Divergências entre os ministros sobre a participação na campanha eleitoral fora de seus estados de origem levaram o governo a adiar para a próxima semana as regras sobre a conduta a ser adotada no processo eleitoral, um dos temas da reunião ministerial realizada ontem pelo presidente Lula.

Apesar do adiamento, decidido pelo presidente Lula, o advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, em longa exposição sobre as restrições da lei eleitoral, fez uma série de recomendações aos ministros. Toffoli alertou que os juízes costumam fazer interpretações próprias da legislação eleitoral.

– O juiz poderá entender que houve uso da máquina pública na campanha – alertou.

A divergência ocorreu, segundo o ministro de Relações Institucionais, diante da sua proposta para que os ministros não subissem em palanque fora dos seus estados, restringindo sua participação aos estados de origem. José Múcio não quer nem que os ministros participem de gravações para candidatos de outros estados.

– Fui voto vencido – disse.

Ministros de efetiva militância política ou que atuam como dirigentes partidários contra-argumentaram, de acordo com Múcio, que precisam apoiar candidatos de suas legendas em outros estados. Integram este grupo os ministros Márcio Fortes (Cidades), Orlando Silva (Esportes), Tarso Genro (Justiça), Edison Lobão (Minas e Energia), Alfredo Nascimento (Transportes) e Geddel Vieira Lima (Integração Nacional).

Diante da divergência, o presidente da República marcou para a próxima semana nova reunião, apenas com os ministros de militância política, que deverão receber de Toffoli uma cartilha com as recomendações sobre como se comportar nas eleições.

José Múcio disse temer que as disputas municipais provoquem rachas na base aliada do governo. Confirmou que o presidente Lula não fará campanha nos municípios.