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26 de abril de 2024
 

Interior | 11/09/2008 | 23h53min

José Ouriques, candidato a prefeito de Blumenau, fala sobre suas propostas

Político do PTC falou aos jornalistas do Jornal de Santa Catarina

Irreverente, o candidato a prefeito José Ouriques (PTC), conhecido como Latinha, tem projetos ousados para o município. Tão ousados quanto sua missão. Ele diz que recebeu recados divinos lhe ordenando a concorrer à prefeitura.

Na entrevista, concedida dia 20 de agosto, deu ênfase aos projetos relacionados à habitação e transporte. Nos momentos mais descontraídos, Ouriques acompanhava os risos provocados pelas suas próprias palavras. Mas alertou: quer ser levado a sério pelo eleitorado.


Evandro de Assis - O Instituto Mapa apontou a saúde como principal preocupação do blumenauense. Há uma grande rotatividade dos médicos nos postos. Como o senhor pretende acabar com essa rotatividade?

José Ouriques - Olha, um dos caminhos para acabar com essa bandalheira vai ser a contratação de médico. Quem for contratado, sejam enfermeiras, médicos, enfim, o pessoal da saúde, vai ter um horário a cumprir. Eu não estou dizendo que não cumprem, porque eu também não estou lá para fiscalizar. Mas a reclamação é muito grande da população de Blumenau. Os postos de saúde não têm médico. E também o desrespeito total às criancinhas de Blumenau. A falta de um hospital infantil, que eu vou edificar na Marechal Rondon, no terreno da prefeitura que hoje é um lixão.


Francisco Fresard - Candidato, uma vez eleito, quem o senhor colocaria nas secretarias, como seria constituída essa equipe?

José - Eu estou montando a equipe, tenho feito alguns contatos. Com médico, por exemplo, que eu consultei. Ele falou para mim que, provavelmente, iria aceitar a Secretaria da saúde.


Clóvis Reis - O senhor acredita que vai conseguir ir para o segundo turno?

José - Eu tenho 99,99% de certeza, de acordo com o registro que eu registrei no além, meu nome e o meu número. Como eu creio, como eu seu crente...


Clovis - Mas então o senhor está encarando essa eleição como uma missão divina, uma delegação...

José - Não, eu estou encarando com... eu sou crente. Então, se sou um crente eu tenho fé. A fé é minha. Então, se a fé é minha, eu creio, sim, que o meu nome deve estar escrito no céu, sim. E se estiver escrito, eu já sou prefeito hoje.


Fabrício Cardoso - O senhor disse que fez um registro, teve uma visão?

José - Eu recebi dois avisos. Serei o futuro governador de Santa Catarina.


Valther - Mas avisos da oração?

José - Espiritual, sou evangélico. Recebi dois avisos, duas vezes. Dizendo que eu serei o futuro governador de Santa Catarina. Creia ou não.


Clóvis - É comum o senhor ter essas visões?

José - Não, nunca tive. Vou fazer 60 anos de idade, nunca tive isso, não. Como fui chamado, estou sob missão. E eu vou cumprir. Mesmo porque eu não quero nada para mim. Eu quero é ajudar a população, principalmente os doentes e as criancinhas.


Clovis - Qual é a comunidade religiosa que o senhor freqüenta?

José - Eu sou da Batista. E até hoje eu nunca tive nenhum santinho. O meu santinho é Jesus Cristo.


Maicon Tenfen - Falta dinheiro ou não quer fazer?

José - Eu não quero.


Maicon - Porque seria uma imagem...

José - Não, eu tenho dinheiro para fazer, eu mesmo tenho. Eu poderia fazer o santinho, mas eu não quero santinho. O que vai haver é o seguinte...


Clovis - Um milagre.

José - Não, é um informativo. O milagre tá junto. Mas é um informativo. Sairá só 10 dias ou 15 dias antes da eleição, porque a caixa de correio da população não é lixeira. Eu não preciso poluir a cidade, uma vez que, se eu fui escolhido, se é verdadeiro, se não é falso...


Clóvis - Pode ser? O senhor pode estar interpretando mal?

José - Olha, o diabo persegue evangélico também. Mas eu, como evangélico há 17 anos que sou, orando todo dia para Deus, na madrugada, de manhã... a crença é minha, não é de vocês.


Giovana Pietrzacka  - Mas a fé não vem se traduzindo em votos. Quer dizer, nas eleições passadas o senhor conseguiu 50 votos, 23 e 40 votos...

José - É, mas aí foi para ajudar. Fui ajudar o Kleinübing. Primeiro, ajudei o Paulo Gouvêa. Eu tive uma conversa com ele, eu disse: "Paulo Gouvêa, você quer ajudar o povo de Blumenau? Você quer? Então vou te ajudar a ganhar a eleição em Blumenau".


