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Lição de fim de ano

(Eduardo Uchôa/Agência RBS)

O norte-americano Mike Feinberg tem uma fórmula singela para que a educação formal seja eficiente, sem invenções e sem custos fora do normal. Sugere que as escolas acolham professores que dominem de fato os conteúdos, ensinem seus alunos com paixão e sejam recompensados, inclusive financeiramente, por suas performances. E defende que estudantes só aprendem mesmo se estiverem imersos no aprendizado de forma integral. Feinberg não é mais um teórico da educação, é o líder de uma experiência exitosa chamada Kipp Schools, uma rede de mais de cem escolas espalhadas por 20 Estados americanos, que começam a ser copiadas por outros países.

O Brasil deve ouvi-lo, não necessariamente para copiar tudo o que faz, mas para inspirar-se em suas iniciativas, no momento em que a educação precisa de respostas. Autoridades, educadores e pais aprenderão muito se prestarem atenção nas recomendações e nas ações do norte-americano, que não se baseiam em suposições, mas em práticas pedagógicas e de gestão que revolucionam pela simplicidade.

O educador esteve recentemente no Brasil, a convite do Instituto Fernand Braudel. Suas experiências se sustentam na certeza de que as escolas não podem terceirizar responsabilidades para governos, para comunidades e muito menos para os pais, geralmente acusados de baixo protagonismo.

Fracassos dentro do colégio, ensina Feinberg, devem ser contabilizados em sua maioria na conta da ineficiência da própria escola. É cômodo atribuir deficiências a famílias e a governos. Nas escolas lideradas por ele, muitas em periferias pobres e mantidas com recursos públicos e privados, os estudantes têm alto desempenho em testes de proficiência em escrita, leitura e matemática. Na visita ao Brasil, Feinberg lembrou que escolas do México, da África do Sul e da Índia já adotaram seus métodos e interrogou-se: por que não aqui?

Podemos responder que aqui, com raras e honrosas exceções, a educação ainda é orientada por erros que as equipes comandadas pelo americano já eliminaram. Para relembrar, vale a pena listar algumas das falhas, citadas em suas conferências: o corporativismo que inibe a adoção de critérios de recompensa de professores por meritocracia, a baixa carga horária e a proteção, exercida muitas vezes pelas próprias direções, que mantém nos educandários profissionais sem vocação ou sem habilitação para o que fazem.

Duas palavras resumem o que pensa Feinberg: tempo e esforço, numa referência à escola de período integral e à dedicação que fará com que os estudantes sejam cada vez melhores no que se dispõem a aprender. O Brasil ainda está distante, pelos fatores já listados, do ambiente ideal que o americano não só idealiza, mas vivencia. Para seguir o exemplo de suas escolas, é preciso bem mais do que simplesmente sair da inércia. Mudar a educação requer vontade, esforço, talento, tempo e paixão.

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