A disputa pela prefeitura de Tramandaí terá novos desdobramentos no momento em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidir sobre a validade da candidatura do ex-prefeito Eloi Braz Sessim (PRB).

O suspense quanto à participação de Sessim no pleito vem desde julho, quando a Justiça Eleitoral impugnou a candidatura do ex-prefeito. Sessim, que já comandou duas vezes o Executivo e também administrou Cidreira, recorreu ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que negou o pedido em agosto.

Buscando romper com um passado de processos judiciais, Sessim, 59 anos, fez nova tentativa junto ao TSE, que pode se pronunciar ainda esta semana. O candidato segue nas ruas, defendendo a construção de um hospital municipal e garantindo não ter pendências com a Justiça:

— Estou rigorosamente na lei.

Se o TSE não julgar o recurso antes do dia 25, Tramandaí pode assistir à repetição de um episódio de 2004. Naquele ano, Sessim também teve a candidatura rejeitada, mas acabou aparecendo na urna eletrônica.

O antigo prefeito tem simpatizantes, especialmente entre os mais humildes dos quase 30 mil eleitores de Tramandaí. Na Vila São Francisco II, por exemplo, há quem lembre de gestões anteriores de Sessim (de 1979 a 1983 e entre 1986 e 1988) nas quais havia distribuição de leite e de material escolar.

— O baixinho ajudou muito o povo — diz o servente de obra desempregado Carlos Antônio Medeiros, 42 anos.

O comerciante Remildo Nunes, 46, discorda. Para ele, um candidato carregado de suspeitas não deveria ser eleito para gerir o dinheiro de todos.

O voto dos eleitores de Tramandaí é disputado também por outros três candidatos. Um é o vice-prefeito Anderson Hoffmeister (PP), 50 anos, à frente de uma coligação que inclui siglas PT, PC do B e PMDB, partido do atual prefeito, Edegar Rapach. Três vezes vereador, Hoffmeister aposta nessa costura política para garantir apoio a propostas como a criação de um novo pronto-socorro no Centro e de escolas de turno integral.

Faz oposição a ele o pedetista Helio de Camillis, que acusa a gestão atual de corrupção e perdeu em abril o mandato de vereador ao deixar o PMDB. Bacharel em direito e ex-funcionário da CEEE, Camillis, 68 anos, quer gerar empregos regulares para manter a renda do município estável nos meses de baixa temporada.

Se os cartazes de Camillis e Hoffmeister aparecem em maior número no Centro, é menos visível a propaganda da quarta candidata, Maria Aparecida Finger (PTB), 60 anos. Presidente da seção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), ela financia sua primeira campanha com recursos próprios: instalou o comitê em casa e imprimiu santinhos reforçados pela foto do senador Sérgio Zambiasi. Maria Aparecida propõe, por exemplo, o estímulo a pequenas indústrias e a exploração turística das lagoas locais.

Resta saber quem os tramandaienses vão escolher.

“Sou um homem tranqüilo”
Entrevista: Eloi Braz Sessim, ex-prefeito de Tramandaí e de Cidreira

Mesmo sem ter a candidatura garantida, o ex-prefeito Eloi Braz Sessim mantém a campanha na rua. Montou um comitê no centro de Tramandaí para organizar a divulgação de suas propostas. Foi lá que ele falou a Zero Hora sobre os problemas que cercam sua chapa:

Zero Hora — O que o senhor percebe na receptividade dos eleitores?

Eloi Braz Sessim — Estou esperançoso. A expectativa é boa. Estou fazendo o trabalho, propondo um plano de governo, colocando em evidência esse plano e levando-o à consideração da população.

ZH — O senhor tem algum indicativo da preferência dos eleitores?

Sessim — Indicativo a gente não tem, porque não faço pesquisa. A pesquisa é o trabalho, e aí o trabalho a gente faz. Estou esperançoso.

ZH — O senhor já teve julgamentos. Qual é a sua situação?

Sessim – Normal. Sem problemas. Não tem nenhum óbice que me impeça de ser candidato.

ZH — Como esse suspense da Justiça Eleitoral repercute entre as pessoas?

Sessim — Elas ficam aguardando. Tudo é um processo que vai se desenrolar. Um dia vai terminar. Sinto a firmeza da manifestação da vontade de todos. A gente tem uma receptividade boa. A dúvida, claro, tem de ser tirada.

ZH — Todas as questões envolvendo a Justiça comum estão bem?

Sessim — Sim, tranqüilo. Sou um homem tranqüilo, sem problema. Os meus direitos eleitorais estão quitados, tudo certo, com título eleitoral e tudo. Estou rigorosamente na lei. Se houvesse problema, nem título eleitoral eu teria.

ZH — Mas então por que a Justiça Eleitoral decidiu em primeira e segunda instância pela anulação de sua candidatura?

Sessim — Porque respondi a processos no passado, aí entenderam assim. Mas por quê? Sou um cidadão terminal? Porque aconteceu um fato comigo não pode acontecer mais nada? Não tem nada a ver. Eu tenho meus direitos. Estou legal e constituído.