Valther - Mas o Paulo não ganhou.

Clóvis - Então vai ser o milagre da multiplicação dos votos.

José - Exatamente isso, é o que eu creio. Eu creio nisso, sem santinho.


Cao - Por que o apelido do senhor é Latinha, de onde veio isso?

José - O slogan Latinha é porque "lá tinha uma fábrica, lá tinha uma loja e fechou as portas". Eu não quero criticar. Quem critica, perde. O povo sabe disso. Então, Latinha foi, exatamente, em vez de eu denominar a pessoa, como eu não sou Deus para julgar, nem Jesus Cristo...


Giovana - Para esta campanha o senhor mudou o slogan para Latão, é isso?

José - É, agora tem o Latão, que é o seguinte (risos): "lá tão aqueles que passaram oito anos e nada fizeram. Lá tão aqueles que estão quatro anos e pouco fizeram também".


Maicon - O senhor disse que não ia criticar... (risos)

José - Mas isso é crítica? É só uma constatação.


Evandro de Assis - O senhor não teme que, com essas alcunhas, o senhor não seja levado a sério?

José - Pois é, eu espero que seja levado mesmo. Tomara que levassem a sério.


Valther - Mudando de assunto... o senhor privatizaria o aeroporto?

José - Sem dúvida alguma. Pagar R$ 48 mil por mês para dar comida para quero-quero, jamais! (risos gerais) Será terceirizado, sim. E será edificado um aeroporto com shopping, com centro comercial para dar 500 empregos, mais ou menos. Junto com o aeroporto será edificada a nova Santa Felicidade, na continuação da rodoviária. Naquele matagal, cheio de pé-de-silva, bastante borrachudo...


Clóvis - O que é Santa Felicidade, seu José?

José - A Santa Felicidade vai ser uma via de restaurantes de todas as etnias, como tem em Curitiba. Não estou fazendo nada de diferente. O iate clube, com bondinho turístico...


Valther - Iate clube?

José - O Iate Clube Blumenau, na Ponta Aguda, terceirizado. Como tem lá em Balneário Camboriú, o Tedesco.


Valther - Mas cadê o mar? O nosso rio não é navegável.

José - O nosso rio, depois da Ponta Aguda, é navegável. Pois lá vai ser feito, após a Ponta Aguda, um iate clube terceirizado. Vai ter um bondinho turístico que vai até o Morro do Abacaxi. Já tem em Campos de Jordão, em São Paulo. A Santa Felicidade vai ser a Blumengarden. Bem bonito, belo, lindo! Uma avenida dupla cheia de restaurantes para levar 5 mil empregos e trazer os turistas. Vai ser uma bênção total. Isso aí faz parte dos meus três projetos: saúde, educação e cultura, e a ligação interbairros.


Clóvis - A ligação Velha-Garcia está na sua...

José - Exatamente. Eu ligo 10 bairros, no mínimo. Garcia, Velha, Passo Manso, Água Verde, Salto Weissbach, Badenfurt e Fortaleza.


Clóvis - O senhor é corretor imobiliário, né?

José - Sim, há 35 anos.


Clóvis - Qual é a prioridade de quem mora na periferia, seu José?

José - Asfaltar, calçar, numa parceria com o povo, as 2 mil ruas de Blumenau, com saneamento básico. O saneamento básico será levado à usina do gás. O esgoto e o lixo serão levados à usina de gás terceirizado e o gás vai para os ônibus, para os táxis e para as empresas. Limparei os rios e, com os rios limpos, colocarei alevinos, de carpa e de cascudo. Aleluia, assim quer Jesus.


Evandro - Quanto a essa proposta do esgoto, de onde vem esta técnica que o senhor está falando?

José - Olha, eu tenho já um técnico que vai fazer o projeto. É um alemão. Descendente de alemão, mas é alemão. E a filha dele é engenheira, pós-graduada, doutorada na Furb. Então, veja você o seguinte: eu vou buscar os melhores profissionais que existirem em Blumenau. O que eu não conseguir de médicos eu vou buscar em Cuba, se for necessário. Porque a prioridade número um em Blumenau é a saúde, a prioridade número dois é a educação. As escolas municipais, por exemplo, vão ter aulas de balé. As meninas pobres, imagina só, tendo aula de balé. Para os meninos, violino, violão.


Giovana - Será gratuito?

José - Tudo gratuito, sim. Os professores pagos pela prefeitura. E também, através de uma parceria com o governo do Estado, quero construir a arena, o nosso campo municipal de futebol para BEC e Metropolitano. Será atrás do aterro sanitário, da Parada 1.


Clóvis - O senhor é um otimista, né?

José - Olha, eu sou um profissional de marketing, de vendas, há 35 anos. A minha academia é hebraica. Então você já sabe, quem me ensinou foi judeu (risos). Disseram para mim: "você, quando ganhar o primeiro milhão, nunca mais será pobre".


