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Arquitetura e decoração  | 14/03/2013 09h01min

Decoração vibrante: escala Pantone invade os ambientes da casa

Móveis e objetos decorativos abusam dos tons marcantes da renomada paleta e são fetiche de consumidores na hora de decorar a casa

Depois de revolucionar o mercado de cores ao desenvolver, na década de 60, uma classificação de tonalidades que utiliza um sistema numérico, a Pantone tornou-se reconhecida internacionalmente. Autoridade para a indústria gráfica, a empresa padronizou a descrição de cada cor com uma escala inovadora que facilitou o trabalho de designers, publicitários, fabricantes e outros tantos profissionais que necessitam de precisão para especificar os tons dos seus trabalhos.

Antes, as impressões poderiam apresentar variações. Com a tabela, as cores tornaram-se idênticas em qualquer parte do mundo. No entanto, mais do que referência em categorização, a Pantone também dita moda em outros segmentos, como o de arquitetura de interiores. Há no mercado uma avalanche de móveis e objetos para casa com o tema. As cores vibrantes da escala invadiram os ambientes e fazem sucesso quando o assunto é decoração.

escala pantone

 

Para o designer italiano Antonio Lanzillo, as cores têm o poder de expressar emoção, o que justificaria a forte procura pelos produtos Pantone. “Elas dão originalidade e personalidade à mobília”, acredita. Segundo o profissional, a tendência hoje em mobiliário é mesclar tons vibrantes com branco, cores neutras e matérias-primas naturais, como a madeira.

Patrocinado pela Pantone, o escritório de Lanzillo criou uma cozinha seguindo essa linha (abaixo). No projeto, apresentado em abril no Salone del Mobile 2012 – feira internacional de móveis realizada anualmente em Milão, na Itália –, os tons fortes da escala se destacam no branco predominante, colocando em evidência um design simples, porém inovador. Devido à boa recepção da proposta, o arquiteto conta que já há negociações com fabricantes do ramo de cozinhas para a produção industrial dos móveis e utensílios.

cozinha-pantone-Antonio Lanzillo & Partners-salone del mobile 2012


 

Por sua vez, a designer Sabrina Arini, proprietária do estúdio Jaya!, não considera essa febre por produtos Pantone como uma tendência em decoração. “São objetos que despertam paixão em quem usa a tabela”, esclarece. Ela faz uma comparação, por exemplo, com quem tem em casa algum objeto que remeta à sua atividade profissional: “Ter um produto Pantone é como possuir um chaveiro escrito ‘Direito’. Faz referência à profissão da pessoa”, explica.

Os objetos, portanto, fariam mais sucesso entre designers, publicitários, fotógrafos e todos os outros profissionais que trabalham com arte de alguma forma. E esse público, segundo Sabrina, em sua maioria, também já possui uma casa com mais variedade de tons. “Estão acostumados com o colorido, com o menos formal”, comenta a designer, cujo estúdio já criou uma gama de produtos Pantone, como porta-guardanapo, interruptores, entre outros. “Usamos o tema como uma brincadeira, sem ser uma referência real”, diz.

Um universo de cores
Mais um exemplo de sua importância para os designers do mundo inteiro: após estudos e pesquisas para identificar o desejo do consumidor, a Pantone define periodicamente “a cor do ano”. O tom escolhido serve de referência para inúmeros profissionais em suas criações. Em 2012, por exemplo, a cor escolhida foi a Tangerine Tango (17-1463 na escala), um laranja quente e vibrante que inspirou coleções de roupas, acessórios, cosméticos e outros tantos produtos lançados ao longo do ano.

Para trazer mais cor à vida das pessoas, em 2000, a empresa criou a Pantone Universe, uma coleção de produtos que abrange desde roupas, acessórios, objetos de papelaria e eletrônicos até peças de mobiliário e para decoração da casa. Segundo o diretor de criação da Pantone Universe, Keith Recker, todos esses itens são produzidos de forma colaborativa com outras marcas, a partir de licenciamentos. “Nosso objetivo é permitir que os consumidores possam ‘viver as cores’ de formas inovadoras”, explica.

vasos-pantone-serax

Coleção de vasos para plantas da fábrica belga Serax, criada em parceria com a Pantone Universe

A primeira linha de produtos da Pantone Universe relacionados a decoração foi lançada em 2006, no Japão, e contemplava artigos para cama e banheiros. “Foi um sucesso”, lembra Recker. Na mesma época, a loja americana Fishs Eddy colocou no mercado uma coleção de louças e talheres com o mesmo tema. Em breve, um novo conjunto de roupa de cama e banho começará a ser comercializado pela loja de departamentos J. C. Penney, dos Estados Unidos, conforme revela Recker. O diretor de criação ainda não pode divulgar detalhes, mas adianta que a cor eleita para o próximo ano pela Pantone – ainda guardada a sete chaves – terá um papel fundamental na coleção.

Pantone caseiro
A empresária Bárbara Mattivy quis dar destaque para a parede de seu quarto, já que o restante do ambiente seria todo branco – com exceção da colcha, que também é colorida. Como não gostou de nenhum papel de parede, procurou outras alternativas. A sua parede Pantone (veja abaixo) foi, então, concebida a partir da união de diversos cartões-postais encontrados na loja americana Urban Outfitters. Para colocar em prática a ideia, Bárbara contou com a ajuda profissional da arquiteta Crislaine Araújo. “Separamos os postais por tonalidades e instalamos um a um com cola de papel de parede. Foi um trabalho bem delicado e de paciência, para que o encontro entre cada postal fosse o mais bem acabado possível”, relata a arquiteta.

pantone-escala-decoração


 

Caso você esteja interessado em incluir um pouco do mundo Pantone em casa, Crislaine, que também é diretora de criação da MesklaDesign e autora do vistaacasa.blogspot.com, sugere começar dando destaque para algum objeto de cor marcante e utilizar cores neutras em superfícies maiores, como pisos, paredes, forros ou cortinas, por exemplo. Se o ambiente escolhido já está decorado, Crislaine orienta a pôr em prática o que chama de “regra dos links”. Quando escolher uma peça nova, faça um link – uma relação – do objeto com outra informação visual do cômodo, como uma cor ou material que já exista no espaço. “Assim, as peças se complementam e fazem parte de um conjunto em harmonia”, finaliza.

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LETÍCIA BERNARDINO - REVISTA PENSE IMÓVEIS