Neste caso, a amizade surgiu antes e o trabalho, depois. A arquiteta Silvana Hilbert Ferreira cuidou de cada detalhe do apartamento de praia com área estimada de 200 metros quadrados, propriedade de um casal com duas filhas pequenas – uma de seis e outra de três anos – na Lagoinha, em Florianópolis.

Os pufes, que também servem de mesa de centro no estar, têm formas e texturas diferentes, sendo que os redondos têm capas de crochê feitas pela mãe da dona da casa

Segundo Silvana, a sua amiga de anos é descolada e o marido tem gosto tradicional. O desejo deles, conta a autora, sempre foi fazer o apartamento parecer uma casa, para que pudessem usar o imóvel em qualquer estação. Por isso, a arquiteta desenvolveu um projeto prático e com poucos armários, porém arejados.



"Uma das primeiras coisas que compramos foi o sofá em L com encosto baixo e tecido resistente (foto acima). Pretendíamos dividir os ambientes da área social apenas usando os móveis, e o estofado funcionaria dessa maneira" lembra Silvana.

Na sala de estar, observa-se o ventilador de teto que remete aos bangalôs de beira de praia, que compõe com a cortina em gaze de linho. Os pufes, que também servem de mesa de centro, têm formas e texturas diferentes, sendo que os redondos têm capas de crochê feitas pela mãe da dona da casa.

Como o apartamento foi comprado no início do verão, o desafio era possibilitar que a família se mudasse em março com a obra concluída. Assim, nenhuma cerâmica trocada, parede quebrada, ou gesso mexido. Silvana utilizou apenas a marcenaria como recurso para ampliar ou fechar os espaços, conforme a necessidade do layout.

O apartamento tem cozinha, sala de estar e jantar integrados (abaixo), mas uma porta de correr pode isolar a cozinha quando houver necessidade.



"A minha cliente sabe muito bem o que quer e onde quer viver; não se deixa levar pelos modismos nem pela acumulação saudosista. Para tanto, me deixou dosar com parcimônia o novo e o antigo, o rústico e o contemporâneo, o industrial e o artesanal. Casa cheia de pequenos contrastes e surpresas,sem sobrecarregar nem superlotar", finaliza a arquiteta.

A cozinha, prática e iluminada, fica ainda mais clara pelo efeito da bancada feita de um material alvo, basicamente produzido à base de resina e pó de vidro. Mas a vedete da área é a geladeira adesivada com uma obra do artista Paulo Gouvêa, um toque de descontração.



Personalidade e aconchego
Para dar enfoque na diferenciação de texturas e depois entrar com algumas pinceladas de cor, a arquiteta procurou escolher elementos em tons claros, desde os acessórios, como cortinas, tapetes e lustre até a marcenaria, o sofá e a pintura das paredes.

Para as áreas de convívio internas, foi escolhido o amarelo para realçar o espaço e, nas sacadas e na churrasqueira, o turquesa.

A marcenaria contribuiu com o contraponto entre a laca brilhante e os móveis de madeira de demolição, com as características rusticidade e texturas naturais.

O apartamento tem quatro suítes e dependência de empregada. Na área íntima, os dois dormitórios das crianças despertam a imaginação. Um tem bicama para as amigas dormirem e, o outro, um colchão guardado na marcenaria – marcada pelas inúmeras portas para ajudar na organização do ambiente das crianças.



Na suíte da filha mais nova (acima), a bicama já foi um berço. Móveis reversíveis foram utilizados para que o quarto cresça com a criança. Alguns pontos de cor trazem luz e alegria e ajudam a personalizar a proposta com toques lúdicos.



Na outra suíte (acima), a marcenaria executada em materiais de fácil manutenção, como o MDF branco, reduz o estresse da limpeza. A brincadeira proposta pelo projeto é que a criança acessa a passarela sobre a cama e desliza de volta pelo escorregador.

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