Clóvis - O senhor conseguiu ganhar?

José - Faz muitos anos.


Evandro - Como é que na declaração de patrimônio...

José - Só que eu fiz a doação do meu patrimônio para minha filha.


Francisco - O que o senhor pensa da Oktoberfest?

José - Olha, a Oktoberfest é uma coisa que vai ter que continuar, porque eu sou alemão de parte da minha avó. Eu tenho restrição à bebida, à morte, essas coisas... mas eu não posso negar a minha origem. Então vai ter Oktoberfest, sim. Agora, pagar R$ 217 mil de salário para não fazer nada o ano todo lá (na Vila Germânica), isso vai desaparecer.


Giovana - Vai privatizar?

José - Vou terceirizar, como na Alemanha. Na Alemanha existe uma associação empresarial que administra os galpões de eventos.


Francisco - Com relação à segurança pública, o que o senhor pensa?

José - Eu farei de Blumenau um condomínio fechado, como se fosse um condomínio fechado.


Francisco - O senhor vai isolar fisicamente a cidade?

José - Todas as entradas de Blumenau, todas as entradas e saídas de Blumenau vão ter um portal dizendo: Seja Bem-vindo. Um guarda...


Valther - Bem-vindo com hífen, né?

Maicon - Com metralhadora...

José - Não, com rádio na mão. E as placas (dos carros) serão filmadas.


Maicon - Bem-vindo, mas ó: fica na linha.

José - Se vem um cara com carro roubado, a placa já está anotada. Aí vai tocar uma sirene: ió, ió, ió, ió! Carro roubado, 190 o carro placa número tal... lá vai o guarda atrás. Pegam o cara e ele vai ficar preso.


Francisco - Mas e arrombamento, assassinato...

José - A partir de janeiro, quando estiver montado o governo, nós vamos divulgar na mídia que lugar de bandido só tem três: na igreja, para se converter a Jesus, na cadeia ou no cemitério. Ele pode escolher a igreja. Tá salvo! Não vai ser morto. Ou na cadeia, para ficar lá guardado igual bicho.


Francisco - A igreja vai ter uma participação efetiva no seu governo?

José - Ah, sem dúvida. Todas as igrejas. Vai ser feita uma votação para a Secretaria do Bem-estar Social. Eu vou botar em votação entre todas as igrejas de Blumenau, aquelas que praticam Jesus e Deus. As outras, não.


Clóvis - Seu José, e habitação? O senhor que é um especialista...

José - Maravilha! Eu não posso admitir que o filho de Deus possa morar num lugar onde a qualquer momento ele pode morrer. Pendurados, a qualquer momento podem ser engolidos igual a ratos. Serão edificados condomínios com creche, escola e cooperativa de trabalho.


Francisco - Onde? Nos mesmos locais?

José - Não, vou tirar daquele lugar, daquela pirambeira, daquela coisa horrorosa.


Francisco - O senhor tem idéia de quantas pessoas moram hoje em favelas?

José - Olha, é bastante. Eu vou contratar assistentes sociais para levantar, junto às comunidades carentes que foram fabricadas. Esses carentes foram fabricados. Então eu vou acabar com a fábrica de pobre em Blumenau. Como? Eles dão a pirambeira e pegam uma casinha de material, terreno plano, com toda a infra-estrutura. Aí lá eu coloco ônibus, coloco a cooperativa de produção para os desempregados. Eu vou organizar os desorganizados.


Clóvis - Quem é o líder político que o senhor admira, que serve de modelo?

José - Abraham Lincon, o americano. Tem aquela frase famosa que diz assim: "vocês conseguem enganar alguns por muito tempo e não todos por todos os tempos". O outro líder que eu admiro é o Lula, nosso presidente. Não é do meu partido, mas eu admiro o Lula.


Maicon - Candidato, excetuando a Bíblia, qual é o livro que o senhor leu que o senhor indicaria?

José - Davi, página 392, capítulo 18.


Giovana - Mas fora a Bíblia.

José - Olha, eu li James William. Eu recomendaria. Porque nós somos aquilo que pensamos, então temos que pensar coisas boas para poder transmitir coisas boas.


Clóvis - O que diz essa passagem da Bíblia que o senhor ia citar?

José - Diz assim: ele estava no deserto, e nesse deserto ele enfrentou um exército contra ele, que aqui está sendo contra mim, hoje. Quem é esse exército?


Clóvis - Nós aqui, não, né? (risos)

José - Não. Eu farei como fez Davi, desde que seja a vontade do Homem. Se nós pensarmos coisa boa, lógico que vai acontecer coisa boa.

 

JORNAL DE SANTA CATARINA

 

Artur Moser / 

José Ouriques disse que recebeu recados divinos para concorrer à prefeitura

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