disse se seria ou não candidato à reeleição. (...) Se eu for, com ódio ou sem ódio, eles vão ter que me engolir outra vez, porque o povo brasileiro vai querer." | 
| No palanque | 
| Desde que se intensificaram as denúncias de corrupção no país, no mês passado, Lula refere-se à crise apenas em discursos. | 
| - Em Recife (PE), dia 20 de julho: | 
| "Em se tratando de bobagem, é melhor a gente falar do que fazer." | 
| - Em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, dia 22 de julho: | 
| "Neste país não tem, nem mulher nem homem, que tenha coragem de me dar lição de ética, de moral e de honestidade. Está para nascer alguém que venha querer discutir ética. (...) | 
| Conquistei o direito de andar de cabeça erguida, neste país, com muito sacrifício. E não vai ser a elite brasileira que vai fazer eu baixar a cabeça." | 
| - Em Brasília, dia 25 de julho: | 
| "Se tivéssemos 180 milhões de Franciscos*, certamente daria para a gente fazer muito mais coisas para o povo pobre deste país." | 
| *Francisco Cavalcante, funcionário do aeroporto de Brasília que achou US$ 10 mil e devolveu. | 
| - Em Bagé, dia 27 de julho: | 
| "Estamos vivendo uma crise política. (...) Eu não sei como é que vocês estão se sentindo. Eu me sinto indignado." | 
| - Em Canoas, dia 28 de julho: | 
| "A economia, nós tivemos que tratá-la com o cuidado, sem a pressa e o ufanismo (...) porque nós somos, ainda, uma economia muito vulnerável." | 

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